Lágrimas de sangue

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Pompéia, 79 d.C

672 horas antes da erupção do Vesúvio


O sol poente emprestava um brilho intenso à vegetação esverdeada, enquanto o vento impelia sobre as gramíneas altas de encontro à relva. Os edifícios misturavam-se sobre o colorido fervoroso da natureza, ao longe a montanha em forma triangular completava a beleza fértil de Pompéia.

Um grande número de pessoas vinha de todos os lados, aglomerando-se nas ruas do comércio. O burburinho alegre das pessoas tripudiou sobre a palpável aura sinistra que o emanava.

Entre os edifícios das casas e palacetes bem distante da aglomeração do povo, os filetes da construção do anfiteatro cintilava ao horizonte.

A raiva irrompeu quando Obito olhou para as ruínas que constituem o anfiteatro.

Ele não tinha dificuldade alguma de se lembrar da tentativa de assassinato há algumas horas. Muito menos da sua proeza de render-se às súplicas da esposa, tendo em mente que aquele gladiador era tão amado e acolhido pelo povo romano bem mais do que o próprio governador.

— Obito?

Obito olhou pelo canto do olho, sem se surpreender com a voz de Kakashi a suas costas.

Ele virou-se, seus ombros enrijecidos pela tensão e seu olhar obscurecido pela sensação de inutilidade.

— E então? O que tem para me dizer?

Kakashi se aproximou. Teve a intenção de sentar-se, mas pela expressão sombria nos olhos de Obito, preferiu explicar a situação de maneira formal.

— As informações coincidem. O rapaz foi vendido para uma fazenda de grãos na Grécia. Depois do ataque de um grupo de rebeldes foi capturado por bárbaros, mais tarde sendo prisioneiro grego e por fim gladiador.

Então tudo foi se encaixando perfeitamente em sua mente, ao ponto de constatar que fora tolo em acreditar no primo.

— Itachi. — Obito falou com vontade de socar a mesa. — Aquele desgraçado estava por trás disso tudo! A criança não tinha sido morta como havia dito, mas tentou matá-la. Tenho certeza que esse grupo de rebeldes estava sob o comando dele.

— Então condená-lo a morte não foi tão ruim assim.

— Definitivamente ele merecia ser morto — inquiriu Obito, furioso. — Há mais alguma coisa que eu deva saber?

— Parece que há uma ligação muito forte entre ele e um outro gladiador. Ambos foram capturados juntos pelos bárbaros e aprisionados pelos gregos igualmente, além disso, são excelentes lutadores.

— Poupe-me dos detalhes, Kakashi. — Obito desabou na cadeira e massageou a têmpora. Sua cabeça ameaçava a doer, mas um pensamento perverso despertou sua atenção. — Ligação forte — murmurou, antes de voltar a olhar Kakashi. — Reúna um grupo de soldados; uns cem homens será suficiente. Peça para organizar a próxima luta. Quero que o rapaz e seu amigo lutem contra os cem soldados.

Kakashi percebeu o sentimento maligno irradiado nas pupilas de Obito.

— É basicamente uma execução.

— Se eu não posso condenar a morte o responsável por tentar me matar, porque o povo de Pompéia o idolatra. Então darei para o povo o que tanto gosta. Seu gladiador em uma luta sangrenta.

— Tem certeza disso, Obito?

— Absoluta. — ele concluiu.

Kakashi assentiu.

O gladiador de PompéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora