Quatro

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Você observava calmamente a movimentação das ruas pela janela enquanto se sentava no sofá enquanto tomava chá.Via as pessoas andando calmamente com seus filhos e família pelas ruas escuras do subterrâneo.As vezes se questionava de como seria sua vida se não morasse no subterrâneo-Minha vida séria diferente?Minha mãe não seria cruelmente assasinada e meu pai não me venderia pra homens estranhos em troca de meras moedas?Enquanto esses pensamentos passavam por sua cabeça, se lembrava, que se nascesse na superfície, talvez nunca teria conhecido Levi, Farlan e Isabel, foram eles que você pode ter um pouco de felicidade depois de tanto sofrimento.Ficou tão inerte que nem percebeu Levi chegar e sentar ao
seu lado no sofá.

-O que tanto olha?-perguntou o moreno.

-Apenas vendo as pessoas caminhando, as vezes eu gosto de observar as coisas-deu de ombros ainda não tirando os olhos da janela.Sentiu a mão de Levi pegar a xícara de sua mão e levar a boca-Ei!É meu chá.Seu assanhado.

Levi apenas te encarou e revirou os olhos, colocando a xícara na mesa.Ficaram em silêncio, apenas aproveitando a presença um do outro.

-Levi, o que você faria se morasse na superfície?- perguntou.Viu ele remexer no sofá e te encarar com aquelas lindas orbes acinzentadas.

-Acho que...abriria uma loja de chá.Viveria uma vida simples e pacífica.E você, o que faria?

Você demora um pouso para responder a pergunta, lembrando do sonho que tinha em mente quando sua mãe ainda era viva.

-Quando eu era mais nova, minha mãe dizia que um dia eu seria uma excelente médica da superfície, que teria uma carreira brilhante.Acabei pegando isso como um sonho meu, e levei comigo durante um tempo...Até que minha mãe morreu e eu parei de acreditar nessas coisas.Bom, até vocês me dizerem que vamos poder ir pra superfície.Isso mudou algumas concepções minhas.

-Agora você acredita que pode ser médica?

-Acho que sim, e você acha que pode ser dono de uma loja de chá?

Ele pega a xícara que estava na mesa momentos antes e leva aos lábios, tomando o líquido que continha nela.Logo, Levi olha pra você.Podia jurar que os olhos dele brilhavam.

-Acho que sim.

[...]

Os dias se passaram e eles partiam para mais um roubo, eles botavam o apelho DMT na cintura-que haviam roubado da policia militar.O dia de hoje amanheceu estranho, você teve uma breve sensação de que algo iria acontecer, mas decidiu colocar os pensamentos de lado e desejar boa sorte a eles, melhor do que ficar alimentando as paranóias que cultivava na cabeça.Eles estvam saindo quando você os parou dizendo que tinha uma coisa pra eles.Você tira de um potinho 4 pulseiras idênticas de couro.

-São pra vocês lembrarem que somos mais do que amigos, somos uma família e que iremos passar por tudo juntos.

-Se você chorar, eu também choro-diz Isabel te abraçando.Sempre tão emocional.-Estaremos juntos, não importa o que aconteça, não é mano Levi?

-Sim, estaremos.

[...]

Horas se passaram e nada deles chegarem, você estava preocupada, pegou uma capa e saiu rua à fora para procurar eles.Você procura por cada canto e não encontrou um fio de cabelo deles, as pessoas que os viram disseram que eles estavam voando com o aparelho DMT e sumiram nas esquinas do Subterrâneo.E se eles foram pegos pela policia militar?Ou outros bandidos apareceram?Sabia que eles não iriam embora, desaparecer do nada, como fantasmas.Você senta no parapeito da calçada e chora; chora até não aguentar mais.Chora até os seus pulmões doerem e sua cabeça arder, sentia sua visão ficar cada vez mais turva e nebulosa; se sentou no chão de um beco e tentou contolar a sua respiração, a sua mente.Tentava colocar os pensamentos em ordem, poderia estar sendo muito precipitada.Eles deveriam estar em algum lugar, eles não iriam desaparecer.

Você volta para casa, entrando naquele cômodo frio cortante.Antes mal notava que aquele lugar era gelado, mas agora sem a presença deles, muita coisa mudou.
Deitou-se no sofá velho e fechou os olhos, tentando acalmar a mente.

Eles vão voltar, você pensa.
Eles estão por aí, perdidos, sem poder voltar pra casa.
Eles não me abandonaram.

O fio de esperança, que antes segurava com tanta força se partiu, e você caiu novamente.

Naquele poço de escuridão.
Sentiu, de novo, toda a alegria indo embora.
E novamente o vazio te assombrou.

𝑩𝑼𝑻𝑻𝑬𝑹𝑭𝑳𝒀, levi ackermanOnde histórias criam vida. Descubra agora