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× Bárbara, quarta feira a noite ×

Assim que Bruno Henrique cabeceou a bola e a fez balançar a rede Corintiana, levantei do sofá num pulo de alegria.

Meu pai gargalhava e gritava de felicidade, minha mãe organizava mais petiscos na mesinha de centro da grande sala de estar, minha irmã mais nova Bianca não parava de concordar com a Natália sobre a beleza do Pedro com o cabelo platinado sentado no banco de reservas, e pra completar a torcida estava Xamã resmungando que o Fluminense já estava em desvantagem e ia precisar de muitos gols pra passar de fase no jogo contra o Flamengo semana que vem.

"Oh Natália minha filha, essa camisa aí é a nova? É original do time?"

Ela abriu um sorriso 32 dentes.

"É, tio Roberto! O Pê que me deu."

Ela virou de costas puxando as longas madeixas loiras como o sol na intenção de mostrar o número 21 e o nome dele na camisa preta de gola vermelha. Como seria assistir ao jogo com uma camisa 9 escrito Gabi? Uma original, com o cheiro amadeirado dele, dada por ele para mim?

Mordi o sorriso que ameaçou surgir no meu rosto. Não caia nesse tipo de pensamento, Bárbara. Não. Ele mesmo já deixou claro, desde o primeiro dia, que o nosso lance era escondido.

E eu até que curto assim.

flashback

Começou a chover de novo, pelo menos assim eu não preciso voltar pra casa tão cedo quanto meus pais conservadores gostariam, que tenho a desculpa da tempestade que inunda o Rio de Janeiro. Segui caminho pela mansão luxuosa aqui no Joá, era estranho estar na casa de alguém que eu não conheço.

No caso, do artilheiro do meu time do coração.

Natália sumiu um tempo, Xamã eu sei que está agarrado com alguma flamenguista loira por aí. Permaneci de boa mexendo numa caixa térmica de cervejas até pegar uma que estava trincando.

"O dia lindo, crima ensorarado
Crima de piscina, cervejinha e churrasco"

Cantarolei quando ouvi a música começar, enquanto virava pra procurar alguns conhecidos.

"Opa."

Parei de vez pra não trombar com o jogador do Flamengo que antes estava atrás de mim, mas agora parou na minha frente de modo que eu estava entre ele e a caixa. Olhei direitinho pra ele, o cabelo em dreads presos, uma das sobrancelhas grossas estava com dois risquinhos e a barba, como sempre, perfeita. Gabriel Barbosa também pareceu analisar meus traços e sorriu em seguida. Ele me olhou de cima abaixo e parou um bom tempo com o olhar no meu decote.


"Parabéns pelo jogo de hoje, você foi ótimo."

Deixa em off - GabigolOnde histórias criam vida. Descubra agora