A alvorada

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— Você me parece confortável com a situação.

— Sim, estou.

Não era verdade, Naruto admitiu a si mesmo. Tinha ajustado as condições e pensado sobre o assunto desde que Jiraya atormentava a mente. Mas não podia pensar no que esperar de Pompéia que uma dor terrível de cabeça já o afetava.

Do outro lado da fonte, Shikamaru dirigiu-lhe um olhar demorado.

— Desista disso, Naruto. Vai perder a vida tentando como muitos já fizeram. Seus dias como gladiador estão contados. Soube que Jiraya pensa em libertá-lo. Aproveite a oportunidade para recomeçar.

— Recomeçar. — ele repetiu olhando para os pedregulhos que formavam ao redor da fonte. Um casal de pássaros gorjeou do alto de uma tamareira e chamou-lhe a atenção. Juntos compartilhavam algum inseto que haviam capturado. — Nunca estive vivo de verdade, Shikamaru. Sinto-me ter deixado esse mundo quando encontrei meus pais crucificados e as cinzas que restou de minha esposa e filho. — lembrou-se com amargura. — Não tenho para onde retornar e não tenho família. A única coisa que me resta é a vingança. É o que me dá força para continuar sendo o que me tornei.

Shikamaru o fitou por tanto tempo que Naruto imaginou se ele lia seus pensamentos. Finalmente, meneou a cabeça e soltou um suspiro um tanto exagerado.

— Está bem, Naruto. Nós vamos tentar.

— Não quero você metido nisso. — ele afirmou depressa. — Você precisa procurar seu filho. Agora que Jiraiya lhe deu a liberdade e tem ouro suficiente para poder viver, gaste sua energia e seu ouro procurando seu filho.

— Sou seu amigo. Não posso abandoná-lo e você é apenas um homem.

— O que faz pensar que isso pode mudar se juntar-se a mim? — Naruto falou com certo cinismo, antes de encarar com seriedade Shikamaru: — Você tem uma nova jornada a cumprir. Seu filho provavelmente é um homem e deve imaginar o momento que o pai irá tirá-lo do que foi submetido. — Ele se levantou e estendeu a mão. — Vá meu amigo e encontre seu filho.

Shikamaru demorou alguns segundos antes de envolver a mão no antebraço de Naruto e apertar como se uma forte aliança se formasse ali.

— Que os deuses ajude-o em sua jornada.

Ficaram se encarando por um longo tempo, antes de desvencilhar as mãos.

Shikamaru meneou a cabeça e rodou os calcanhares seguindo pelo átrio. Agora como homem livre finalmente partiria rumo ao tão desejado sonho.

— Que os deuses o ajude também. — Naruto murmurou por fim.

— Irei registrar seus feitos em meus papiros.

Sem mostrar-se surpreso com a voz a suas costas, Naruto apenas assentiu:

Não demorou para Jiraya surgir ao seu lado, os olhos fixos pelo caminho que Shikamaru havia trilhado.

— Acha mesmo que ele encontrará o filho?

— Ele não vai descansar até encontrá-lo. — Naruto respondeu seus olhos azuis ainda cravado pelo caminho percorrido por Shikamaru. — Eu faria isso se o meu filho tivesse sido sequestrado e vendido para mercadores de escravos.

Jiraya olhou-o e disse:

— Andei pensando em libertá-lo.

— Ainda não. — Naruto virou-se de repente e caminhou de volta ao corredor onde os pilares ordenavam o átrio. Como havia conquistado muitas vitórias e a confiança de Jiraya, obteve regalias para perambular por todo o domus, embora tivesse que dormir e ainda conviver como um prisioneiro.

O gladiador de PompéiaOnde histórias criam vida. Descubra agora