Bem-vindo

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A reta final da gravidez estava deixando Carla mais pilhada do que o normal e consequentemente Arthur também ficava. Entre preparativos de mala maternidade e finalizações de trabalho eles iam curtindo a vida de casados. Optaram por não fazer festa e nem alvoroço, Carla simplesmente pegou suas coisas e ocupou todo o apartamento, assim como ocupara toda a vida e coração de Arthur.
Era uma sexta feira bem fria e chuvosa na cidade e eles estavam ajeitando todos os últimos detalhes do quartinho do Samuel.
- De quem foi a ideia de comprar 3 camisas iguais do Flamengo gigantes pra essa criança que nem nasceu ainda, Arthur?
- São diferentes,linda. Olha aqui a identificação dos anos: datas comemorativas e edição limitada essa aqui do Zico.
-  Entendi...
Carla não consegue conter a risada mesmo fazendo questão de demonstrar que havia entendido toda a argumentação seguinte sobre como o time deveria ter um cadastro para crianças que desejam ser sócio torcedores junto com os pais.
-Eu amo o Arthur Flamenguista.
- E eu amo a Carla mamãe... Vamos fazer um por ano?
-Ta doido, garoto? Primeiro deixa esse pacotinho sair, daqui uns anos pensamos em outro.
- A menininha do papai- ele diz enquanto dar mordidas de leve no ombro de Carla.
-Eu morria de medo de você achar loucura ter um filho agora, tão cedo assim- Carla se vira para encaixar seu corpo ao de Arthur.
- A música que o Projota fez pra Mariêva é tudo o que eu sinto nesse momento. Você e o bebê são tudo o que sempre quis, e de alguma forma, e ajudinha do destino, chegamos até aqui. Tudo pronto e arrumado para conhecer nosso filho, em uma casa boa e boas condições pra ele. E de quebra, uma mamãe gostosa linda do meu lado.
Um beijo carregado de amor e gratidão sela esse momento, dando início a maior aventura e descoberta da vida do casal, e eles nem imaginavam que seria naquela noite.
Depois de deixarem tudo organizado, Carla foi para o banho e convidou Arthur para se juntar a ela na banheira quente e cheia de sabão.
- Acho que a mocinha exagerou no sabonete, ta caindo no banheiro todo. Os dois riem atrapalhados- Depois eu limpo, vem, minha gostosa.
Eles se acomodam na banheira e Carla encosta o corpo no peito de Arthur, que posiciona suas mãos sob a barriga que mais parecia uma bolinha de futebol.
- Só falta tocar aquela música do Ghost agora. "Ooooh my looove"- o rapaz cantarola, fazendo sua mulher rir.
-Você não vale um real, garoto!
- Você ama as minhas palhaçadas, adimite.
Um silêncio toma conta do ambiente e Carla se levanta depressa, fazendo Arthur se assustar com o movimento brusco.
Carla, ainda atordoada, se dirige ao chuveiro para tirar a espuma de seu corpo, Arthur a encara com os olhos arregalados sem entender nada.
- Amor, acho que a bolsa estorou- ela diz em uma tom desesperado- As contrações estão muito rápidas, eu não tinha percebido antes. Acho que não vai dar tempo, Arthur.Me ajuda.
Ele permanecia intacto na porta do banheiro, sem reação.
- ARTHUR PICOLI DE CONDURU, O NOSSO FILHO VAI NASCER!
A voz alta da baixinha ecoa pela casa, e sim, agora ele entendeu.

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