Sonho

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Um ano depois.


Carla


Hoje faz um ano que estou morando em Buenos Aires e um ano que minha vida se transformou completamente. Nem em meus melhores sonhos eu sequer cogitaria tudo isso acontecendo.

Quando sai do Brasil, eu e Arthur combinamos de nos encontrarmos sempre que possível e tentar manter o nosso relacionamento a distância, a gente se falava pelo celular quase o tempo todo e nos viamos de dois em dois meses. Ou eu ia ou ele vinha ficar alguns dias. Dona Mara que estava me devendo uma visita agora, e meus sogros. Thais e seu marido já vieram curtir uma segunda Lua de Mel. Aproveitamos muito! Confesso que de início eu me assustei e quis acabar com tudo devido a rotina estressante, mas após uma visita a uma igreja bastante conhecida aqui na cidade, eu senti uma energia surreal que me fez crer que daria tudo certo, e bem, essa energia tinha razão.

Nesse momento estou dirigindo a caminho do aeroporto para esperar o meu amor desembarcar. Dessa vez ele voltou rápido e pra ficar mais tempo, graças a Deus. Depois de um pequeno sustinho na semana passada, ele e minha cunhada, que agora era sua assessora, conseguiram fazer uma mudança na agenda e liberá-lo.

Passadas interminaveis duas horas, ele finalmente cruza os portões vindo rápido até mim. Que saudade que eu estava desse cheiro, do cheiro dele. O meu amor.

Ele me abraça bem apertado, quase me sufocando.

- Graças a Deus você ta bem. Quase que eu vim no mesmo dia quando você ligou do...

- Calma, lindo- eu o interrompo- nós estamos bem, né filho?

Nesse momento Arthur se abaixa e passa a mão pela minha barriga redondinha.

- Oi, filhotinho... Já pode vir, papai chegou.

- Ta doido, amor? Essa criança tem três meses ainda pra sair do forninho- digo rindo- Aquilo é normal acontecer... Eu só preciso me alimentar melhor.

- Ah é! Eu me perco com o fuso.

- Que fuso, Arthur?! Ai só você mesmo... Eu morro de rir com esse garoto. E apesar dessa confusão da idade gestacional, ele era o pai e namorado mais dedicado que eu já tinha visto. É claro que a notícia da gravidez nos pegou de surpresa, ainda mais por estarmos mantendo o nosso namoro a distância, envoltos em tanto trabalho e quase sem tempo pra nada.

Mas ainda assim me recordo de todas as vezes que Arthur veio até aqui só pra me ver em pouquíssimo tempo e me lembro perfeitamente do dia em que fizemos nosso baby arco-íris. Era o dia do meu aniversário e como eu já tinha ido ao Brasil comemorar o dele, não pude voltar. Arthur me surpreendeu tocando a campainha do nada a meia noite em ponto, segurando um bolo. Naquele dia nós fizemos o Samuel. O nosso enviado de Deus.

Assim que descobri a gravidez, eu só pensava em largar tudo e voltar o mais rápido possível para casa, eu morria de medo de perder outro filho e estava completamente apavorada, sem saber se seria aquela a hora e o momento certo pra isso.

Sem dúvidas, ele e minha mãe foram extremamente importantes nessa fase.

Embora eu ainda estivesse no meio das gravações, o rítimo havia diminuido após a escolha dos atores e logo, eu não precisaria estar presente o tempo todo. Tem dias que eu trabalho de casa mesmo.

Eu aluguei um pequeno apartamento, e por sorte tinha dois quartos. Ainda não decidimos onde nosso baby nascerá e nem se ficaremos morando por aqui, essa é sempre uma conversa que causa discórdia entre eu e Arthur, e não quero pensar nisso nesse momento.

Tentamos esconder dos sites de fofoca e da mídia a todo custo a chegada do Samuca, mas com 5 meses a minha barriga já aparecia e o papai não se aguentava mais, louco pra gritar pro mundo que o Flamengo ganharia mais um torcedor.

Resolvemos então anunciar em uma publicação no instagram. Chego em seu quartinho e tiro uma foto do jogo de berço que ganhamos da Dona Bia, junto ao Dummy, o cachorrinho de pelúcia que minha vizinha e amiga argentina havia me presenteado.


 "Estamos radiantes com a sua chegada, filho

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"Estamos radiantes com a sua chegada, filho. Estamos grávidos!"


Nesse dia, recebemos mensagens do país inteiro nos parabenizando e nos mandando muito amor. Eu me senti muito aliviada em saber que o nosso pequeno não receberia nenhum hate que nós recebemos a algum tempo. Isso já era passado!

Corria tudo bem com ele, mas na última semana, a minha obstetra constatou que eu precisaria tomar um medicamento intravenoso, já que estaria com baixa quantidade de ferro no sangue, portanto teria que ser o quanto antes.

Eu nem preciso dizer que o Arthur ficou doido, né? Para ele continuava sendo um absurdo eu estar morando sozinha em outro país. E depois de muitos ajustes nos contratos, o papai do ano estava desbarcando na terra dos hermanos.

- To muito mais aliviado agora que estou perto de vocês. Vou poder ficar mais tempo e acompanhar as próximas consultas.
- Eu e nosso menininho estávamos cheios de saudades.
- Será que ele já reconhece minha voz?
- acho que sim, ele escuta audio seu cantando todo dia.
- Trouxe o violão...
Entramos em casa e logo ele pega o instrumento, nos acomodamos e ouvimos o papai se declarar mais uma vez:

"Amor igual ao teu

Eu nunca mais terei
Amor que eu nunca vi igual
Que eu nunca mais verei

Amor que não se pede
Amor que não se mede
Que não se repete

Amor..."

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