Pela primeira vez em 17 anos – sim, isso é a minha vida inteira –, os meus pais e os pais da Alison deixaram a gente passar o ano novo com nossos amigos ao invés de passar com eles. Eu particularmente até gosto de passar com minha família, porque sempre nos reunimos em algum sítio ou vamos para a praia e acaba sendo divertido, mas a Alison realmente se livrou este ano pois ela sempre passa na igreja.
Os evangélicos têm o costume de passar a virada de ano na igreja para que o ano seja abençoado ou algo do tipo. Nós, católicos, não temos isso. A missa não começa às 21h e vai até 00h ou algo do tipo, ao menos isso nunca aconteceu na minha igreja, e quando tem missa no dia 31, os meus pais não se importam em faltar porque como eu já disse, nós sempre estamos em um sítio ou na praia.
Porém, como vocês já sabem o pai da Alison é pastor, então todos os anos ele está na igreja pregando e toda sua família deve acompanhá-lo. Felizmente esse ano o menino Jesus tocou o seu coração e a Alison não precisará ir. Em contrapartida, o Nathan vai passar o ano novo com a gente, essa foi a condição que o senhor Flood colocou para que sua preciosa filha não passasse na igreja.
Jack ficou tão empolgado com o fato de passarmos o ano novo com ele que ignorou completamente o Nathan ir junto e encontrou cinco festas diferentes para que a gente votasse e decidisse em qual iríamos. Eu e Alison escolhemos uma que não fica tão perto de casa, mas também não é muito longe, assim conseguiríamos ir embora correndo caso o evento estivesse horrível. Lilian seguiu a mesma lógica que a nossa, então consequentemente essa foi a festa escolhida, mas Jack e Spencer queriam a que era o mais longe possível.
De qualquer forma, a festa escolhida foi a de um garoto chamado Ryan que formou ano passado na nossa escola. Atualmente eu não faço ideia do que ele faz da vida, mas acredito que ele esteja na faculdade ou trabalhando ou os dois. Eu lembro que quando estávamos no primeiro ano, Ryan estava no segundo e Spencer tinha uma queda absurda por ele. Ela chegava até a fantasiar situações hipotéticas em que eles se esbarrariam em algum comércio local e ali se iniciaria sua linda história de amor. Só para deixar claro, isso nunca aconteceu.
Ryan tem cerca de um metro e noventa centímetros, então sim, ele é bem alto. Lembro que na época da escola ele fazia parte do time de basquete, mas não jogava bem e provavelmente não seguiu carreira no esporte por isso. Ainda assim, ele conseguiu manter seu corpo atlético e bem definido, fez algumas tatuagens no braço que acabou o deixando charmoso e tem um piercing no nariz. Sei de tudo isso, porque Spencer ainda o tem nas redes sociais e acho que ainda tem uma quedinha por ele.
Antes de irmos para tal festa, Jack tem uma tradição de família da qual iremos participar neste ano. Basicamente, ele está liberado para fazer o que bem quiser a partir de 00h, porém antes disso ele tem que participar do que sua família chama de "inimigo oculto". O jogo – se é que podemos chamar assim – se trata de uma reunião de família onde cada um deve presentear o sorteado com algo engraçado, por assim dizer. Lembro de uma vez que Jack presenteou sua mãe com um garfo com apenas os dentes das pontas com um bilhete escrito: "Agora você conseguirá emagrecer, mamãe.". Sim, é um "jogo" extremamente sacana e o mais engraçado é que você não pode apelar e a pessoa presenteada tem de usar o presente assim que recebe e na frente de todos.
Como eu e as meninas entramos bem depois – cerca de três dias antes do ano novo – a família de Jack optou por fazer um novo sorteio já que ninguém havia comprado nada ainda e sim, eu fui azarada o suficiente para tirar o pai do Jack, o senhor Charlie Fitzgerald. Assim que tirei o papel do chapéu meu primeiro pensamento foi que se eu for muito ofensiva, ele pode acabar me banindo da casa, mas se eu for muito meiga, ele pode achar ruim por eu não estar seguindo a única regra.
Segundo ele, a única regra do jogo é você não ter nenhum tipo de pudor, ética ou qualquer coisa do tipo. Basicamente está valendo tudo e Jack já me contou cada história que eu fico até com medo de saber o que vão me presentear. No momento do inimigo oculto não existe família, amigos ou limite. Sua imaginação é quem conta e se você for fundo demais, bom... aí o máximo que você vai conseguir são algumas risadinhas sem graça, mas como eu disse, é proibido apelar, debater ou questionar e você é obrigado a usar o presente.
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Imagine eu e você
RomanceEmily sempre foi a garota de seus pais. Inteligente, estudiosa, educada e cegamente religiosa, a menina se deixou acreditar em tudo que escutava de seus pais e da Igreja, e parecia ser feliz desta maneira. Entretanto, na adolescência, a jovem se apa...