Uma coisa que percebi recentemente é que no fundo eu sempre gostei das provocações da Alison. É claro que eu sempre as cortei e as evitei ao máximo que pude, mas sempre existia aquela parte do meu corpo que ficava em êxtase pelo que Ali estava falando ou fazendo. Um simples toque dela na minha coxa ou na minha cintura fazia com que eu sentisse aquele frio na espinha. As besteiras e cantadas que ela soltava, no meu ouvido ou não, fazia com que todo o meu corpo se arrepiasse. Sentir isso agora de uma forma livre e sem peso na consciência é uma das melhores sensações.
Desde antes Alison costumava me elogiar no sexo, usar termos como gostosa ou linda, falar que me ama e outras coisas românticas. Eu nunca a respondia ou entrava na mesma pilha que ela estava e eu não sei como ela reagia a isso ou como ela se sentia por causa disso, mas sei que nos divertimos muito mais agora. A verdade é que quando nos reencontramos no natal isso já havia começado a mudar, eu estava mais aberta a sentir tudo que aquele momento propunha, mas depois da minha viagem para Espanha eu estou ainda mais confortável com meu corpo e com o sexo e Ali consegue perceber isso.
É gostoso observar como ela fica quando eu a seguro pelos braços ou impeço que ela me beije ou me toque. Agora todas as provocações que ela me faz, eu a devolvo na mesma moeda e com isso a gente tem se curtido mais. E é claro que não ficamos só no quarto transando igual da última vez.
Ela finalmente andou na London Eye pois não, da última vez não deu tempo de levá-la de novo. Também fomos ao cinema e ao parque, passamos no loft para que ela visitasse Christian e até mesmo o levamos para jantar. Ficamos o sábado inteiro na rua praticamente e quando chegamos, tomamos o mais demorado banho juntas e ela brincou com cada centímetro do meu corpo, por assim dizer.
Agora, deitada na cama, a observo. Ali está de olhos fechados, deitada de lado para mim. Apenas a luz do abajur do seu lado está iluminando o quarto. Seu rosto parece tão calmo, como se ela não tivesse problema algum e estivesse atingido o ápice de sua paz. A cada toque meu o seu corpo reage e vez ou outra observo ela esboçar um sorriso tímido e ao mesmo tempo tranquilo.
– Como você é linda. – Deixo escapar um dos meus mais sinceros elogios e a observo abrir os olhos enquanto esboça um de seus melhores sorrisos. – Eu poderia congelar o tempo agora e ficar para sempre te olhando.
– E qual seria a graça disso? – Ela pergunta, se aproximando e deixando nossos lábios a centímetros de distância. – Eu prefiro te beijar.
Até o beijo de Alison parecia ser o melhor do mundo, como se ela pudesse ganhar um prêmio nível Oscar por isso. Eu sei que não beijei muitas bocas e consequentemente não tenho muito com quem comparar, mas eu sinto no meu coração que eu não mudaria minha opinião mesmo se tivesse feito tudo isso. E eu também sei que a paixão as vezes pode nos cegar, nos deixar bobos, mas sinceramente? Que ela me deixe boba então.
– Eu prefiro viver tudo que posso ao seu lado. – Digo, entre um beijo e outro. – As coisas nunca foram fáceis com você, mas elas sempre pareceram certas até mesmo quando eu achava tudo errado, faz sentido?
– Não. – Ela sorri, escorando seu rosto na sua mão e me encarando com os olhos brilhando. – Mas eu também não acho que precise fazer.
– Eu ainda não sei se conseguiria contar para os meus pais sobre nós, sobre mim... – Digo e observo sua feição se fechar, mas não como quem está com raiva, apenas como quem está prestando atenção. – Mas estamos tão distantes deles que eu não vejo mais como isso impediria de ficarmos juntas. Tanto Londres como Nova York nos trouxeram novas oportunidades de vida. É como se pudéssemos realmente viver agora, porque o que nos adoecia ficou para trás.
– Eu não me sinto assim, Em. – Ela disse, encarando o fundo dos meus olhos. – Eu me sinto como se o que me adoecesse estivesse sempre comigo, como se fosse eu mesma, e não importa onde eu esteja, eu sempre vou estar presa a isso, ao meu passado, as minhas origens.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Imagine eu e você
RomanceEmily sempre foi a garota de seus pais. Inteligente, estudiosa, educada e cegamente religiosa, a menina se deixou acreditar em tudo que escutava de seus pais e da Igreja, e parecia ser feliz desta maneira. Entretanto, na adolescência, a jovem se apa...