Cap: 6 Antes tarde do que nunca

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  A bebida fumegando na cafeteira elétrica, ele deixou a Copa dos funcionários e seguiu em direção ao conjunto de escritórios da presidência, acendendo as luzes pelo caminho. Aproximando-se do escritório do senhor Suppasit, gelou.

   Ele já havia chegado e estava sentado a própria mesa, a porta entreaberta. Nunca deixava a porta entreaberta. Era um homem que preferia privacidade, sempre.

   Gulf ficou parado na antessala onde ficava seu escritório, quase hipnotizado, ouvindo-o digitar ao teclado de seu computador.

  Algo estava errado. A porta não deveria estar aberta. Ele não deveria estar usando seu computador ainda. Deveria estar lendo os jornais.

  O que acontecerá? Seria algo relacionado a empresa? Gulf receberá três telefonemas no dia anterior de vários fontes ligadas a mídia. Ou aquilo Seria algo mais pessoal? Teria algo a ver com... Ele?

   O som no teclado cessou momentaneamente, e Gulf foi tomado por uma sensação das mais estranhas. Sua pele se arrepiou. Seu corpo pareceu ficar incrivelmente sensível, por inteiro.

  Jamais se sentirá tão ciente da presença dele antes. Embora a mente lhe dissesse que ele ainda permanece a mesa, era quase como se estivesse parado ali a seu lado, tocando-o.

  O calor espalhou-se por suas faces, respirou fundo e. Estava se deixando levar pela imaginação, disse a si mesmo, censurando-se, obrigando-se a agir.

   Adiantando-se até sua mesa, retirou o casaco leve pendurou no gancho ao lado do armário de arquivo.

   Enquanto puxava a cadeira, notou um livro de capa verde clara no meio de sua mesa.

  Não se lembrava de ter deixado um livro ali na noite anterior. Sempre deixava a mesa limpa, vazia.

   Aproximou-se mais e ergueu o livro. Nunca trabalho para um cretino.

   Largou-o como se o tivesse queimado. Céus! O livro. Era o livro. O que mencionar a Tar. Ele foi ali comprar um exemplar...

  Gulf cambaleou até a cadeira, sentando-se pesadamente, a bolsa caindo a seus pés.

   Mew Suppasit e é despedi-lo. Era por aquele motivo que a porta estava entre aberta. Estava à sua espera para poder lhe dar o proverbial bilhete azul.

   Mas não deveria ter acontecido daquela maneira. Fora ele que estivera em busca de um novo emprego. Que ficará magoado. Aquele cujos sentimentos tinham sido pisados.

  E, ainda assim, algum dia o chefe reclamara dele? Já o insultara publicamente? Ou até mesmo em privacidade?

  Por que havia feito aquele comentário indiscreto a Tar? Por que deixará suas emoções sobrepujarem o bom senso? Qual era mesmo o ditado? O peixe morre pela boca...

  Sentia-se profundamente constrangido.

  O interfone em sua mesa tocou.

  _ Senhor Kanawut, quando tiver um minuto, gostaria de lhe falar.

  O coração de Gulf disparou no peito. Não conseguiu se mover, incapaz de encontrar forças em suas pernas.

  Mas não podia ignorá-lo. Já estava encrencado. Era melhor resolver logo aquilo de uma vez por todas e enfrentar o pelotão de fuzilamento.

   Respirando fundo, afastou a cadeira da mesa e levantou-se, alisando o terno, certificando-se de que estava Impecável.

  O interfone tornou a tocar.

_ E, senhor Kanawut não precisa trazer o livro com você.

   Mew observou o Gulf entrando em seu escritório, empertigado, os olhos arregalados por trás das lentes dos óculos pesados, os cabelos volumosos bem penteados. Ele sentou-se depressa na beirada da cadeira diante da mesa e dobrou as mãos sobre o bloco de anotações e a caneta que levara.

Sem compromisso ! Será??Onde histórias criam vida. Descubra agora