Uma festa de matar

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Quando o carro parou de frente ao gigantesco prédio espelhado eu me questionei se Winwin teria enviado o endereço certo dos donos da SonLux. A casa noturna era famosa, mas não pensava que seu lucro proporcionaria um nível de vida alto como aquele. A fachada refletia a cidade ao longo de todos seus andares e sua ponta parecia furar o céu.

O dia estava gelado, denunciando que a temperatura cairia mais para a noite. Existiam poucas pessoas nas ruas e através de suas vestes eu sabia que tratava-se de um bairro rico e elegante. Inconscientemente dei uma olhada rápida na minha calça jeans e no meu suéter cinza de gola alta e concluí que estava minimamente apresentável para andar entre aqueles espaços sem ser julgado.

E como um costume verifiquei ao redor se não haveria nenhum movimento estranho, ou algum sujeito suspeito. Enfim, ao sair do carro subi a extensa escadaria que dava para o prédio. No entanto, a sensação de ser observado voltava, virei-me tentando encontrar algo estranho, mas nada se mostrava à minha visão. Alguém estava escondido me olhando, seguindo meus passos e encurralando-me a fim de me assustar e me pôr em pânico. Respirei fundo notando os carros passarem nas ruas, os semáforos trocarem de sinalização, os passantes caminhando com seus pets e parecia tudo normal. Mentalmente desejei que Lucas realmente tivesse me acompanhado, sentiria-me mais seguro, protegido. Esse caso parecia muito importante para si, o que me fazia questionar qual compromisso seria tão mais relevante forçando-o a desistir de vir comigo?

Na recepção me identifiquei e solicitei aos atendentes que me anunciassem para Doyoung ou Chanyeol. Enquanto eu aguardava na área de espera, uma sensação de dejavu surgiu. Eu já tinha ido naquele lugar, eu sentia estar reproduzindo passos anteriormente feitos. Os móveis do espaço, os cheiros, tudo mostrava-se já conhecido. E isso me deixou em alerta, o que eu falaria com eles? Provavelmente não sabiam da minha perda de memória e como eu poderia obter informações?

— Hendery o que faz aqui? - Doyoung surgiu inesperadamente ao meu lado resgatando-me das minhas divagações.

— Oi Doyoung, eu queria conversar com você. - Falei me levantando e o cumprimentando. Pelo o que lembrava, ele era muito mais gentil e fácil de lidar do que o irmão.

— Já conversamos o que precisávamos. - Ele pegou em meu braço me levando a sentar consigo no grande sofá. - Por favor não insista mais, você já conseguiu o que queria, não é? Por que ainda está atrás da gente? E aquelas mensagens estranhas? Eu achei que você não ficaria nos atormentando mais, pensei que você fosse confiável Hendery!

Eu precisava ter cautela, eu não sabia o que eu já tinha conversado com ele, e aparentemente era algo sigiloso entre a gente.

— De qual mensagem você está se referindo? - Perguntei confuso.

Doyoung sacou do bolso seu smartphone e após alguns cliques mostrou-me uma série de mensagens que se assemelhavam às de Lisa e Xiumin. Eram ameaças.

— "Você pagará pelo o que fez", "Eu sei de tudo", "Você não escapará"... - Ele me olhou com os olhos um pouco marejados, parecia que ia chorar. - Eu sei que o que estava acontecendo na SonLux não era certo, mas eu até te ajudei, você descobriu tudo, conseguiu suas provas tanto que fechou o SonLux. Eu não esperava que você ficasse brincando comigo depois de tudo.

— Eu não enviei essas mensagens para você Doyoung. - Tentei seguir o raciocínio dele. - Como eu consegui as informações que queria não teria o porquê fazer isso com você.

Ele suspirou e me encarou tentando ler a verdade do que eu dizia. Aparentemente ele tinha acreditado então eu continuei:

— Também tenho recebido mensagens assim, e ainda por cima sinto estar sendo perseguido, vigiado. - Revelei para que o outro sentisse confiança em mim. - Minha casa foi invadida a alguns dias atrás e não levaram nada de valor, mas as informações que eu tinha sobre a SonLux.

Afraid - Medo InvisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora