𝗲𝘅𝘁𝗿𝗮; bad ideas great actions.

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A rua da casa de Sugawara era calma e arejada.

Quando vi Yamaguchi andando na direção do carro, estacionei na hora. Abri a porta rápido e fechei do mesmo modo. No momento em que ele me viu, apertou o passo até que estivesse correndo — e fiz igual até que meus braços estivessem abraçando sua cintura.

Foi como se eu finalmente pudesse respirar. Foi a certeza que fiz a coisa certa. Foi um instante de alívio que eu sabia que não iria se encerrar tão rápido.

— Senti sua falta — ele falou, me apertando ainda mais.

— Eu também, eu também, mas... — dei uma leve pausa somente para poder inalar o cheiro de Yamaguchi; uma mistura de morangos com a sensação de que estou em casa —, agora está tudo bem. — Ele balançou a cabeça para cima e para baixo em meu ombro. Mas então, me separei um pouco para poder olhar em seus olhos e dizer o que mais queria falar desde que saí da agência: — Me desculpa... eu nunca mais vou te decepcionar. Eu juro.

— Eu acredito em você — ele sorriu, segurou minhas bochechas e deixou um selinho rápido em meus lábios.

Olhando para ele, percebi mais uma vez que não o mereço. Ele é bom demais para mim. Sua voz calma e doce, seu rosto marcado por inúmeras estrelas, suas ações perfeitamente morais... É demais. As vezes me pergunto o que ele viu em mim? Eu sou tão idiota, tão estúpido, tão...

— Eu te amo, Tsukki — foi como sentir a ansiedade se dissipando, como se ele tivesse lido minha mente.

— E-eu também te amo — falei, fazendo o máximo para olha-lo nos olhos.

Quando senti os pingos de chuva batendo na minha derme, não quis correr para o carro.

Quando meu cabelo e minhas roupas começaram a ficar encharcadas, eu não quis parar de olhar seus olhos.

Quando ele me beijou, foi como se nada mais existisse ou importasse. Somente ele e seus lábios e suas mãos e ele...

Subitamente, tínhamos dezessete anos novamente. Eu segurava a mão de Yamaguchi e corríamos em direção a sua casa. Fugíamos da chuva naquele dia, mas eu pouco me importava com ela, só queria sentir o calor da sua palma na minha, contrastando com o frio da noite. Queria que ele soubesse, naquele momento, como ele era importante para mim — mesmo que eu ficasse resfriado no outro dia.

Portanto, me afastei dele agora, somente para segurar sua mão e observa-las juntas. Sempre tive a impressão que se encaixavam perfeitamente — como se fossem feitas para estarem unidas. Os pingos de chuva caiam nelas, faziam nossas peles brilharem. Segui meu olhar das nossas mãos até seu braço, até seu pescoço e, mais uma vez, seu rosto.

— Acho melhor irmos — ele disse e eu assenti.

Yamaguchi e eu não somos imprudentes, muito menos agimos por impulso.

Porém, ao passamos minutos ali, embaixo da chuva, nos beijando com nossas bocas deslizando uma na outra e molhadas pela água, algo em meu estômago (e talvez um pouco abaixo dele) despertou.

Eu tive que me segurar quando ele fechou a porta do carro. E eu iria me segurar se ele não se sentisse do mesmo jeito.

— Vamos para casa — ele falou. Eu entendi que era para meu apartamento que deveria ir e, somente pelo timbre da voz, o que iríamos fazer. Minhas mãos tremeram enquanto trocava a marcha. Pouco me importei com nossas roupas molhando os bancos.

Acelerei. E por toda a estrada, senti seus olhos em mim. Ele estava sentado de costas para a porta, de modo que todo seu dorso estivesse virado para minha direção. Ele sorria olhando para meu rosto de perfil. Não trocamos uma palavra se quer.

rain drops; tsukiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora