Cap: 25 Eu te amo

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   Mais tarde, eles fizeram bom uso dos roupões, embrulhando-se no tecido macio e atoalhado, e caminharam de volta até a casa.

   Passava da meia-noite, e Gulf tropeçou de leve no caminho de terra batida, os archotes ardendo tão suavemente que vários haviam se apagado.

   Mew segurou-lhe o cotovelo, ajudando-o a manter o equilíbrio enquanto chegavam até os degraus de pedra que conduziam ao Terraço mais baixo da casa.

   Gulf sorriu em agradecimento, tão calmo que não precisou de palavras, falar parecia redundância depois de tudo que acontecerá. Fora à noite mais surpreendente, mais perfeita de sua vida. Ele sabia que poderia nunca mais vivenciar uma noite como aquela, sabia que a intensidade, a química ea paixão que sentirá eram únicas e tinham se dado pelo fato de ter estado com Mew.

    Não precisava que ninguém lhe dissesse que não eram todos que se amavam daquele jeito. Não precisava de uma dúzia de parceiros para reconhecer que, o que encontrará, o que sentirá, era algo que poucas pessoas chegavam a ter. De algum modo, fora abençoado, acabará se tornando um entre aquelas pessoas afortunadas.

   A casa estava silenciosa, a maioria das luzes internas com a intensidade diminuída. Aqui e ali, uma lâmpada difusa iluminava uma obra de arte e alguma das esculturas maiores de bronze. Mas luzes não eram necessárias com o luar se filtrando pelas imensas vidraças. A casa parecia uma extensão da noite quente e sedutora, e Gulf conteve a respiração por um momento, dizendo a si mesmo para se lembrar, para não se esquecer de nada.

   Aquilo era uma mostra do paraíso, pensou, alegria transbordando de seu coração. Ter sido amado por ele daquela maneira, por seus lábios e mãos tão ternos, por seu corpo ardente. Sentir-se tão bem, tão realizado como ninguém.

    Mew guiou-o até a cozinha.

  _ Está com fome?

  _ Sim. E com bastante sede.

_ Pegue uma das banquetas.

   Gulf sentou-se junto ao balcão, dando-se conta de como seu corpo estava sensível. Decididamente não era mais um virgem. Graças a Mew, sabia de muito mais do que soubera aquela mesma hora no dia anterior.

  Mew abril a grande geladeira, reunindo frutas, queijo e garrafas de água mineral.

   Levou tudo para o balcão antes de localizar um filão de pão, manteiga e uma faca. Era como um piquenique, estarem sentados ali ao balcão sob luzes difusas. Comeram pão e queijo e, enquanto Mew cortava fatias de manga e mamão, não conversou.

   Gulf ficou contente, palavras teriam arruinado o momento. Gostou do Silêncio, da quietude, do senso de mistério.

   Até aquela noite, nunca havia realmente vivido. Até aquela noite, ele nunca se sentirá bem na própria pele. Sempre se achar a comum demais antes, tão inseguro e desajeitado, mas nos braços dele sentira-se adorável. Tanto por fora quanto por dentro.

   Não mais um garoto, mas agora um homem.

   Havia certos ritos do ingresso na vida adulta, e naquela noite fora iniciado no mais significativo de todos.

   Não era algo apenas sobre sexo, pensou, enquanto saboreava uma fatia de mamão mas sobre viver. Era uma coisa amar um homem de todo coração, mas algo completamente diferente a amá-lo com a alma.

   Amava Mew com todas as suas forças e ter feito amor com ele apenas acentuara sua confiança, solidificara sua lealdade. Não importando o que acontecesse no futuro, sempre seria parte dele, e ele, seu.

   Saciado de muitas maneiras, bocejou.

_ Você está exausto _ riu Mew.

  _ Nem me fale.

  Mew inclinou-se, beijando-o a fronte e, depois, os lábios.

   _ Obrigado.

  _ Porque está me agradecendo?

  Mew abriu um pequeno sorriso, os olhos velados com coisas que ainda não partilhara, histórias e fatos que mantinha guardados dentro de si.

  _ Foi muito bom esta noite. Foi realmente bom entre nós. Pareceu certo.

    De fato. Parecerá certo. Uma onda de calor envolveu o Gulf os olhos ardendo, a emoção que sentia intensa. Aquela felicidade que o tomava era algo permanente, algo que sempre teria porque fora uma noite perfeita, no cenário perfeito com o amante igualmente perfeito.

  _ Eu te amo.

  Não pretendera dizer aquilo, pensará nas palavras, sentirá as em seu coração, mas não tivera a intenção de dizer nada. Mas agora que as dissera, não se arrependia. Como podia? Era a verdade, e se não pudesse ser franca com ele agora, quando poderia?

   Mew segurou-lhe o rosto entre as mãos.

  _ Doçura, eu acredito em você. _ Beijou-lhe os lábios demoradamente. E, quando ergueu a cabeça, acrescentou:_ agora, é tempo de você acreditar em si mesmo.

   Tornou a beijá-lo brevemente e disseram boa noite um ao outro. Gulf fechou a porta do banheiro de sua suíte e ligou o chuveiro, deixando que a água quente lava-se o sal e a areia de seu corpo e cabelos.

   Mas, quando se deitou, o sono foi leve. Horas mais tarde, seu corpo ainda estava tão sensível que acordou, certo de que Mew estava com ele, que suas mãos o acariciavam e que faziam amor outra vez.

   Levantou-se, exausto, enquanto o dia ainda amanhecia e sentou-se na varanda, ouvindo as ondas quebrando na praia.

    Sempre acreditara que o amor era a coisa mais importante entre duas pessoas e prometera a si mesmo, anos antes, que esperaria para fazer amor até que estivesse verdadeiramente apaixonado. Bem, e fizera aquilo. Esperará para fazer amor, esperará por Mew, e à noite anterior provará que a espera valerá a pena.

   Fora uma experiência tão surpreendente. O jantar, o pôr do sol, o mergulho no mar. Aquelas coisas não costumavam acontecer em sua vida. Aqueles eram os tipos de eventos dos livros de histórias que aconteciam com outras pessoas... Pessoas com como seus irmãos, como Sam, pessoas que eram distintas, sofisticados e fisicamente bonitas.

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