Capítulo 15 - 24 de dezembro

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Hoje é natal. Na verdade, véspera de natal.

Está sendo estranho porque todos os anos da minha vida eu passei com a minha família e nesse não será assim. Apesar do recesso, eu optei por ficar em Londres para economizar dinheiro e experenciar como são as festas de fim de ano sem eles por perto.

Christian também não vai viajar. Ele conseguiu liberação para trabalhar de casa durante esse período festivo, mas ainda assim preferiu ficar por aqui e me fazer companhia. Em contrapartida, Lilian vai para casa. Ela pretendia ficar na Inglaterra, mas acabou mudando de ideia de última hora. Emma e Mia também viajarão.

No fim, será apenas eu e Christian por aqui. O problema é que nenhum de nós sabe cozinhar e, portanto, não fazemos ideia do que vamos ter de ceia. Eu achei que seria legal se eu fizesse minha comida favorita de natal e Christian fizesse o mesmo, porém os dois desanimaram após ver as receitas na internet. De qualquer jeito, ele irá tentar fazer o tal do pavê enquanto eu irei tentar assar um chester e fazer um purê de batatas.

Alison está empolgada com seu primeiro natal em Nova York. Ela, Nathan e Spencer vão fazer uma grande ceia em seu apartamento. Parte de mim queria estar lá para aproveitar esse momento ao seu lado, mas a outra parte sabe que minha melhor escolha é estar em Londres.

É claro que já recebi diversas fotos das compras de natal, dos pratos que eles irão cozinhar e até da roupa que ela irá vestir, além da promessa de que ela irá me ligar quando for meia noite aqui em Londres. Existe o fuso horário de 5 horas entre as duas cidades e, segundo ela, ela já colocou um despertador para lembrá-la disso.

E por falar em compras, Christian me comprou um presente de natal mesmo eu não comprando nada para ele – até porque eu nem sabia que iríamos trocar presentes. Ele me deu um fone de ouvido incrível para que eu não precise ficar pendurada no celular quando estiver conversando com Alison. Segundo ele, já que eu tenho paciência de escutá-la todos os dias, eu mereço ao menos um conforto para isso. E isso eu com certeza nunca vou contar para ela.

– Eu não estou achando biscoito maisena aqui. Achei num site, mas não entregam hoje. – Christian disse, ao me encontrar no fim do corredor. – Sinceramente? Eu já estou pronto para desistir e pedir comida.

– Você perguntou alguém se existe desse biscoito aqui? – Pergunto, ignorando seu drama.

– Não, Emily, eu não perguntei. – Ele responde, parecia estar exausto de procurar.

– Então vai perguntar, Christian, e eu vou te esperar lá fora. – Viro-o de costas e dou um leve empurrão para que ele comece a andar. – Se você não abrir a boca para perguntar, as pessoas simplesmente não vão saber o que você quer.

Observo-o sair fazendo careta e revirando os olhos. Em pouco tempo já havia percebido como Christian odiava ser mandado ou contrariado, mas infelizmente a vida não é feita só do que gostamos e no fundo eu sei que ele sabe disso. Eu, por exemplo, se fizesse apenas o que eu gosto, com certeza não estaria na rua e sim em casa conversando com Alison.

Apesar de várias coisas me atraírem atualmente na minha vida, conversar com Alison tem sido a melhor delas. Ela faz tudo ser mais divertido e leve, e acho que no fundo sempre foi assim. Enquanto espero Christian, revejo uma foto que ela me mandou tomando sorvete de morango no Central Park. Os cabelos soltos, o sorriso estampado, mostrando seu sorvete como se fosse algo mágico. A verdade é que está extremamente frio lá, mas nada a impediria de tomar esse bendito sorvete. Alison não desiste fácil do que ela quer.

– Ela está tomando sorvete no inverno? – Christian zomba.

– Eu já te pedi para não chegar de fininho e olhar o meu celular. – Digo, revirando os olhos enquanto me viro para ele. – Achou a porcaria do biscoito?

Imagine eu e vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora