Cap:29 Quarto de hóspedes

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  _ Bem, você certamente não quis ser meu marido! _ Havia uma expressão glacial nos olhos dele. _ Só estou tentando entender o que é que você quer. É evidente que não quer ser meu amante, que não quer se casar comigo tão pouco. Então, que diabos você quer de mim?

   Amor. Mas aquela era uma coisa que ele já lhe dissera que não podia dar. Podia lhe dar coisas materiais, dar-lhe um nome, prazer, mas não lhe daria amor.

  Gulf mordeu lábio inferior, lutando contra as lágrimas.

  _ O que você está fazendo aqui, afinal?

  Mew sacudiu a cabeça, caminhando pelo meio do caos no apartamento.

  _ O zelador do seu prédio me ligou, informou-me o que aconteceu. Mew virou-se abruptamente, os olhos faiscando. _ Porque você, com toda a certeza, não ia me ligar.

   Gulf endireitou uma cadeira e sentou-se devagar. Jamais o vira tão zangado.

  _ E como o zelador do meu prédio sabia seu número? Porque, Afinal, resolveu ligar para você?

   Mew soltou um suspiro exasperado, o semblante duro.

   _ Não posso acreditar que você está se atendo a detalhes como esse numa situação destas!

   Gulf sempre o achara tão calmo, tão controlado, mas parecia possesso agora.

  _ Eu apenas não sabia que meu zelador conhecia você.

   Mew tornou a praguejar antes de se aproximar outra vez, segurando-o pelos ombros e fazendo-o levantar-se.

   _ Eu pedi a ele que ele olhasse por você. Dei-lhe dinheiro para que ficasse de olho em você. Eu o estou pagando desde janeiro, se você realmente quer saber.

  _ Janeiro?

  Mew continuou segurando-o, puxando-o para si.

  _ Eu me preocupei com a sua vizinhança. Sabia que você não tinha família no estado e achei que precisaria de alguém para olhar por você. Certo?

_ Certo.

  Qualquer vontade de lutar que restará dentro de Gulf dissipou-se. Não sabia o que pensar no momento, suas emoções num turbilhão.

  Estava com fome e cansado. Sentia-se físico e emocionalmente esgotado, na verdade.

  Mew ergueu-lhe o queixo e fitou-o nos olhos.

   _ Nunca mais me assuste desse jeito, ouviu bem?

  Gulf não podia desviar o olhar. Pode ver uma emoção indecifrável nos olhos escuros dele, algo velado e profundo, algo que o fez pensar em dor enterrada por um longo tempo.

  _ Mas nada me aconteceu.

  _ Não é essa a questão. Eu instrui meu motorista para acompanhar você até seu andar. Pedi-lhe que verificasse o apartamento primeiro, mas ele voltou dizendo que você nem sequer o deixou subir. Se não tivesse sido tão teimoso... _  Mew interrompeu-se, cerrando os dentes e, soltando-o, deu um passo atrás. Por um longo momento de silêncio, apenas sacudiu a cabeça, a expressão furiosa.

  _ Você não pode ficar aqui esta noite _ disse, enfim. _ Vou ligar para o senhor Foley e instruí-lo para preparar um quarto para você no meu apartamento.

   O quarto de hóspedes, provocou uma voz silenciosa. Não o quarto dele, o de hóspedes.

   _ Não é necessário. Eu ficarei bem aqui. É apenas uma desordem. Eu Começarei a organizar tudo estarei mais calmo pela manhã.

   _ A fechadura foi arrombada _ declarou Mew com impaciência. _ Você precisa de um chaveiro. Ou vai querer discutir sobre isso também?

   Mew encarou-o com ar de quem não aceitaria argumento.

  _ Quer pegar alguma coisa? A alguma coisa que queira levar, algo que não queira deixar para trás? Esta é a sua chance. Apanhe o que quiser porque talvez não haja uma oportunidade para voltar.

  O senhor Foley recebeu-os a porta do apartamento de Mew na quinta avenida.

   _ Você está bem, senhor Kanawut? _ Perguntou e, solicito, pegou a mala de viagem e a pilha de correspondência que ele levará consigo.

   _ Acho que sim.

  _ Você precisa de um banho quente e de um jantar na cama _ declarou O Mordomo com firmeza. _ Tenho algo no forno para você, um delicioso suflê e uma torta leve de pera para sobremesa. Agora, se me acompanhar, nós o acomodaremos para a noite.

   Mew observou o senhor Foley guiando Gulf pelo corredor como se fosse o ser mais delicado e frágil na face da terra. Hora, podia ser delicado, concordava ele, mas também era terrivelmente teimoso. Bem, que o senhor Foley o milagre era evidente que gostava muito dele e ele, apesar de nunca ter demonstrado com seu profissionalismo Impecável, jamais parecerá nem se quer aprovar ninguém com quem Mew já tivesse saído antes.

   Franzindo o cenho, ele voltou para seu escritório, onde estivera verificando sua correspondência, os e-mails da semana e as mensagens deixadas na secretária eletrônica.

   Soltou um suspiro, enquanto acabava de ouvir as mensagens. Família. Amigos. Ligações de negócios. Realmente detestava o telefone. Era fácil para as pessoas deixarem uma dezena de mensagens, mas ele levava um longo tempo para responder a todas.

   A ligação seguinte o fez gelar. Era uma voz do passado:

   Olá, Mew  aqui é San. Acho que devemos conversar... Precisamos conversar. Quis ligar para você tantas vezes, mas sempre disco o seu número e acabo desligando antes de deixar uma mensagem .

   Ele soltou um pequeno suspiro, o som captado pela gravação. Mew sentiu um nó no estômago. Conteve a respiração, Esperando para ouvir o restante: 

  Lamento quanto ao casamento, o nosso casamento, quero dizer. Sempre me arrependi do que fiz. Ligue-me. Por favor. Logo que você puder.

   San recitara um número de telefone antes de ter desligado.

   Mew anotou-o num bloco de papel em sua mesa, apagou a mensagem feito um autômato e ouviu a seguinte. Era dos Pais de Gulf, querendo saber se o filho estava bem. A senhora Kanawut deixará um número onde poderiam ser encontrados, dizendo que era de uma pousada nas montanhas e pediu-lhe que se certificasse de que o ligasse o mais breve possível.

   Mew anotou o telefone também, mas seus pensamentos estavam um turbilhão. Foi somente quando acabou de ouvir todas as mensagens que realmente estudou o número de Sam.

    Por um longo momento, não se moveu. Sam Telefonara. Queria vê-lo.

  Olhou fixamente para parede, mas ainda podia ouvir a voz em sua mente, imaginar seu rosto. O impaciente, imperioso Sam.

  Amara-o tanto. Amara-o demais. Esperará anos para falar com ele, anos para ouviu-lo, entrando em contato, mas, agora que Sam finalmente Telefonara e lhe deixará seu número, ele não estava certo de que tinha algo a lhe dizer.

Sem compromisso ! Será??Onde histórias criam vida. Descubra agora