12. 𝐋𝐚𝐯𝐚𝐧𝐝𝐚 𝐞 𝐋𝐢́𝐫𝐢𝐨𝐬 🌸

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Assim que Minho estaciona a picape na porta de casa, eu saio e vou correndo para os fundos. A imagem que encontro é horrível. Jeongin e Hyunjin estão de um lado de Min e Felix e Changbin do outro. O grande cavalo preto estava no chão, sem se mexer. Me aproximo devagar e me abaixo perto de sua cabeça, desejando ter estado aqui antes. Acaricio suas orelhas, agradecendo por ele ter ficado com o Lino por tanto tempo. O choro vem baixinho e dolorido e eu deixo um último beijo em sua cabeça antes de me levantar e tentar pensar em aonde o Lino pode estar.

Ele não iria ao centro da cidade, nem ao mercado, nem a praia... Espera. A praia sim, mas não aonde todos vão. Olho para Minho e ele de imediato entende.

— Vai. — Aperta a camiseta perto do seu peito e uma lágrima cai do seu olho. — Ele precisa de você.

Me ponho a correr para a floresta densa, ouço o carro de Chan estacionar e me viro a tempo de vê-lo chegando e abraçando Minho. Me concentro no meu caminho, tentando lembrar aonde fica a trilha secreta.

"Por aqui."

A voz me guia e eu a sigo, logo vendo as margaridas aparecer e indicar o caminho. Eu sinto... tanta dor. Calma amor, eu já estou indo.

É difícil respirar com tudo acontecendo assim mas eu não deixo de correr nem por um minuto. O céu se mescla em tons de roxo a laranja, e o últimos raios de sol se escondem atrás do mar.

Ele está lá. Sentado nesse canto isolado da praia, de frente para o mar. Olhando assim, eu reconheço este lugar. Era aqui que ele aparecia nos meus sonhos. Lino vem aqui para se isolar e chorar, ele fez desse lugar seu pequeno espaço secreto, e mesmo assim, me trouxe aqui para compartilhar comigo.

Me aproximo e me abaixo ao seu lado, vendo seu rosto encharcado e vermelho. Ele me abraça tão apertado e chora copiosamente em meus braços. Apoio sua cabeça em meu peito e me ajoelho para deixá-lo mais confortável. Suas lágrimas molham minha camiseta e eu não consigo segurar, chorando também. Ele aperta meu tronco e soluça alto, buscando por ar.

Não o interrompo em nenhum momento, deixando ele soltar tudo o que está preso. Faço carinho em sua cabeça e brinco com seus fios a medida que minha visão fica menos embaçada.

— Eu sinto muito, Jisung. Sinto muito por causar tanto sofrimento. — Sua voz está entrecortada e eu apenas nego com a cabeça, sem dizer nada porque eu sei que ele precisa falar. Ele não aguenta mais o silêncio. — Me perdoe por ser assim, por fazê-lo sentir tudo o que me pesa... eu não escolhi isso, por favor me perdoe. — Tentava dizer entre os soluços e eu o aperto mais forte, silenciosamente dizendo que está tudo bem. — Eu não aguento mais sentir tanta dor... — Sussurrou num último suspiro e começou a se acalmar, respirando melhor.

— Está tudo bem agora. — Digo com carinho e ele me puxa para sentar em suas pernas e me abraça de novo.

— Eu tenho tanto medo de todos os sentimentos que você me trouxe desde que apareceu aqui... eu não sei se estou pronto para amar de novo. — Sai abafado por estar com a cabeça grudada em meu peito.

— Tudo bem, eu não tenho pressa. — Sinto-o sorrir e ele respira com calma contra mim. — Você pode conversar comigo... sobre tudo. — Imagino o quão doloroso seja para ele tocar nesse assunto, mas é necessário falarmos sobre isso.

A tristeza inunda meu peito e ele volta a chorar. Espero com toda a paciência do mundo por ele. Cheguei longe demais para sequer pensar em desistir.

— O Min foi... um presente dele. Ele era a última lembrança viva que eu ainda possuía do... Seungmin. — O nome sai de forma arrasada de seus lábios, como se uma faca o partisse ao meio ao lembrar. Continuo fazendo carinho em seu rosto, vendo seus olhos brilharem por conta do choro e enxergo a lua refletida no seu olhar triste. — Eu o perdi e foi tão doloroso, não posso perder você também. — Volta a chorar e eu o conforto com tudo o que posso. — Por favor... não me deixa como ele deixou... eu preciso de você, Sung.

— Eu não vou a lugar algum. — Sussurro baixinho, ouvindo as ondas quebrarem ao nosso fundo.

— Você saiu todos os dias dessa semana e a distância me machucou tanto... por favor não vai embora. — Seu tom doloroso despedaça meu coração.

— Eu não vou. Não vou te deixar.

Demora um tempo até seu estoque de lágrimas chegar ao fim. Fico abraçado com ele, fazendo carinho e cantarolando alguma coisa.

— Olha para mim. — Ergo seu rosto corado e deixo um beijinho na ponta do seu nariz. — Você não precisa escondê-lo de mim. Pode conversar comigo sobre o que for, se estiver com saudade, se quiser me contar alguma história engraçada. — Sorrio e vejo um sorriso pequeno despontar em seu rosto. — Divida suas dores comigo e multiplicaremos a felicidade. Estou aqui para te fazer feliz... como ele fez.

Uma lágrima escorre por meu rosto e o mesmo acontece com Lino. Nos abraçamos e deitamos na areia. Ele apoia a cabeça em meu peito e eu continuo cantando alguma canção. Ouço um "obrigado" sussurrado antes dele finalmente se entregar ao sono e dormir tranquilamente comigo.

O céu fica negro antes de começar a amanhecer.

"Obrigado."

A voz diz e quando o primeiro raio de sol aparece, vejo uma figura se ajoelhar ao meu lado. Ele veste um manto azul claro e eu reconheço seus olhos. Brancos como a neve ou as nuvens.

"Muito obrigado, Jisung. Agora eu posso ir em paz."

Seungmin sorri abertamente e assopra sobre nós dois, como se nos abençoasse. Uma flor de lavanda aparece entre nós e percebo que é o mesmo lilás que eu e Lino compartilhamos nos olhos.

Eu sorrio para ele, agradecendo por todas as vezes que ele me ajudou. Ele abaixa a cabeça e sua figura vai desaparecendo lentamente, os raios da manhã começando a nos iluminar. A única coisa que sobra de sua aparição, é um pequeno lírio branco. Eu seguro a flor e a guardo junto com a lavanda, sorrindo feliz e transbordando paz. Olho para Lino, seu rosto guarda um pequeno sorriso e aí sim, eu tenho a confirmação de que está tudo bem agora.


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𝐀 𝐚𝐥𝐦𝐚 𝐋𝐢𝐥𝐚́𝐬 - 𝐌𝐢𝐧𝐬𝐮𝐧𝐠 🌸Onde histórias criam vida. Descubra agora