𝗲𝘅𝘁𝗿𝗮; I missed you.

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Dirigia até a maldita festa apertando tanto o volante que as pontas dos meus dedos esbranquiçaram, suspirei e bati minha cabeça no encosto de couro.

Eu sou um completo idiota. Sempre ferro com tudo.

Lembrava das palavras amargas de Yamaguchi, de como sua voz falhava e a frustração que envolvia sua fala ao me dizer que precisávamos dar um tempo. Eu não queria isso, não acho que é o que ele queria também — e se eu apenas tivesse tomado alguma atitude, não estaria nessa situação. Em minha cabeça repassava tudo que eu deveria ter dito e não falei, o que eu deveria fazer e não fiz, era tortura.

Esperei um pouco antes de sair do carro — estava tomando coragem. Não gosto, mesmo, desses eventos. Festas com pessoas que não conheço, com a obrigação de conversar com elas e tomar notas mentais. Fico nauseado apenas em imaginar.

Inspirei, expirei, então abri a porta do carro.

Olhei para a casa por uns bons segundos, apenas deixando a informação se assentar. Entrei rumando para longe da multidão, acenei para algumas pessoas e me encostei em uma parede ao lado da escadaria, apenas observando conversas fluindo.

Não estava em um bom humor pra isso, sempre fui inibido, e não havia alguma poção mágica que poderia me fazer socializar com tantos desconhecidos. Admito que era um tanto imbecil, mas minha mente estava focada em somente duas coisas: Yamaguchi, e em como me sentia deslocado ali.

Por um momento desejei estar só com a galera do Karasuno, em uma pequeno partida enquanto assistia uma briga irrelevante desenrolar. Sentia falta de ser jovem, de não ter tantas obrigações ou ser sufocado por o trabalho — eu gostava de vôlei, mas transformar minha paixão em uma obrigação não foi uma ideia tão boa quanto parecia. Meu interesse sumia, e, com ele, meu tempo.

Talvez eu não deveria ter pego o primeiro copo que vi quando passaram por mim oferecendo champagne — e talvez não deveria ter bebido tão rapidamente. Deveria ter parado no segundo copo e não ter feito papel de bobo, porém, me ocupar com aquele líquido me ajudou a esquecer momentaneamente dessas preocupações — de repente, Yamaguchi não estava mais na minha cabeça, e eu não sentia mais que todos os olhos naquela festa estavam direcionados a mim. A partir desse momento, minha visão ficava turva e minha mente bagunçada.

Nunca tive bons momentos com bebidas. Lembro muito bem da primeira vez que ingeri: foi na festa de ano novo da província, tive uma dor de cabeça horrenda no outro dia, mas o pior não foi isso e sim ver um vídeo meu dançando em cima de uma das mesas em diversas redes sociais — apesar de já ter passado um bom tempo, meus amigos adoram me lembrar.

Eu cambaleava e batia nas pessoas. Dava um sorriso e me desculpava com elas — não tive tempo para analisar suas reações mas tenho certeza que ver um jogador reconhecido bêbado não passe boas impressões. E tenho mais certeza ainda que um jogador gritando a plenos pulmões o quanto odeia estar aqui também.

Eu estava perto do jardim, ele era tão verde. O sol reluzia as inúmeras flores, elas giravam e giravam. Eu podia ouvir o som da música tocando dentro da casa, mas eu não queria dançar, queria dormir.

Foi quando tudo ficou escuro que senti o impacto da grama batendo no meu rosto. Acho que finalmente adormeci.

— Tsukishima, ei, acorda. — Alguém balançou meus ombros. Empurrei os braços daquela pessoa, irritado por ter ela ter me despertado. Mas ela insistia, segurou meus ombros com força suficiente para me sentar. — Tsukishima!

— O que é?! — praticamente gritei, arregalando os olhos que insistiam em se fechar. Meu irmão estava aqui, meu agente também, claramente com raiva.

rain drops; tsukiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora