Argos, Grécia
79 d.CO comércio da cidade de Argos fervilhava de pessoas. Muitas das barracas de tecido eram cercadas por mulheres bonitas quanto alvoroçadas. Parecia uma disputa de quem compraria primeiro os tecidos que começavam ficar escassos nas barracas erguidas do outro lado da fonte.
Boruto olhou com atenção para o alvoroço, onde alguns mercadores lhe ofuscaram a visão com os braços repletos de cargas pesadas. Quando não eram os sujeitos mal encarados levando baús e sacos, eram ambulantes com suas quinquilharias. Alguns nobres do outro lado, sobre as literais eram carregados nos ombros castigados pelos escravos. Ele desejava que algum deles tropeçasse e levasse seu nobre ao chão. A queda seria feia, assim como a punição do escravo responsável por tropeçar.
— Esse lugar nos promete muitas dores de cabeça. — Shikadai falou encostando-se na lateral da muralha que dividia os domus entre as vielas das ruas.
— Já deu uma olhada para aquelas barracas de tecido? — Boruto indagou incomodado com o ferro que lhe apertava o pulso. Na verdade, estava mais aborrecido do que incômodo com o bracelete metálico.
Shikadai olhou com má vontade para o alvoroço de mulheres, desta vez brigando por uma tira de lã.
— É por isso mesmo. Eu sei o que está pensando.
Boruto ao seu lado soltou um sorrisinho de canto antes de lançar-lhe um olhar cético, fingindo inocência.
— Vou me concentrar. Pode ter certeza.
— Você sempre diz isso antes de aceitar a oferta da nobreza. E vejo que Argos é bastante povoada por mulheres.
— Não seja, ranzinza. — ele caçoou voltando olhar para a rua, medindo de alto a abaixo uma encantadora jovem ao lado de uma mulher que poderia ser sua mãe. — Não tenho culpa se chamo tanta atenção do sexo oposto.
Boruto viu Shikadai revirar os olhos e virar o rosto para a fila de escravos com uma expressão desanimadora.
Já era tarde quando chegaram a Argos a fim de serem levados ao domus central da cidade, onde os gladiadores ocupavam antes de serem levados à arena. No entanto, porém, foram deixados na entrada das vias principais da cidade à espera do chefe, assim dominado pelo mesmo, Asuma Sarutobi.
Pelo jeito, o desgraçado demoraria bem mais do que o previsto. Boruto tinha um palpite. Aquela mulherada desesperada por moda, com certeza era o real motivo do chefe deixá-los como animais à espera naquele sol escaldante para aliviar sua abstinência.
Uma afronta, uma vez que ele e Shikadai haviam conquistado a confiança do manda-chuva, enchendo seus bolsos com prata a cada vitória nas arenas. Ele poderia ter sido mais benevolente e levado os dois juntos para a orgia.
Boruto riu de sua própria falta de noção. Jamais pensou que sua vida adulta fosse regrada de regalias, embora fosse submetido algumas ordens, como: ser acorrentado durante as viagens. E até compreendia os receios do chefe, aliás, não poderia ter um escravo capaz de matar mais de dez homens sozinho em uma arena, andando por aí sem corrente. Poderia ao menos encontrar um bracelete mais frouxo, que não esfola tanto a pele, pensou.
Ele lembrou-se de repente quando foi mais uma vez capturado pelos governantes gregos que devastaram boa parte dos bárbaros. Aqueles que foram poupados se submetiam a serem escravos. O que aconteceu com ele e Shikadai, até serem vendidos mais tarde para um mercador de escravos. Foram ensinados a serem gladiadores e vencedores. E Boruto lutou, matou e tentou ser o melhor. Quando conquistou a confiança do público, passou a ser temido por outros gladiadores e ser reconhecido por onde passava, assim como na visão dos nobres gregos. Recebendo então algumas regalias a cada vitória.
E as melhores regalias sem dúvidas era se enterrar como um louco no corpo quente das nobres que pagavam por serem saciadas até à exaustão.
Ele passou a gostar do que fazia, e a tola esperança de ser salvo pela mãe foi se tornando cada vez mais escassa, tão escassa quanto as lembranças de seu pai. Mal podia lembrar-se da fisionomia do homem que lhe dera a vida, por outro lado, lembrava muito bem dos olhos perolados de sua mãe, porém, o rosto também se tornava turvo em seus pensamentos. Todavia, estava ciente que jamais alguém carregaria a tonalidade daqueles olhos e essa era a única lembrança que restou.
De repente, Boruto sentiu um arrepio, embora não soubesse por quê. Segundos depois um furacão passou ao seu lado.
Um cavalo enlouquecido havia se desprendido de alguma charrete ou biga e partiu galopando violentamente pelas pessoas que atropelavam pelo caminho. Um grupo de homens desorientados tentavam conter a fúria do animal, mas todos estavam assustados demais para tentar tocá-lo.
Boruto observou a cena assim como a maioria das pessoas que se esconderam nas calçadas. Negou com a cabeça quando um dos homens que afugentava o cavalo resolveu agir bruscamente. Ele nem se deu o trabalho de pensar o que aconteceria com aquele idiota. Ao invés disso, manteve os olhos fixos nas construções à sua frente. Como se nada, absolutamente nada, estivesse acontecendo ali, à sua volta.
Um ponto azul iluminou-se diante de seus olhos, há poucos metros dele. A figura feminina observava com atenção e contrariedade o amontoado de homens tentando conter o cavalo em fúria.
Boruto nunca fora tão temente aos deuses gregos, mas naquele momento, acreditou que estava diante de uma mulher tão linda quanto as estátuas das deusas gregas. E por algum motivo, lhe lembrava muito a Afrodite.
Os cabelos negros cascateava como um véu atrás das costas, o corpo esguio e curvilíneo era coberto por peças delicadas de um tecido nobre, as tiaras embrenhadas em seus cabelos adornava o topo da cabeça.
Quando a desconhecida lançou um olhar fervoroso para a cena que se estendia, ela avançou.
— Mas que tolice. — Boruto resmungou observando-a caminhar na direção do verdadeiro submundo. Era como se Hades soltasse aquele cavalo louco na intenção de levar vários números de almas para seus domínios e aquela mulher seria uma delas. — Que mulher, tola!
— O que está fazendo?!
Ouviu a voz de Shikadai, mas já estava distante o suficiente para poder escutá-lo com nitidez.
Ele mal se deu conta que suas pernas ganharam vida própria e o impulsionou a caminhar rumo à desconhecida. De repente, o vento açoitou como lâmina ao seu lado. O animal pestilento, tinha conseguido escapar da brecha dos homens que tentavam acuá-lo e para sua desgraça, cavalgava rumo a tola.
Acelerou o passo e por alguma razão estremeceu quando viu-a cair sentada. O animal parou e tentou atingi-la erguendo as patas dianteiras na intenção de pisoteá-la. Foi então que Boruto notou que os olhos dela eram tão negros quanto o próprio cabelo.
Mesmo com os pulsos acorrentados, Boruto se pôs à frente do cavalo e ergueu os braços em sinal cauteloso, ao mesmo tempo que o encarava penetrantemente.
— Calma, garoto. — ele falou com voz aveludada, vendo o cavalo chocar as patas contra o chão com violência, sacudir a cabeça e fungar. — Não tenha medo. Não vou lhe machucar.
Deu uns passos à frente, enquanto o animal recuava insatisfeito por ser persuadido. Não demorou para conseguir tocá-lo no chanfro, logo após de conter a fúria que o possuía.
— Muito bem. — Boruto falou olhando com admiração para o garanhão branco. — Sei como se sente e já pensei muitas vezes em fugir também. — murmurou de encontro o animal, observando os olhos escuros do cavalo suavizar. — Vai ficar tudo bem.
Por fim, ele conseguiu respirar aliviado.
Afastando o olhar, Boruto virou-se na direção da mulher que ainda estava sobre o chão, boquiaberta e de olhos arregalados. Era a criaturinha mais linda que ele tinha visto na vida.
Aproximou-se e admirou o decote subir e descer diante da respiração descontrolada. Com simpatia estendeu a mão acorrentada à frente dela.
Um tanto assustada, ela aceitou a gentileza e se pôs de pé. Seus olhos se encontraram, os dela de assombro e os dele de pura curiosidade e malícia.
— Você está bem? Parece que precisa de um copo d' água ou algo assim.
Ela anuiu, antes de respondê-lo.
— Estou bem, obrigada.
De repente, um ruído capaz de revirar os ancestrais de toda Grécia no túmulo, ecoou por toda parte.
Então uma outra mulher de aparência graciosa, aproximou-se deles. Vestia-se com menos tecido e tinha os cabelos de um tom escuro.
— O que passou em sua cabeça ao se aproximar daquele animal, Sarada?
Sarada. Então este era o nome da tola que por muito pouco não foi pisoteada.
— Eles estavam amedrontando o cavalo. Eu só quis ajudar. — a mulher de olhos escuros respondeu em uma voz suave.
A outra, naquele momento, percebeu sua presença e o encarou com os olhos azuis brilhando. Não foi difícil perceber o olhar antes contrariado para um cheio de malícia.
— Ora, não fomos apresentados. — ela estendeu a mão em sua direção. — Chamo-me Himawari. E você provavelmente é um belo e encantador gladiador.
Boruto tocou na mão dela e afastou quando de repente algo o incomodou. Havia nela algo estranho que não conseguia entender. Geralmente, gostava de encontrar com mulheres bonitas e esta era tão linda quanto, mas por alguma razão não despertou nele o desejo de tê-la na cama.
— Hima, não fale assim. — A outra puxou o braço da amiga e lançou um olhar na direção dele. — Sou grata por salvar minha vida.
Já ia se afastar, mas a tal Himawari a impediu. Voltando a olhá-lo com aquele olhar que Boruto entendia muito bem.
— Desculpe os modos de minha prima. Você é mesmo um gladiador, sim?
Ele concordou.
— Percebe-se. — ela falou observando-a de cima para baixo com interesse. — Pode ter certeza que iremos comparecer amanhã na arena. Eu e minha prima estamos curiosíssimas para vê-lo em ação.
Dito isso, rodou nos calcanhares e afastou-se levando a morena ao seu lado. Viu quando Sarada arriscou olhar sobre os ombros antes de voltar olhar para frente.
Boruto observou-as desaparecer entre a multidão curiosa. No mesmo instante, sentiu-se um arrepio dominá-lo e a velha sensação de estar diante de perigo o deixou alerta.
Ele virou-se rapidamente detendo o chicote que por pouco não alcançou o lombo. Segurou firme as tiras com força. Então, lentamente, olhou para o soldado.
Boruto foi dominado por uma raiva tão intensa que prendeu a respiração.
— Saía da frente do meu lutador.
A figura oponente surgiu atrás do soldado, empurrando o pobre coitado para o lado com brusquidão e lançando um olhar firme em sua direção.
— O que você está fazendo aqui?
— Bancando o herói. — Boruto respondeu, afastando-se de Asuma, ainda encabulado com a energia sinistra que exalava daquela mulher de olhos azuis.
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O gladiador de Pompéia
RomanceNaruto procurava desesperadamente vingança por sua família. Mas, não seria fácil vingar-se de um império chamado Roma. Após o ataque romano contra o seu povo Celta, ele procurou vingança, mas o destino lhe reservava o pior para si quando uma caravan...