CAPÍTULO 05 - Quem eu sou?

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Todos os dias quando acordo me questiono quem eu sou e o que eu quero. Fiz 17 anos na semana passada, já estou no último ano da escola e ainda não faço ideia de como irei seguir quando o colégio acabar.

Tenho conversado com Max sobre e ele acha normal eu ter dúvidas quanto ao que eu quero fazer. Ele demorou um ano para descobrir que fez a escolha certa, segundo ele, então seu conselho foi para que eu não me apresse, mas essa não parece ser uma boa recomendação quando olho a minha volta e, com isso, quero dizer quando observo meus amigos.

Jack está decidido desde os 15 anos que quer ser fotógrafo e ele realmente tem o dom para isso. Aliás, ele sempre fica encarregado de tirar fotos das meninas em qualquer lugar que vamos. Seu pai deu uma câmera para ele assim que o garoto contou sobre o seu sonho e, claro, ele tem o melhor celular para isso também. Desde então, Jack só tem melhorado na fotografia e já até fotografa festas infantis como freelancer – e alguns eventos da escola também.

Lilian quer ser médica. Ela já explicou várias vezes o porquê de ter escolhido essa profissão, mas eu não consegui entender direito porque ela começou com: "Eu sonhei que...", e depois disso parece que a explicação foi só piorando. Porém, é claro que todo o grupo a apoia – a verdade é que apoiaríamos mesmo se fosse uma péssima escolha como, por exemplo, quando ela cismou que queria explorar a natureza mesmo não conseguindo ficar um dia sequer sem seu celular e outras futilidades do tipo.

Spencer quer ser jornalista. Ela é a mais ligada nas notícias de nós e acompanha tudo que acontece – ou quase tudo. Segundo ela, a arte de mostrar para a população o que está acontecendo em determinado lugar mesmo não estando nele é algo que a impressiona. Ela deseja iniciar como repórter e um dia se tornar âncora de algum jornal grande, mas também disse que poderia atuar em outras áreas desde que no fim ela alcance o seu objetivo.

Alison já pensou em ser várias coisas, mas nos últimos dois anos tem batido na tecla de que será escritora. A meu ver, essa profissão combina muito com ela. Ali é criativa, tem todo um mundo em sua mente, e seria um desperdício não aproveitar isso. É claro que os pais dela não apoiam 100%, acham que ela deve escolher uma profissão mais "segura", mas ela está disposta a se inscrever nas faculdades de literatura e tentar uma bolsa para tal.

Eu não faço ideia do que quero ser. E acho que isso tem ligação direta com o fato de eu não saber quem sou. Quando criança eu sonhava em ser veterinária, astronauta e até mesmo médica. Uns anos se passaram e eu comecei a querer ser o que o personagem que eu estava obcecada na época era; por exemplo, se o personagem era advogado, eu queria ser também. Atualmente eu simplesmente não sei.

Jack e as meninas falam sobre alguns dons que tenho como, por exemplo, o desenho. Segundo eles, eu desenho muito bem, consigo criar todo um mundo em forma de ilustração se você quiser e acho que seria muito feliz fazendo isso, mas não me sinto segura o suficiente para ir adiante. Várias perguntas rondam a minha cabeça quando penso nisso tal como e se eu não for boa o suficiente? E se houverem pessoas melhores do que eu? E se der errado? Eu teria que voltar para a estaca 0, certo? Não me parece nada seguro.

Uma professora minha, a senhora Mendez, constantemente me apresenta faculdades que eu poderia me inscrever e que têm um ótimo programa de artes. Mas, como eu disse, não me parece seguro então eu nunca cheguei a olhar. Sou de uma família muito metódica e fui criada, de certa forma, assim. Sei que talvez isso possa ser errado, mas eu não consigo aceitar este "talento" sabendo que ele pode dar em nada e eu seguir morando com os meus pais enquanto meu irmão faz sucesso sendo engenheiro. Por isso a questão da segurança.

Alison me apoia mais do que deveria em relação ao desenho, assim como Jack, Lilian e Spencer. Já os meus pais acham ótimo eu ter um hobby e é sobre isso que estou falando: a profissão não passa segurança o suficiente, ou seja, meus pais não veem como algo sério, assim como outras pessoas. Claro que nunca nem cheguei a comentar com eles sobre a possibilidade de estudar artes ou, quem sabe, design gráfico, e prefiro manter desta forma, ao menos por enquanto.

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