O corpo exausto de Garuda começava a dar traços de que poderia falhar a qualquer momento, sua técnica de concentração foi levada ao limite e uma resolução rápida daquele conflito se fazia necessária.
Golpeava o rosto daquele jovem com toda a força que sobrara em seu punho, o rosto se deformava e o sangue escorria e pulava a cada vez que ele o castigara com seus ataques.
― Eu me enganei, você não é a torre. No máximo é um peão muito irritante. ― Sentenciou antes de dar o derradeiro golpe.
Finalmente o jovem parou de se debater e desmaiou.
Agora só restava dar a Aaron Khan um motivo para persegui-lo até os confins de Chakran, precisava matar o único herdeiro do governante daquela ilha e escapar para o mar o mais rápido possível antes que seu corpo sucumbisse a fadiga extrema.
Com dificuldade cambaleou ao se levantar, arrastou-se na direção do garoto com passos lentos e pegou um pedaço da lâmina quebrada que estava no chão, restos de sua preciosa espada. Segurou o objeto ainda afiado e um filete de sangue escorreu por seus dedos infligindo uma dor moderada que na situação em que estava até o ajudou a despertar um pouco do sono causado por seu estado.
Na frente da criança amarrada junto a árvore, ele removeu o capuz que encobrira seu rosto causando um susto no menino que obviamente estava acordado.
― Han! Han! Socorro!― Clamava o menino diante do perigo iminente
― Ele está desacordado, não pode fazer nada.
― Lauretti! Lauretti!
Garuda balançou a cabeça na direção em que a mulher estava, além da distância considerável ela ainda estava presa entre a espada e o tronco de árvore. Ferozmente ela se debatia para se soltar, mas era improvável que conseguisse se soltar sozinha e muito menos que chegasse ao local onde estavam em condições de salvá-lo.
― Sinto muito, garoto. Ninguém pode ajudá-lo agora, você pode tentar usar os ensinamentos de sua deusa e arremessar algo na minha direção, mas nós dois sabemos que será inútil.
― Garuda, por favor... não faça isso.
Theodore não conteve as lágrimas diante do perigo, isso surpreendeu o caçador. Tantos assassinatos, tantas feras mortas, mas nunca fora obrigado a matar uma criança e tal atitude poderia encerrar de vez seu único elo de humanidade, aquilo apagaria a última centelha do que representou outrora um homem honrado, ou pelo menos assim ele se considerou por algum tempo.
O garoto insistiu:
― Eu sei que você não é assim, já escutei as histórias sobre tudo que você fez. Você só mata os Filhos dos Deuses que ameaçam as pessoas, em todas as histórias você parece frio e insensível, mas sempre salva alguém, derrota tiranos e liberta pessoas indefesas...
Garuda fechou os olhos.
Uma lágrima solitária rolou por seu olho direito, o caçador sentiu a angústia do que estava prestes a fazer.
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TRÍADE - Filhos dos Deuses
Fantasy(Uma história de Alta Fantasia) Duas décadas após o fim da Era Varuniana, os habitantes do continente de Chakran tentam lidar com a presença constante das criaturas que caem dos céus, Os Filhos dos Deuses, contudo o embate entre a Ordem dos Homens L...