Afraid - Medo Invisível

Culpas e Revelações

Mais veloz do que antes, o Sr. Quon pisava firme no acelerador para chegar rapidamente em nosso destino. O carro cortava o vento e atravessava as vias como uma bala enquanto o tempo corria para nos apressar. Será que eu conseguiria salvar meus amigos? Conseguiria salvar os garotos das mãos de Taeyong? Ou será que tudo estava sendo em vão? O menino da foto estava morto? O que houve realmente com ele? Qual a sua relação com o assassino? Ele seria o assassino? Alguém o ajudava? Por que eu sinto uma sensação tão protetora em relação a ele? Tantas e tantas perguntas que se formavam a cada passo que eu dava, e quase nenhuma resposta. No entanto, seria injusto olhar pela perspectiva do não avanço, eu já tinha sim progredido muito desde que acordei naquele hospital e me sentia um pouco mais confiante para seguir adiante.

Um suspiro profundo aliviou os pensamentos da minha cabeça enquanto fez outros virem à tona. Pensei na ligação de Siwon com Taeyong sobre a intenção de dar um fim a Lucas. Só de imaginar algo naquele sentido fazia com que meu peito doesse tanto que era quase indescritível a sensação. Meu contato com o policial era no mínimo muito recente, eu sabia, mas já fertilizava um sentimento exclusivo para ele. Toda sua atenção e o seu cuidado comigo provocaram sentimentos que nem eu mesmo sabia querer ou poder sentir diante de tudo o que eu estava vivendo. O fato era que eu tinha um carinho por ele, e não desejava vê-lo machucado e muito menos morto. Agora ele corria perigo além do normal e eu precisava avisá-lo. Eu protegeria todos o que eu gosto, os meus amigos e... com certeza protegeria Lucas, mesmo sabendo que eu não tinha muitas armas, mesmo sentido estar com os braços atados.

— Desculpe-me senhor, mas não seria melhor avisar a polícia sobre o que houve com você?

O Sr. Quon estava certo, eu deveria avisar Lucas sobre o que houve comigo e sobre o lugar onde Mark Lee, Jisung e Renjun estavam? Porque afinal, eu encararia Taeyong como?

Ao mandar a mensagem perguntando onde o agente estava, o carro parou indicando a chegada ao meu destino. Agradeci ao Sr. Quon por tudo o que ele tinha feito por mim, prometendo encontrá-lo no ponto de táxi próximo à minha casa muito em breve para mostrar que tudo ficou bem.

Após certificá-lo que não haveria mais contratempos, eu segui de frente ao beco que era cenário de alguns dos momentos do meu sonho. Passei por ele lembrando das vezes que encontrei o garoto oculto para conversar escondido ou passar alguns momentos juntos. Aquelas memórias acionaram a dor que um pouco antes tinha diminuído. Minha mente ainda estava rígida demais para liberar as lembranças e por isso forçava-se a bloquear as informações causando-me dor.

Intuitivamente entrei na porta ao final do beco dando de cara com um campo de vegetação seco que visivelmente precisava ser aparado urgentemente. Não fiz questão de imaginar os potenciais animais peçonhentos que deveriam esconder-se pelo chão. Sem muito pensar, embrenhei-me pela vegetação indo em direção a construção muito velha do antigo galpão que ficava em seu fim. Corria equilibrando cautela e rapidez. Se Taeyong já tivesse naquele lugar ele não deveria me ver, já que nem imaginava que eu estaria indo em seu encontro. As folhas passavam pelo meu corpo arranhando minha pele e agravando o ardor do meu braço que estava parcialmente queimado com a ferida aberta o que aumentava minha sensibilidade.

Quando estava quase na ponta abaixei-me verificando os arredores, e como previsto não havia nenhuma movimentação. Respirei fundo pegando fôlego e corri o mais depressa até a lateral das paredes do antigo galpão torcendo para não ser visto. Apoiei-me na parede enquanto meu peito subia e descia exigindo ar. Ninguém me viu.

Olhei o céu e a noite já iniciava a ocupação de seu espaço dando o tom frio às nuvens num degradê perfeito ao lilás da despedida do sol. Um lindo fim de dia, para uma situação tão perigosa.