"[...] Alguns dias são preciosos. Não muitos, mas acho que em quase toda vida há alguns. Aquele foi um dos meus, e, quando estou triste, quando a vida me dá uma rasteira e tudo parece ruim e sem graça, como a Joyland Avenue em um dia chuvoso, eu volto a ele, ao menos para lembrar a mim mesmo que a vida nem sempre arranca nosso couro. Às vezes, ela oferece verdadeiros prêmios. Às vezes, são precisos." – Stephen King.
Alison estava relendo um trecho de Joyland pela quinta vez para mim. Chegava a ser fofo como aquilo realmente havia mexido com ela. Todos os meses, nós escolhemos algum livro na biblioteca e ela lê enquanto eu apenas a escuto e acaricio os seus cabelos. Fazemos isso praticamente todos os dias desde os nossos 12 anos – atualmente temos 15.
Nos conhecemos justamente quando tínhamos essa idade, porém em uma situação um tanto constrangedora para mim e engraçada para Ali. Depois disso nos tornamos o que alguns gostam de chamar de inseparáveis. Não sei se este seria o termo correto, mas sei que eu sempre estive lá por ela assim como ela esteve por mim. De certa forma, acho que era coisa do universo nós nos juntarmos em algum momento de nossas vidas.
Não sou muito supersticiosa, mas acho que nesse caso realmente foi isso. A amizade que construímos e alimentamos até hoje muitos desejam ter. Na realidade, atualmente, eu já nem sei mais do que denominar. Minha família diz que já somos como irmãs; a família dela, apesar de não gostar muito de mim, diz que somos amigas inseparáveis; nossos amigos dizem que somos praticamente um casal, porém sem a parte do beijo, claro. Enfim, a única certeza que tenho é que somos fiéis uma à outra e não nos importamos muito com estes rótulos.
– Você conseguiu sentir este trecho? – Ali pergunta com lágrimas nos olhos.
– Claro! – respondo, tentando forçar o máximo de emoção possível.
– Nossa... Incrível como você consegue ser bastante insensível quando quer. – A garota se levanta e enxuga suas lágrimas. – Eu li 10 vezes o mesmo trecho e tudo que você tem a dizer é "claro" e abaixar esses olhinhos como se estivesse extremamente triste? Francamente Emily, você já foi melhor...
– É que eu senti da primeira vez que você leu, as outras nove eu só senti sono mesmo. – Digo e observo sua expressão se fechar ainda mais.
– Você é ridícula! – Alison se levanta rapidamente e me ajuda a fazer o mesmo. – Vamos ao banheiro comigo. Eu não quero sair durante a aula de novo.
Nosso intervalo é quase sempre assim. Existe um espaço atrás das arquibancadas que raramente está ocupado – exceto quando pessoas estão se pegando –, então escolhemos ele como nosso. Com isso, sempre descemos pra cá após comermos no refeitório, eu me sento e ela se deita com a cabeça escorada nas minhas pernas, ela lê e eu faço carinho nela. Tem 3 anos que é assim e só vai mudar quando trocarmos a escola pela faculdade.
Alison não é uma garota que passa despercebida – ao menos não por mim. Ela tem 1m60cm, tem cabelos pretos lisos e na altura dos ombros, tem olhos de coloração cinza, os lábios avantajados e o corpo magricelo. O nariz dela é um pouco grande, mas estranhamente combina com ela. Diferente de outras garotas, ela se destaca por conta dos seus olhos e do seu senso de humor. Isso significa que ela é uma pessoa engraçada? Não mesmo, mas ela tem seus momentos e até quando ela está sendo grosseira, acaba soando um pouco engraçado por conta do seu tamanho.
Seu signo é capricórnio, sua artista favorita é Demi Lovato mas sua música favorita é Salvame – RBD, seu gênero de livro favorito é fantasia mas o seu livro favorito é Se eu ficar. Ela era a Mia Colucci em RBD e a Docinho em As Meninas Superpoderosas, e nem ouse dizer que isso não faz sentido ou passará longas horas discutindo sobre com ela.
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Imagine eu e você
RomanceEmily sempre foi a garota de seus pais. Inteligente, estudiosa, educada e cegamente religiosa, a menina se deixou acreditar em tudo que escutava de seus pais e da Igreja, e parecia ser feliz desta maneira. Entretanto, na adolescência, a jovem se apa...