O sepulcro

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Lá no spirit a fic tá atualizada até o capítulo 4, portanto, vou postar tudo de uma vez aqui no Wattpad
E mais uma vez, a fic postará no Spirit é minha tbm. Meu user (Kamy-Matarasu) Fico neurótica com essas coisas de postar em dois lugares diferente, mas é isso
Boa leitura.

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Naruto acordou agitado, balbuciando palavras indecifráveis. Tateou as mãos contra a lama e entreabriu os olhos, vislumbrando o céu nublado sem a torrente de chuva que pareceu querer afogá-lo enquanto estava inconsciente. A brisa fria estapeou-o no rosto, carregava o cheiro forte de sangue e de morte, trazendo-o à tona a realidade.

Hinata, o nome da esposa formou-se em seus lábios. Ele sentou-se no chão e pelo canto do olho distinguiu as cruzes, deteve-se a tempo de olhar completamente, mas seus olhos traiçoeiros tentavam-o. Levantou-se de repente, seu corpo ainda pesava, suas pernas pareciam fraquejar aos seus movimentos e seus malditos olhos queriam a todo custo olhar para as cruzes.

Seria impossível caminhar todo aquele percurso até a vila sem olhar para os corpos crucificados. Ele tentou, reunindo todas as forças que ainda lhe restavam. Chegando ao seu destino, sentia-se oprimido e exausto como se tivesse cortado todo o trajeto em uma caminhada desesperada. E houve, sem ao menos perceber, entretanto, a visão dos casebres queimados era ainda pior do que as imagens de seu povo pregado na cruz.

Se tinha a intenção de poupar-lhe a visão sepulcral, enganou-se miseravelmente. O odor dos corpos queimados embrulhava o estômago, alguns ainda se mantinham quase intactos como se não houvesse fogo o suficiente para queimá-los por inteiro e o sangue acobreado refletia entre a escuridão da metade da pele queimada.

Naruto tentou fechar os olhos sentindo-se como um garotinho indefeso e vulnerável. Já havia presenciado inúmeras batalhas e mortes sangrentas, mas jamais experimentou a dor de ver seus conterrâneos e família massacrada daquela maneira. Talvez agora entendesse a agonia de seus inimigos mortos em batalha, de suas famílias que provavelmente tiveram o mesmo destino. Agora sabia que em uma guerra nenhum dos lados eram heróis, ambos traziam dor e sofrimento e deixava marcas na terra que ali se estendia e guardaria aquelas imagens mórbidas para todo sempre.

Ele ficou longos minutos observando a devastação, até sentir-se preparado para seguir a sua casa ou daquilo que restou. Seu coração doeu profundamente ao notar o totem nas cinzas de alguém que ali se encontravam. Devastado, caiu de joelhos, estendeu a mão e tocou no totem de formato de dragão e apertou o punho com tanta forma que as escamas do dragão de marfim perfuraram sua pele, não demorou muito para que um filete de sangue escorresse em seu punho.

Fechou os olhos e rezou pela alma de seu filho e de sua esposa, sem dúvida aquelas cinzas eram deles. Ele havia deixado o totem de sua família nas mãos do filho quando o pediu para proteger-lhe a mãe. E pensar de que forma, Boruto poderia ter se arriscado. O sentimento de culpa afetou-o. Naruto lembrou-se da família reunida na saída da vila observando-o partir, sem ter noção que seria a última vez que os veriam. Fora tolo o bastante para deixá-los.

Sim, sua esposa havia depositado nele o temor de enfrentar o império romano, agora, até mesmo aquilo o fazia corroer-se de culpa. Talvez, tivesse mesmo cedido... E prolongar mais alguns meses ou dias de vida? Os romanos seriam piedosos para perdoá-los mesmo que os soldados Celtas depositassem suas lanças e espadas sobre o chão? Não. Ele tinha certeza. Estava diante de um massacre e isso era a resposta de Roma para aqueles que eram contra suas leis.

Os romanos não os perdoariam. Ele também não. Poderia realmente perder a vida tentando, mas morreria em paz quando conseguisse ver a cabeça do responsável desprender-se do pescoço. A sua vida mais do que nunca havia se tornado valiosa demais, não podia morrer sem antes matar todos os líderes do estado, sem antes vingar-se de Roma.

O gladiador de PompéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora