Cap: 11 Se casar??

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  Ele escapará.

  Mew entrou em seu apartamento e fechou a porta atrás de si. Arranjos florais extravagantes apinhavam-se em torno do aparador de mogno e mármore do século 18. Aqueles eram novos.

   Ele verificou rapidamente os envelopes que continham, não relutantemente em abrir qualquer um. Podia adivinhar quem enviará os arranjos e imaginar o sentimento que expressavam. Não era que não apreciasse o apoio oferecido... era maravilhoso ter uma família tão afetuoso... mas não se sentia com vontade de Celebrar.

  Como era irônico que um grande dia como aquele o deixasse tão frio por dentro. Odiava o alvoroço todo. Não sabia como lidar com aquele tipo de sucesso.

   O telefone Começou a tocar, e ele moveu-se, mas parou ao ouvir o seu mordomo e chefe, atendendo. Ele, então, anotou uma mensagem, murmurando um agradecimento e desligando.

  O telefone Começou a tocar logo em seguida, e a campainha do apartamento também.

   Mew fechou os olhos e, passou a mão pela fronte e desejou estar em qualquer outro lugar. A maioria das pessoas teria adorado a honra que a News Wesley lhe concederá naquele dia, mas era a última coisa que ele precisava. Não suportava ser o centro de tantas atenções. O assédio excessivo de agora lembrava-o demais de suas origens, de tudo que tiveram de enfrentar quando for um simples joão-ninguém.

  A campainha tocou uma segunda vez.

   Ele tinha de se livrar de toda aquela publicidade, tinha de fazer algo em breve. Mas primeiro, a porta.

   Mew abriu-a e recebeu um buquê ainda mais exuberante, um grande vaso de cristal repleto de lírios e orquídeas. Não havia mais lugar na mesa de canto também apinhada e deixou-o no piso de mármore.

   O Mordomo apareceu.

  _ Minhas congratulações, Senhor.

   Mew tentou sorrir enquanto meneava a cabeça em agradecimento, mas não conseguiu. Não se sentirá tão solidário em muitos anos.

  _ Obrigada.

  O Mordomo curvou-se de leve.

  _ Posso lhe buscar um drink, senhor? Um champanhe para Celebrar, talvez?

  _ Gin e tônica estarão bem.

  _ Pois não, senhor. E minhas congratulações mais uma vez.

   Não, solidário não era a palavra certa, pensou Mew, corrigindo-se, enquanto olhava em torno de seu luxuoso vestíbulo, abarrotado de flores. Não era solidário. Sentia-se sozinho. Era uma diferença Sutil mas significativa.

   Uma diferença que continuou a atormentá-lo horas depois quando se deitou em sua cama. Como fora que se tornará uma figura tão importante?

   Não era um Playboy despreocupado e sofisticado, nem chegava a ser um gênio da Tailândia que o aclamavam e odiava o culto à personalidade. O Mew Suppasit que a mídia glorificava nunca existirá. Ele podia ver o que eles viam... escolas de prestígio, namorados lindos, tremenda riqueza. No jornais, ele parecia bem. Num terno italiano, parecia ainda melhor. Mas bastava raspar um pouco o verniz da superfície, espiar por baixo dos diplomas, da vida social, das roupas caras, e ele era Mew D' Luka, o filho aterrorizado do bruto Mike, um garoto tão desesperado para escapar da violência e pobreza do seu bairro que aceitava todos os tipos de empregos para ficar longe das ruas.

   Ele dobrava jornais às 4 horas da manhã, entregava-os em sua bicicleta as cinco e recebia o pagamento nos bairros de alta classe a tarde. Quando terminava de entregar jornais, recolhia garrafas de cerveja e latas de refrigerante e, então, começava a cortar grama.

  Criativo, havia confeccionado cartões e colocado em quadros de avisos, em caixas de correio, debaixo das portas das casas.

  Mew D' Luka. Faz tudo. Pintura. Limpeza. Serviços gerais. Excelente trabalho a preços baratos. Referências disponíveis. Trabalho depois da escola e todos os finais de semana.

  Qualquer coisa por um dólar.

  Qualquer coisa para escapar do prédio decadente que chamava de casa.

  Qualquer coisa para evitar o temperamento cruel do bruto Mike e seus punhos impiedosos.

  Com os olhos ardendo, Mew apanhou seu travesseiro e virou-se de bruços.

  Os suppasit o haviam ajudado a deixar seu antigo bairro para trás, e ele já ganhará dinheiro mais do que o bastante para garantir sua segurança financeira. Mas ainda não se sentia realizado. E o trabalho, que havia sido seu reduto mais seguro, tornara-se um pesadelo. Como fazer aquilo? Como continuar daquela maneira? Como se tornar alguém que não era?

   Fechando os olhos, recostou a face no travesseiro. Mas com os olhos fechados, viu uma forma escura, e a forma se tornou uma tatuagem preta e verde no braço de Mike. A imprensa não adoraria saber que Mew suppasit era, na verdade, Mew D' Luca.

  San descobrirá e era só ver o que acontecerá. Ele não apenas o deixará. Fugirá dele.

  Mew não podia mais continuar com aquilo. Sua mãe o aconselharia a tirar um osso para a mídia, para lhes dar uma história...

    Mew Suppasit se casa.

  Mew suppasit não mais um solteiro.

  Não mais sexy, agora apenas um Entediante homem casado.

    Mew respirou fundo, e a pressão em seu peito começou a diminuir.

    Ele se casaria, sairia do centro das atenções, voltaria a ser Um Homem Comum.

   E lhe ocorreu então, enquanto a tenção se dissipava, que conhecia o homem perfeito, o homem mais prático e sensato que lidava com a imprensa com facilidade, que conseguia cuidar de sua agenda e já conhecia seus hábitos e preferências... Gulf.

   Ele estava sendo o melhor secretário possível. Seria o melhor esposo possível.

Sem compromisso ! Será??Onde histórias criam vida. Descubra agora