cap: 4 Nunca trabalhe para um Cretino

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  Incluindo ele mesmo.

  Pronto, a verdade. Admitira-a, enfim. Aquela era a razão para não poder ficar. Não podia suportar mais ter o seu coração pisado. Era tempo de usar a razão e o bom senso. Tempo de pensar em se preservar.

  Sentindo a cabeça latejar e a garganta seca decidiu que precisava de um pouco de ar fresco e algo gelado para beber.

  Gulf apanhou sua carteira da gaveta e tomou o elevador até o quadragésimo-segundo andar. Em seguida, transferiu-se para o elevador Expresso que o levou até o térreo em menos de dez segundos. Foi uma descida drástica e respirou fundo para se recobrar, enquanto as portas do elevador se abriam.

  A vida com Mew Suppasit era um pouco como andar nos elevadores da Torre, com subidas e descidas vertiginosas, mas com nada sólido no meio.

  E, depois de quase 6 meses daquilo, estava pronto para sair. Queria um emprego com horário estável, benefícios vantajosos e um chefe idoso e intediante, para que ale pudesse voltar a conciliar o sono à noite sem pensar nele.

  Do lado de fora do prédio, ele tornou a respirar fundo, momentaneamente atordoado pelo calor e o barulho. Seguiu pela calçada até o vendedor de cachorro-quente na esquina, onde comprou uma lata de soda gelada.

  Abriu-a e começou a sorver a bebida refrescante a caminho de volta da entrada da Torre. Era meio de tarde, e os arranha-céus de Seul já haviam começado a bloquear parte da claridade do dia, entremeando trechos de sol e sombra na calçada.

  Não queria particularmente deixar Seul agora, mas precisava de distância de Mew e de todas as suas fantasias absurdas, impossíveis. À noite, sonhava com ele e variavelmente, o que só tornava a realidade ainda pior.

  Mew Suppasit jamais se interessaria por ele. Saia com pessoas do mesmo círculo social, modelos e atores. Não com simples secretários que gaguejava vão quando nervosos.

  Pela porta giratória da Torre, saiu um rapaz que Gulf conhecia apenas como Tar, reunindo-se a ele na calçada em frente ao Edifício.

  _ É aquela hora do dia _ comentou Tar. Era baixo, magro. _ Apenas mais duas horas.

  Gulf senti uma ponta de inveja.

  _ Você sai as cinco?

_ Na maior parte do tempo. Se tenho sorte. Tar lançou-lhe um olhar entediado. _ Onde você trabalha?

_ No septuagésimo oitavo andar.

_  Oh, é mesmo? _Disse o outro, interessado. _ Então, você deve trabalhar na investimentos Suppasit.

   De repente, Gulf perdeu a vontade de conversar. Os homens sempre tentavam ser amigáveis com ele, achando que aquilo os aproximaria, de algum modo, de Mew suppasit.

  _ Sim _ respondeu, sucinto.

  _ Então, como ele é? _ Persistiu o rapaz.

  Gulf empurrou os óculos até o alto do nariz.

  _ Quem?

  Tar soltou um pequeno sorriso.

  _ Muito engraçado. Mew Suppasit, tolinho. Você trabalha na corretora dele. Deve conhecê-lo bem. Como ele é?

_ Ocupado.

  _ Evidentemente. Ele é um gênio. Domina por completo o mundo dos investimentos. Todos prestam atenção às suas previsões de mercado.

   Gulf forçou um sorriso.

  _ Isso não é ótimo? Mas o que acho mais surpreendente é que o homem não é apenas brilhante... É bonito também! _ Tar soará eufórico. _ Não é de admirar que tenha sido eleito o solteiro mais sexy de Seul duas vezes seguidas. Eu morreria por um momento a sós com ele!

  _ E eu deveria me matar _ Gulf murmurou por entre os dentes. Viver na distância periférica do mundo de Mew Suppasit era certamente doloroso.

  Felizmente, não demoraria a mudar de emprego. Talvez, então, conseguisse recuperar parte da sua autoestima.

  Tar tinha ideia fixa.

  _ Como ele é como chefe?

  _ Deixe-me emprestar-lhe o livro chamado " nunca trabalhe para um cretino "e, depois, você me dirá o que acha.

  Tar soltou um risinho.

_ Existe mesmo um livro desses?

_  Sim.

  Tar rio ainda mais.

  _ E você tem um exemplar?

  _ Não, ainda não. Mas planeja comprar um muito em breve.

  Tar ria tanto que teve de enxugar lágrimas nos cantos dos olhos.

  _ Oh, eu não fazia ideia de que você era tão engraçado. Quem teria imaginado?

_ Sim, quem teria imaginado? _ Interveio uma voz friamente.

  Era uma voz agradável e possante, indubitavelmente masculina, uma voz que Gulf conhecia bem demais. _ Ele é um homem de muitos talentos escondidos.

Gulf gelou.

_ Senhor Suppasit!

  _ E seu próximo emprego _ prosseguiu ele secamente _ será trabalhando como comediante.

Sem compromisso ! Será??Onde histórias criam vida. Descubra agora