Capítulo 24 - Damage

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Olho ao redor, estou em um lugar muito lindo. Há um extenso lago, esculturas de crianças em bronze, árvores, flores e uma melodiosa música clássica tocando ao fundo.

Espera aí... isso aqui é o rancho de Michael. Neverland! Como vim parar aqui?

Giro meu corpo e olho para trás, contemplo a casa de Michael naquele estilo tudor fantástico.

– Ai meu Deus, não posso acreditar que estou aqui! - Balbucio com entusiasmo

A porta da casa se abre e Michael sai de lá, vestido de preto, lindo como sempre, os cachos úmidos. Posso até mesmo sentir seu cheiro abaunilhado.

Mas então, Lisa vem atrás dele. Eles dão as mãos e entrelaçam os dedos. Michael a puxa para um beijo, um beijo igual ao que deram na tv. Eles parecem não notar que estou aqui e então com um grito estridente, finalmente acordo.

Minhas pálpebras pesadas se abrem aos poucos, sinto o incômodo da claridade, fecho os olhos rapidamente quando uma luz forte os atinge.

Tento abri-los novamente devagar e faço um certo esforço para me acostumar com a claridade desse lugar.

Ótimo, estou em um quarto de hospital. Migro o olhar para minha mão direita, está toda enfaixada, o que me faz lembrar dos últimos segundos antes de apagar.

Michael e aquela mulher, sangue e depois a escuridão. Com certeza minha mãe deve estar pensando que foi uma tentativa de suicídio.

- Eu encontrei você no chão do banheiro. Você estava inconsciente em cima de uma poça de sangue meu bem. – Minha mãe está ainda muito abalada me contando tudo o que havia acontecido comigo.

- Depois de ver o programa com Carlos, se passaram horas desde que vi você pela ultima vez e fui procura-la pela casa. Eu gritei tão alto quando a vi daquele jeito. - choraminga levando os dedos até meu rosto e me fazendo carinhos

- Foi a pior coisa que vi na minha vida, Molly. - Seus lábios estão trêmulos e tem profundas olheiras em baixo de seus olhos.

- Pedi para que Carlos não deixasse seus irmãos irem até o quarto e que os levasse para a vizinha. Liguei para a emergência e eles foram buscar você.

Olho pra baixo envergonhada. Eu não queria envolver ninguém nisso. Não queria deixar minha família preocupada. Eu não consegui pensar quando fiz tudo isso. Naquele momento eu só queria descontar minha raiva. 

- Sinto muito mamãe. - Digo docemente olhando em seus olhos. - Me desculpe, não fiz por mal.

- Então me fala minha filha! O que te deu pra fazer uma loucura dessas? - Mamãe pergunta em desespero. - Você quase me mata de preocupação, Molly.

Ela me faz me sentir mais culpada a cada segundo.

- Vamos falar disso depois? Não me sinto bem. - Digo firme. Agora não tenho estrutura nenhuma pra falar desse assunto.

Eu não quero lembrar do que aconteceu. O que eu fiz foi muito errado. Mas quando lembro dele beijando aquela mulher.

No fim das contas, meu pai tinha razão. Eu sabia que eu não era do nível de Michael. Lisa Marie Presley, ela é filha de Elvis Presley. O rei do Rock, um astro renomadíssimo. É com esse tipo de mulher que Michael vai querer aparecer nas revistas e nos tapetes vermelhos mundo a fora. Mulheres que são do mesmo mundo que ele, famosas. E não como eu, uma desconhecida. Comigo foi só diversão, apenas isso.

Minha alta do hospital foi liberada algumas horas depois. O médico me alertou para que eu não fizesse mais isso. Ele disse que minha mãe chegou no hospital em um estado alarmante. Ela teve que ser atendida também. Eu sou a pior filha do mundo!

- Querida, agora vai me contar o que deu em você? – Sara me pergunta logo após me cobrir com o lençol quando me deitei na cama.

- Mamãe, você sabe. Os estudos deixam as pessoas assim às vezes.  - Sorrio para tentar tranquilizá-la - Estou bastante estressada com as provas e trabalhos acumulados da faculdade. - Falo com um tom indignado - Eu enlouqueci e soquei o vidro do armarinho, foi só isso. – Minto.

Obviamente não contarei o verdadeiro motivo de minha angústia.

- Meu amor, você me deixou muito preocupada! Chegamos a pensar que você tinha tentado se matar – Sara sussurra a ultima frase, lágrimas se formam em seus olhos azuis.

Droga. Não queria fazê-la sofrer, nem se preocupar comigo. O que fiz foi totalmente por impulso, sem me importar com as  consequências. Eu senti tanta raiva. Raiva de Michael, de mim, do nosso amor proibido que não pôde ser vivido. E agora fico sabendo que ele seguiu sua vida e em grande estilo, está até mesmo casado. E não é comigo.

Mas o que eu queria? Já se passaram tantos anos. Ele não iria me esperar para sempre. E já estava mais do que na hora de eu seguir com a minha vida também.

- Não mamãe, jamais faria isso. Pode ficar tranquila. – Digo tranquilizando-a e forço um pequeno sorriso. - Agora por favor, me deixe descansar um pouco. Amanhã mecho nesses trabalhos. Não estou com cabeça para nada agora. – Digo já me virando para o outro lado, me aconchegando na cama.

- Tudo bem filha, durma com Deus – Após repousar um leve beijo em meus cabelos, mamãe sai do quarto, apagando a luz e fechando a porta.

Essa foi uma noite a qual não dormi nada. Fiquei pensando e pensando o que irei fazer daqui pra frente. Chega. É hora de dar um ponto final nisso. Chega de pensar nele. Chega de ter esperanças com ele. Nós não vamos nos encontrar. Ele nem se lembra mais de mim. Seguiu sua vida. E eu estou disposta a fazer o mesmo com a minha. Quero encontrar alguém assim como Michael encontrou.

Quando dois corações se pertencemOnde histórias criam vida. Descubra agora