A beira do precipício

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Naruto respirou fundo devagar. Inspirando oxigênio como se fosse coragem. Procurando palavras que fossem capazes de afetar a obstinação palpável do filho.

Mantendo um curto espaço um do outro, Naruto tocou-o sobre os ombros.

— Posso pedir-lhe um favor?

As sobrancelhas de Boruto ergueram-se.

— Claro.

— Você poderia esquecer essa vingança?

Como se acabasse sendo insultado, Boruto franziu as sobrancelhas e lançou-lhe um sinal de aviso.

— Não vou recuar.

— Eu estou aqui agora. Deixe isso comigo.

— E onde esteve quando os romanos atacaram a vila? — Boruto indagou a queima roupa.

— Você sabe onde estava — ele respondeu. — Não faça isso. Não tente me culpar pelo que lhe aconteceu. Estou nessa jornada há muito tempo e não posso simplesmente deixar que meu filho corra o risco por mim.

— Sempre corri riscos.

— Sei que quer salvar sua mãe, mas sozinho você não conseguirá.

— E você vai?

— Eu me preparei todo esse tempo para isso. — ele respondeu e afastou as mãos dos ombros de Boruto. — Não vou decepcioná-lo.

Boruto encarou a volta ao exílio com diferentes emoções. Estava feliz por ter o pai de volta, mas se sentia inútil por ser pressionado a largar a vingança. Acreditava em Naruto, mas algo dentro de si recusava a desistir.

Ele fitou-o e apenas concordou em silêncio.

— Está bem. Se é o que quer.

Naruto soltou um suspiro de alívio e voltou a encará-lo com ternura.

— Sou um homem livre. Vou tirá-los desse lugar. Eu prometo.

— Não acha arriscado fingir ser gladiador?

— Não. Não depois que a vi. Preciso agir o quanto antes — disse ele, apertando os punhos. Se Jiraya for mesmo um bom mensageiro, Hinata surgirá em seus aposentos daqui há algumas horas. Com isso em mente, Naruto tratou de envolver outro assunto importante: — Gostaria de conhecer seu amigo, Shikadai.

Boruto encostou as costas no pilar que sustentava o alpendre, seus olhos se prenderam nas estrelas, quando seu pomo-de-adão subiu e desceu vagarosamente, em seguida sua voz ecoou mais uma vez no ambiente.

— Por quê?

— Ele precisa saber sobre o pai.

As sobrancelhas de Boruto ergueram-se de curiosidade.

— Você conhece o pai de Shikadai?

— Lutamos lado a lado nas arenas. Hoje ele é um homem livre.

Surpreso, o rosto de Boruto iluminou-se com a parca luz.

Sorriu e disse:

— É uma surpresa e tanto.

— Falarei para que Jiraya envie um mensageiro para avisá-lo de que seu filho se encontra em Pompéia — falou Naruto complacente. — Se não me engano, Shikamaru deve estar na Grécia.

— Parecia impossível — murmurou Boruto, com uma ponta de mágoa. — Eu e Shikadai jamais imaginaríamos que nossos pais estivessem vivos e que poderíamos revê-los mais uma vez. Parece um sonho.

O gladiador de PompéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora