Não adiantava. Eu não conseguia dormir. Já havia mudado de posição umas cem vezes, tirado a coberta, mudado a posição do travesseiro e nada adiantava. Olhei para Jeongin que já estava no seu décimo quinto sono e bufei frustrado. Eu só queria dormir, por que a sensação de querer alguma coisa não saía do meu peito?
Levantei e abri a porta silenciosamente, já deve ser duas da manhã e eu não quero acordar ninguém. Desci as escadas me sentindo o próprio ninja, mas parei no último degrau ao me deparar com aquela visão.
Lino estava sentado no sofá com um livro nas mãos, somente uma luz fraquinha ligada. Seus fios negros bagunçados e todos os botões da camisa de flanela abertos, mostrando seu peitoral forte e levemente bronzeado. Sua barriga não era tão definida mas era lisa, e ele usava um óculos redondo que o deixava tão bonito que doía. Sua testa se franzia enquanto ele lia a história concentrado e eu me permiti suspirar baixinho.
Salivei com o que via, paralisado no último degrau da escada, meio escondido atrás da parede.
Como se sentisse minha presença, ele sorriu mínimo e ergueu os olhos do livro, procurando quem estava o secando desse jeito.
— Esquilo?
AH PORRA, COMO ELE SABIA QUE ERA EU?
— Jisung? — Chamou sussurrando e olhou para a escada.
Eu estou ferrado.
— Oi Lino. — Sorri amarelo e desci o último degrau.
Péssima escolha já que só agora eu percebi que não me dei nem o trabalho de pôr uma bermuda antes de descer, crente que eu estaria sozinho aqui embaixo.
Engoli em seco diante do seu olhar intenso, vendo ele descer os olhos lentamente por todo o meu corpo e parar nas minhas coxas parcialmente cobertas pela enorme camiseta preta. Senti minhas bochechas queimarem e puxei um pouco do tecido para baixo. Ele pigarreou e voltou a me olhar nos olhos.
— O que está fazendo acordado a essa hora? — Perguntou sério.
— Eu não conseguia dormir. — Respondi olhando para baixo pela vergonha.
— Pesadelo?
— Não, eu só sentia que faltava algo.
Meus olhos encontraram o seu e sim, ele de alguma forma entendeu o que eu disse.
— Acho que sei o que pode ajudar. — Se levantou e deixou o livro na mesinha que fica na frente do sofá. — Senta aqui. Eu já venho.
Fiz o que ele disse, me sentando e puxando uma almofada para o meu colo, logo vendo os três gatinhos aparecerem e ficarem ao meu lado. Lino foi direto para a cozinha preparar alguma coisa, pelos barulhos que fazia. Voltou um tempo depois com uma xícara colorida, se sentou ao meu lado e me entregou com cuidado pois estava quente.
— É leite quente com mel. Sempre faço para o Minho ou Hyunjin quando eles não conseguem dormir. — Dori subiu em suas pernas e sentou.
Tomei um gole e fechei os olhos apreciando, sentindo a bebida me aquecer por dentro. Ele se levantou e pegou uma mantinha que havia na poltrona do lado, estendendo sobre minhas pernas nuas. Eu tentava ao máximo não encarar a parte do seu tronco que a camiseta aberta não escondia, me perguntando se ele estava brincando comigo ou realmente estava tão à vontade que havia esquecido disso. Me aproximei mais um pouquinho, enquanto ele encarava o livro na mesa e fazia carinho no gatinho cinza.
— Atrapalhei sua leitura, não é? — Lino focou seus olhos lilases em mim e abriu um pequeno sorriso.
— Não, eu não estava conseguindo prestar tanta atenção no livro. Li uma página inteira mas não faço a mínima ideia do que aconteceu. — Ri por conta do que ele falou e seu sorriso se abriu ainda mais, me mostrando seus lindos dentinhos.
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𝐀 𝐚𝐥𝐦𝐚 𝐋𝐢𝐥𝐚́𝐬 - 𝐌𝐢𝐧𝐬𝐮𝐧𝐠 🌸
Romansa"Os olhos são as janelas da alma" e blábláblá, era muito fácil cantarolar isso quando já se tinha achado sua alma gêmea, quando já não se sentia mais incompleto e podia descobrir nos olhos do outro a cor da sua alma. Mas Jisung, um pobre cozinheiro...