Arthur
A possibilidade de ver Carlinha de novo estava me deixando com os nervos a flor da pele. Nem com a Ana Maria Braga foi assim. E ainda nem consigo acreditar que to "famoso". Saio na rua em busca de algo para surpreendê- la no nosso reencontro. Após uma semana cumprindo compromisso de contratos, forcei o meu assessor a conseguir pelo menos um dia de folga para que eu pudesse vê-la. Só nos falamos por mensagem desde então, eu cheguei a propor uma chamada por vídeo, mas a todo momento Carla desconversava então decidi não insistir. Rodei em algumas lojas pelo shopping e encontrei uma loja de chocolates e alfajores argentinos. Lembrei dos anos que ela viveu gravando a novela lá e achei que seria legal levar um mimo bem docinho pra ela. Pego um potinho de vidro com mini alfajor de doce de leite caseiro e um pirulito de chocolate em formato de coração. A atendente prepara tudo em uma linda embalagem. Acho que ela vai gostar. Quem diria, eu virei um cachorro apaixonado mesmo. Espero que ela não tenha ficado chateada com algumas merdas que fiz na casa, a pressão do jogo me deixou doido e quase parti pra briga com o cuzão do Fiuk, e tudo por conta de ciúmes que ele inventou da Thais, outra participante. Eu não demonstrei hora nenhuma interesse nela, mas ao chegar aqui fora, percebi uma galera nos shippando, o que será que Carla estaria pensando disso? Chegou a hora de saber.
Me identifico na portaria e logo recebo a autorização pra subir. Ao abrir a porta, encontro uma Carla diferente da qual havia deixado naquele domingo de janeiro. A minha princesa estava com olheiras e com um olhar triste, mais magrinha do que o normal. Aparentava está tão frágil, definitivamente essa não era a Carla que eu conheci.
Eu me aproximo dela sem saber muito como agir, até que sou surpreendida por uma abraço apertado, o mais intenso que já recebi na vida. O seu cheiro natural se misturava com o perfume do seu cabelo lavado. Eu poderia ficar horas a cheirando, como era linda e que saudade eu estava. Meu Deus, a gente se conhece a tão pouco tempo, como pode essa energia toda?
Me afasto por um instante para olhá-la nos olhos. Meu coração erra as batidas quando a ouço dizer:- Senti sua falta.
Sorrio fraco e retribuo em seguida:
- É recíproco, bastante...
- Senta aqui, a gente precisa conversar- ela diz me puxando pela mão em direção ao sofá grande da sala.
- Carla, aconteceu alguma coisa nesse tempo em que estava lá? Você viu alguma coisa que te decepcionou sobre mim? Sei que fiz algumas cagadas, como a briga lá, mas espero que você tenha reconhecido o meu coração.
- Arthur, eu acompanhei você praticamente a todo momento e apesar de algumas falas imaturas, eu pude te conhecer, te entender, entender seus medos e traumas, suas inseguranças e além disso, eu pude sim enxergar o seu coração, lindo. Você é um homem bom, leal e companheiro e isso tudo o que eu vi fez com que eu me apaixonasse por você. E eu estava muito feliz e ansiosa pra te ver de novo e te perguntar se era recíproco o sentimento até que...
Ela faz uma pausa e a vejo tentando segurar as lágrimas, o que não adiantou.
- Carla, o que aconteceu?- digo chegando mais perto.
- Aquela nossa primeira noite, aqui em casa, foi tão incrível que rendeu um frutinho, mas infelizmente não era a hora dele vir ao mundo e quando eu descobri, ele já não estava mais dentro de mim, Arthur. Eu perdi um bebê que seria nosso. Tive muito sangramento e muita dor, em outro país... Se não fosse a agilidade da minha mãe quando pousei, eu teria perdido muito mais sangue. Desculpa, por ter perdido um filho seu.
Aquelas palavras me atingiram em cheio e eu me tremia todo, apesar da tentativa de ser forte, não consegui segurar a emoção e apenas a puxei para o meu colo, só queria protegê- la do mundo.
- Você não teve culpa de nada, minha princesa. Você foi muito forte, eu que deveria lhe pedir desculpas por não ter estado ao seu lado. Eu ia amar ser pai, é o grande sonho da minha vida. Se fosse igualzinho a você então, eu seria o cara mais feliz do mundo - digo beijando sua cabeça- Ei, não fica assim, olha pra mim, não vou te deixar mais. Só se você quiser.
- Eu não quero. To gostando de você, seu bobo.
Se eu pudesse tiraria toda essa dor dela, mas eu também me segurava para não desabar alí. Eu realmente seria capaz de tudo para proteger a minha loirinha de tudo o que a fizesse mal, mas isso não poderia se apagar assim do nada. Levaria tempo e eu estava disposto a fazer de tudo para ser um porto seguro pra ela.
- Trouxe uma coisinha pra você. Gosta de alfajor? Eu nunca comi, mas vi que era da Argentina e achei que você iria gostar.
- Nossa, eu amei- diz já abrindo e colocando na boca- Quer?- fala com a boca cheia. Eu rio olhando pra ela. Que coisinha linda, eu to lascado.
- Não, valeu. São todos seus hahaha
Carla me convida para jantar e eu proponho que pedíssemos uma pizza, conversamos bastante que nem vemos o tempo passar. Já passa de meia noite e eu decido voltar para casa.
- Prometo voltar, ta bom? - a abraço mantendo- a bem firme ao meu corpo.
- Da ultima vez que me disse isso, você entrou no BBB. Agora vai pra Fazenda?
- Deus me livre. Não te largo mais não, linda.
- Acho bom.
Me despeço e sigo a pé pra casa, ainda absorvendo tudo o que vivi nas últimas horas. Com a certeza que tínhamos muito pela frente, mas que agora seguiríamos juntos.
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Destinados
Fiksi PenggemarE se eles tivessem se encontrado de outra forma? Sem câmeras e julgamentos, apenas Carla e Arthur. Afinal, quando é pra ser, não importa onde e nem quando, só é!