Prólogo 

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O elevador pareceu menor quando uma mulher entrou com um carrinho de bebê, o bebê agitava as mãozinhas segurando um brinquedo que fazia  um barulhinho, enquanto balbuciava

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O elevador pareceu menor quando uma mulher entrou com um carrinho de bebê, o bebê agitava as mãozinhas segurando um brinquedo que fazia  um barulhinho, enquanto balbuciava. Eu não conseguia olhar para o garotinho, me espremi no canto do elevador torcendo para ninguém mais entrar, assim fazer chegar mais rápido. E quando as portas se abriram consegui sair, voltei respirar normalmente.

Naomi está a minha espera no carro, parada de frente ao prédio que moro.

— Que cara é essa? Parece que acabou de ver o próprio diabo.

Fechei os olhos ao encostar a cabeça no encosto do banco.

— Eu já te falei alguma vez que não consigo ficar muito tempo no mesmo lugar em que... — minha voz falhou, engoli em seco. — Tinha um bebê no elevador.

— Sozinho?

— Claro que não. Quem seria o louco de deixar uma criança sozinha em um elevador? — ela deu de ombros.

— Acredito que uma vez você disse, na verdade, eu estava lá com você, quando teve uma crise de pânico no shopping,  a criança começou chorar e a mãe não conseguia fazê-la  calar a boca.

— Eu só não consigo controlar.

— Eu sei. Sinto muito por isso, amiga.

— Não sinta. Não é sua culpa.

Quatro anos se passaram e eu não consigo nem ouvir  o choro de uma criança, sem lembrar, sem voltar lá no pior dia da minha vida.

— Sei que já falamos sobre isso, mas me fala de novo por que está me levando nessa festa? — deu partida no carro.

Não é exatamente uma festa, meu irmão vai finalmente apresentar a namorada dele para família, para toda a família, primos, avós, tios, tias, e assim se segue. Naomi praticamente implorou para não ir, "acredito que vou morrer se eu ver a felicidade dele" palavras dela, não minhas.

— E o seu namoro?

— Acha mesmo que com essa coisa que sinto pelo seu irmão, algum dia vai me deixar ser feliz?

A entendo completamente.

— É minha vez de dizer que sinto muito. — ela riu, rimos.

— Talvez ele apareça. — suspirei fechando os olhos — A família de vocês, ainda são próximas não?  — parou no sinal vermelho.

— De uma forma distante e estranha.

— Eu acho...

— Talvez podemos ir a outro lugar. Nós duas. — sugerir.

— Como? Olha o tanto que me arrumei. Julga que perderei uma boa oportunidade de passar na cara dele a mulher foda que sou, de quebra pegar um primo gostoso? — foi impossível não rir.

— Na, você não existe.

— Já estamos a caminho, Stella! — ficamos em silêncio por um tempo, Naomi parou o carro no encostamento, virou-se para mim — Você me convenceu a vir mesmo eu dizendo, não. Disse para eu enfrentar isso. Ok, até aí tudo bem. Na mera menção do Chris, que provavelmente aparecerá? Você já está desistindo de você mesma a anos, por alguém que foi embora. Ele foi embora sem se despedir de você, ele foi embora sem nem terminar, nenhum recado ou mensagem, merda nenhuma! Se um dia, ele voltar a parecer e você quiser... quem sabe insistir, não vou te julgar, vou passar na sua cara o quanto ele te fez sofrer, mas certeza estarei do seu lado. Mas faz uma coisa, vive. Não se encolhe dentro de si. Stella, você só sai para fora de si, quando é para personificar sua mãe.

Sei de tudo isso, e ficava repetindo isso, mas é tão difícil fazer além de falar. De acreditar que eu consigo me reerguer. Toda vez que tento... meu coração tentava escapar do peito e me deixa no chão de novo.

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Amor com culpa (concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora