Capítulo 18 - Segredos

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Aconteceu de novo. Aconteceu mais vezes do que eu sequer poderia imaginar. Aconteceu na minha cama, no meu banheiro, em todos os espaços que o quarto de motel tinha e até mesmo em um banheiro de uma boate. Parecíamos duas adolescentes que acabaram de descobrir o que é sexo e literalmente qualquer olhar já era o suficiente para procurarmos um lugar.

Passamos os últimos três dias transando. Foram tantas vezes seguidas que tenho a sensação de que já fizemos mais vezes do que quando estávamos nos relacionando na adolescência. Sem muito drama, peso na consciência ou qualquer coisa do tipo. Apenas olhares, beijos e sexo.

Não existia mais aquela ideia de deixar Nathan para estar comigo; até porque agora eu entendia que ela nunca realmente cogitou fazer isso por medo do seu pai. Talvez seu erro comigo sempre foi esse. Não ter me contado que seu pai queria que ela ficasse com o Nathan e faria o que fosse preciso para isso acontecer. Não sei se ela sempre soube disso ou só percebeu mais para o final da nossa relação, mas de qualquer forma não importa mais.

As coisas passaram. Nós crescemos. Estamos em países diferentes e com vidas diferentes. É extremamente errado ela trair Nathan, mas eu também não sei se seria certo ela somente aceitar a vida que escolheram para ela e não fazer o que ela realmente quer por precisar do dinheiro. É complicado e eu não vou ser mais a pessoa que vai julgar.

– Você precisa provar isso. – Ela me entrega uma taça de champanhe. Assim que experimento, sinto vontade de cuspir todo o líquido, mas não faço por pura educação. – É horrível, né?!

– Por que você me deu se sabia que era ruim? – Pergunto, um pouco nervosa.

– Se eu te contasse você não teria a experiência. – Ela disse, deixando a taça de lado e vindo deitar comigo.

– Preferia ter ficado sem. – Digo e a observo sorrir. – Quando você volta para Nova York?

– Amanhã. – Ela disse, parecia chateada com isso. – Promete que vai me visitar quando puder?

– Já disse que sim. – Selo nossos lábios e sinto seu sorriso. – Só não sei se vai dar certo com seu noivo lá.

– Sendo bem sincera, as vezes tenho a sensação de que ele sabe de nós. – Ela disse, se sentando na cama e ficando de frente para mim. – Não sei se isso é minha consciência tentando fazer com que eu me sinta melhor ou se realmente tem embasamento.

– Se ele soubesse, você não acha que ele faria o mesmo? – Pergunto.

– Talvez. – Ela responde sincera. – Antes de irmos para Nova York eu nunca suspeitei dele, mas depois disso existiram alguns momentos em que eu fiquei naquela de: "putz ele tá me traindo".

– Como assim?

– Bom... Ele meio que já mentiu para mim sobre onde estava, tipo falar que está no trabalho e Spencer ver ele em outro lugar. Também já existiram vezes de ele desligar rápido a ligação quando eu chego ou bloquear o celular e até jogar ele na cama para não parecer que estava usando. – Ela desvia o olhar por um breve momento e então me olha novamente. – Não sei, pode ser coisa da minha cabeça, mas as vezes tenho a sensação de que ele esconde algo também e eu nunca perguntei ou falei sobre porque seria injusto cobrar sinceridade dele quando eu nunca fui sincera com ele.

– Mas não necessariamente ele saiba de nós. – Digo, ficando mais próxima dela.

– A última vez que nós brigamos, tudo que você me disse foi muito pesado, eu fiquei muito mal por muito tempo e não queria chorar ou reclamar com nossos amigos porque não queria que eles te odiassem, tomassem lado ou o que for, então acabou que fiz isso com Nathan. – Ela conta, passando lentamente seus dedos pelo meu rosto. – E em um desses dias de tristeza, eu acabei soltando uma bobagem do tipo: "Ninguém nunca vai amar ela como eu amei e quando ela perceber isso vai ser tarde demais.".

Imagine eu e vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora