Quando dois corações se pertencem

Capítulo 119 - Gone Too Soon

Molly Jackson
Life Kingsbury Hospital
Cape Town, Africa do Sul
7 de outubro de 1997
10:00

Entro e me deparo com Johnny esparramado sob a cama. Quase inconsciente. Me esforço para correr até ele e não consigo conter as lágrimas que vem em enxurradas. - Johnny. - O chamo em um sussurro já em sua frente. 

- Molly. - A voz dele está tão fraca. - Eu estava esperando por você! - Ele diz com dificuldade e procura minha mão com a sua. A agarro e seguro - Você chegou, chegou para ficar aqui comigo. - Em meio a dificuldade em sua fala, consigo notar uma pontinha de felicidade. 

- Não diga nada. Não se esforce. - Minha voz quase não sai da minha garganta que está apertada devido a tristeza de vê-lo nesse estado. Por mim, ele arriscou a própria vida pra me salvar. 

- Talvez eu não sobreviva a isso. - Com a voz esganiçada, ele tenta falar. - Mas não esqueci do que te falei mais cedo, antes disso acontecer. O ultimo desejo que eu gostaria de realizar na vida. - Seus lábios se contraem em um sorriso. O choro que estou entalando em minha garganta, a faz apertar e doer ainda mais. 

- Sim. Eu me lembro. Eu faço qualquer coisa mas não morra. - As lágrimas salgadas já escorrem por meu rosto. - Não morra por favor. Seja forte! - Aliso seus cabelos. 

- Eu sinto que eu não vou conseguir. Mas eu morreria feliz se te ouvisse dizer que...

- Eu te amo Johnny! - Digo de súbito em meio as lágrimas. - Eu amo você. Você vai sobreviver. - Tento passar esperança á ele.

Mesmo que não seja verdade o que eu falei, sinto que é isso o que Johnny precisa ouvir agora. Temo que ele não consiga sobreviver. 

Ouço sua risada fraca. O sorriso que ele abre, ilumina todo o seu rosto. A felicidade nos olhos dele mesmo que esteja agonizando, é genuína.

- Então me beije. - Ele pede mais uma vez. Podem ser os últimos minutos ou segundos de Johnny. Talvez ele não sobreviva. Eu espero que sim mas ele não está nada bem. 

O que farei agora pode não ser a coisa certa mas é o mais certo a se fazer no momento! Eu não vou deixar que ele morra sem realizar a única coisa que ele me pediu.

Aproximo meus lábios dos dele, aliso sua mão. Pressiono um longo selinho em seus lábios que dura alguns segundos. 

A máquina indica que os batimentos dele estão acelerando. Me afasto. Ele abre os olhos. Nunca vi o olhar dele tão iluminado como agora.

- Agora posso morrer feliz. - Diz com um sorriso largo. Algumas lágrimas se formaram em seus olhos. - Você realizou meu maior sonho, Molly, que era sentir seus lábios nos meus de novo. Esperei tanto por isso! 

- Não diga isso. - Meu choro se torna incontrolável porque sinto que estou o perdendo. A máquina começa a apitar demais.

- A senhora precisa ir agora. Imediatamente! - Os enfermeiros vem em minha direção para me tirar da sala. 

- NÃO! - Tento me desvencilhar mas eles são mais fortes e me seguram. 

- Johnny, você não pode morrer! - Grito desesperada 

- Eu amo você - Ainda o ouço sussurrar, enquanto me olha profundamente, como se estivesse me gravando em sua alma. 

Assisto ele fechar os olhos lentamente e partir.

Meu mundo desaba e eu perco as forças do meu corpo, fazendo com que os dois homens consigam me tirar do quarto.

Johnny se foi.

Michael Jackson

A minha chegada ao hospital, ao contrário do que pensei, foi bem notória. Mesmo quando eu tento me disfarçar, não obtenho êxito.