X. A Serva e o Estrangeiro ⚔️ PARTE I ⚔️

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Os pântanos são um dos locais, em Chakran, mais apreciados pelos Filhos dos Deuses: a imensa massa orgânica a se decompor e o nível de água elevado pelo limitado processo de escoamento, davam a essas criaturas um lar promissor com pouca interferên...

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Os pântanos são um dos locais, em Chakran, mais apreciados pelos Filhos dos Deuses: a imensa massa orgânica a se decompor e o nível de água elevado pelo limitado processo de escoamento, davam a essas criaturas um lar promissor com pouca interferência humana.

Pessoas evitam locais assim, a possibilidade de um ataque surpresa não pode substituir a tranquilidade de um desvio de percurso, pelo menos, assim era o pensamento da maioria.

Contudo, o estrangeiro não era assim.

Com suas botas ele deslizava pela água escura do pântano, as duas espadas na cintura estavam firmes e protegidas em sua bainha, porém o acesso a elas poderia ser feito de imediato, caso necessário. Como um bom caçador ele circulava pela vegetação herbácea observando cada minúsculo rastro deixado pelos habitantes selvagens: cada galho partido, cada pegada na lama ou som de aves era atentamente avaliado.

Se os boatos estivessem certos ― outrora escutados em Overghan―, aquela maldita criatura vagava por aquelas terras. Relatos de uma mulher que atraia homens para as águas do pântano e os seduziam, ou de uma criança que corria pela vegetação atraindo as mulheres, que colhem ervas medicinais, para uma armadilha. Todas as histórias apontavam para um tipo único de Filho dos Deuses:

O Metamorfo.

Com cautela o estrangeiro aguardava sua vingança, anos de uma procura sem fim e naquele local longínquo ele obteve uma pista concreta, só precisava aguardar no meio do pântano. A criatura não resistiria a possibilidade de uma presa fácil. Encontrou a enorme formação aquífera no centro do pântano, semelhante a inúmeros lagos que conhecera, mas com um odor forte da decomposição.

Com cuidado removeu as placas de metal que formavam sua armadura, empilhou as peças que anteriormente o protegiam e colocou próximo de uma raiz morta na beira do lago. Apenas com suas vestimentas comuns e suas espadas, ele deslizou pela água e se posicionou no centro da bacia, a água alcançava seu peito, era gelada e escura.

Com os braços erguidos e suas lâminas em punho, ele aguardou.

E aguardou.

Ficou imóvel naquele lugar frio e solitário por horas, até que sua espera foi correspondida com o cair da noite. Avistou no alto de uma pedra uma moça jovem, com cabelos pretos como piche e um vestido rasgado e maltrapilho, lhe presentear com um sorriso mórbido.

Ele caminhou devagar, pela lama e água, na direção da mulher. A jovem deu um salto para dentro da água e desapareceu em meio a escuridão, a única fonte de luz era a imensa lua cheia, que sem a interceptação das nuvens reinava soberana nos céus.

Pensou em se posicionar próximo da pedra em que a mulher mergulhou, todavia se conteve quando escutou uma risada infantil.

Uma criança, um menino, se escondia atrás do tronco morto que ele guardou as placas de sua armadura. O garoto dava risada e coletava cada peça de aço, rapidamente o estrangeiro se posicionou para correr na direção do pequeno gatuno.

TRÍADE - Filhos dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora