Cap: 28 Seu amante.

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_ Ele amara San, mas não era capaz de amar a ele, Gulf.

Não me apaixono mais.

Gulf não conseguiu tirar as palavras de sua mente e nada foi exatamente mais o mesmo depois daquilo.

Eles ficaram na ilha por mais três dias e, aparentemente, o relacionamento físico permaneceu mesmo, mas havia uma nova espécie de tensão entre os dois, um atrito que não existirá antes.

Era uma questão quase amarga para Gulf que Mew ainda o levasse ao auge do prazer, que ainda aplicasse sua imensa habilidade para extasia-lo, pois não era a satisfação física que ele queria tanto quanto emocional.

Aquilo era apenas sexo? Mew conseguirá amá-lo algum dia? E se era apenas sexo não seria inevitável que ele acabasse se cansando dele?

No último entardecer de ambos na ilha, Mew foi velejar sozinho e Gulf ficou na varanda, contemplando o céu e o Horizonte. Esperando para ver seu último Pôr do Sol ali.

Com o coração oprimido, observou a grande bola de fogo descendo lentamente, até parecer desaparecer no meio do oceano e, enquanto a água explodia numa profusão de matizes de laranja, vermelho e ouro, lágrimas encheram os olhos de Gulf.

A Deus, Paraíso. Estava pronto para ir para casa.

Eles chegaram a Seul no final da tarde de domingo. Mew tivera dois carros à espera no aeroporto. Uma limousine para Gulf, e outra para si mesmo e o senhor Foley.

Então, estava terminado, pensou Gulf, de um instante para o outro. Uma semana de sexo sensacional e, então, colocar o garoto num carro e mandá-lo seguir seu caminho.

Enquanto a limusine deixava o aeroporto, Gulf teve tempo de sobra para pensar. Não tinha certeza da razão para Mew ter esfriado em relação a ele, mas sabia de seus próprios motivos para ter o feito em relação a Mew. Não era apenas por causa do emprego, San... era pela completa falta de comprometimento emocional da parte de Mew.

Nenhuma palavra de amor. Nenhuma Promessa de segurança. Apenas: eu Pagarei as contas desde que você continue a cuidar de mim.

Talvez ele não quisera dizer aquilo exatamente, porém era como parecia, algo um tanto sórdido.

Mas Gulf sabia que, desde o início, aquela situação estivera fadada há semelhante desfecho. O que fazer se era um romântico incorrigível? De qualquer modo, o fato era que não se podia substituir sexo por amor. Não se podia ter amor sem sexo. Mas o fato era que não tinha uma simples atração por Mew, estava apaixonado. E qualquer que tivesse sido o jogo que estivera fazendo recentemente só teria a perder.

Apenas quando se livrou do motorista e se viu na privacidade do saguão do seu prédio, permitiu que as lágrimas que estivera contendo rolassem livremente por seu rosto. Se ao menos ele tivesse lhe dito algo carinhoso quando haviam se separado! Se ao menos tivesse falado:

_ Obrigado por uma ótima semana. Cuide-se bem. Estarei pensando em você. _ Mas nenhuma palavra. Nem uma Bendita palavra.

Gulf subiu até seu apartamento no décimo primeiro andar e ficou chocado. Encontrou a porta destrancada e, quando abriu pode logo constatar que seu apartamento fora invadido. Toda a sua mobília fora revirada, roupas estavam amontoados, vidro quebrado espalhavam-se pelo chão.

Largando a mala, correu de volta até o elevador. Era como se estivesse correndo em câmera lenta, o terror dominando, distorcendo a realidade.

Freneticamente, apertou o botão do elevador, implorando para que voltasse. Chegando ao térreo, ligou para o zelador, uma vez que não havia porteiro no edifício, e ele chamou a polícia.

Gulf aguardou sentado no pequeno saguão até que a polícia verificasse seu apartamento e, depois, colhesse seu depoimento.

Ainda foi chocante para ele voltar a sua pequena sala de estar. Quem quer que estivesse estado a li causara um terrível caos. Quase tudo fora virado de pernas para o ar, esvaziado ou quebrado.

Não conseguia entender. Não tinha dinheiro, joias, nem obras-de-arte, nada de valor e, ainda assim, seu apartamento fora praticamente destruído.

Andou devagar pelo apartamento, notando, esgotado, que o invasor se excedera. Seus travesseiros estavam cortados. O colchão fora aberto ao meio. Todas as coisas tinham sidos despejadas do armário.

E qual fora a finalidade de tamanha depredação? O que queriam, e fora mesmo necessário retalhar seu sofá? O Invasor realmente achará que ele escondia diamante no seu estofado barato?

_ Que diabos aconteceu? _ A voz possante de Mew ecoou pelo pequeno apartamento.

Gulf sobressaltou-se e soltou um grito, se de alívio ou medo não soube dizer.

_ Porque você não me telefonou? _ Perguntou Mew com ar grave, tirando o blazer e atirando no sofá rasgado.

_ Eu... Eu... _ Gulf o encarou, balbuciando, completamente sem ação. _ Eu...

_ O quê?

O coração de Gulf disparou, o estômago ficou em nós.

_ Eu achei que você não se importaria.

Mew soltou uma série de impróprios violentos, fortes o bastante para fazer um marujo calejado corar.

_ O que quer dizer? Acabei de passar a última semana provando que me importo. Se isso não diz alguma coisa...

Gulf estava boquiaberto.

_ Se não diz alguma coisa? _ Interrompeu-o exaltado. _ Hora, você nunca diz nada. Você faz amor e vai dormir.

_ Mas isso deveria lhe dizer alguma coisa. Não faço amor com alguém de quem não gosta.

_ Gostar? O que eu quero é ser amado.

Mew franziu o cenho, sua expressão carregada como nunca.

_ Pelos céus, homem, gostar, amar, qual é a diferença? Quero você. Quis você ao meu lado. Pedi-lhe que fosse morar comigo. Disse-lhe que queria cuidar de você. Mas, não, isso não foi o bastante para você.

Mew estava falando como se Gulf tivesse sido a parte pouco razoável ali.

_ Você deu a entender que eu seria seu amante!

_ Achei que talvez você gostasse da ideia.

_ De ser seu amante?

Sem compromisso ! Será??Onde histórias criam vida. Descubra agora