O confronto

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— Está tudo bem, certo? — perguntou a Himawari ao vê-la encostar as mãos contra o parapeito da arquibancada do anfiteatro. — Posso ficar tranquila?

Ela a fitou demoradamente.

— Não confia, nele? — Himawari rebateu. — Grego nunca nos decepcionou. Sabe que é o melhor... — ela calou-se a tempo quando Kawaki infiltrou seus pensamentos. — Um dos melhores gladiadores de Pompéia — corrigiu-se.

Sarada olhou para a prima com firmeza. Existia uma confiança mútua nos olhos de Himawari, o que a encorajou acreditar que aquela batalha seria fácil para Grego dominar. Ora! Deveria se sentir envergonhada por temer o pior.

Desde quando começou a frequentar arenas ao lado da prima, nunca vira alguém tão forte e perspicaz em uma luta quanto o homem que admirava.

— Isso será interessante! — Himawari comentou, olhando com atenção para os dois homens que apareciam na arena sobre o coro da multidão.

Polidamente, Sarada tocou-lhe na mão. Himawari sorriu, mas evitou os olhos escuros.

Naquele momento, o recém-chegado encarou-a penetrante sob as frestas do capacete de bronze.

Ela o fitou demoradamente e sentiu-se um tanto estranha.

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Nem mesmo em seus sonhos idílicos Naruto acreditava estar diante de alguém tão semelhante a sua esposa. Embora a distância o impedisse de perscrutar melhor, ele podia jurar que a tonalidade daqueles olhos era o mesmo do céu em um dia límpido de verão.

Como se não bastasse, a mulher pegou-o observando. Intrigado, Naruto desviou os olhos e encarou seu oponente há alguns metros de distância. Afastando os pensamentos tolos de lado, concentrou-se e observou com atenção o inimigo.

O sujeito era alguns centímetros mais baixo, o que não seria uma desvantagem se tratando da firmeza e habilidade da qual girava o cabo da espada na mão e segurava com rigor o escudo. Ele sabia que estava diante de um jovem gladiador e esse era o único meio até o momento que supunha vantagem.

Naruto estava ciente do quão a imaturidade poderia ocasionar naquelas circunstâncias, por outro lado, precisava se dar conta da agilidade e outros fatores para chegar a uma conclusão. Julgar e deduzir eram técnicas supérfluas demais para pôr à risca.

Ele ouviu o brado do público se misturando em ambos os nomes. Não sabia se realmente aquele nome Grego fazia jus a sua origem, mas tinha uma ideia de como estudá-lo melhor. Lutou com muitos oponentes e gregos foram um número considerável.

Diante do inimigo, separados pelo terreno amplo, erguia-se a leve poeira condensada com partículas de areia. Só naquele momento Naruto percebeu que os pingos prematuros de chuva atingiram o solo e a poeira expandiu-se vagarosamente baixa. Não demorou para que os pingos se tornassem torrentes e que a areia virasse um verdadeiro lamaçal.

Os espectadores pouco se importavam com a chuva, os gritos e a agitação continuava fervorosa. Se algum covarde entrasse no circuito sobre a forte voz do público entraria em pânico. A multidão parecia querer entrar na arena para poder eles mesmo decidirem a batalha.

Mantendo sua guarda e sua posição com obstinação, Naruto rodeou o circuito, ambos se estudavam. Seus olhos azuis examinaram cada diâmetro e movimento antes de firmar o cabo da espada na mão e virar a lâmina em transversal contra o ataque súbito e mortal.

Seu alvo, contudo, era tudo aquilo que se assemelhava.

Naruto deslizou a lâmina contra lâmina para se certificar da força imposta no ataque, se surpreendeu ao notar que o adversário também o estudava nas mesmas circunstâncias.

O gladiador de PompéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora