Quando dois corações se pertencem

Capítulo 15 - For all Time

Molly | 06:15

Eu já havia arrumado todas as minhas coisas nas malas no dia anterior. Após tomar um banho e me vestir, ajeito a cama que estava bem bagunçada. Paro em frente à ela e acabo me lembrando de tudo que vivi essa noite. As horas e horas de amor que compartilhei com meu Michael.

Sim, ele é meu para sempre. Nos pertencemos agora. Foi tão bonito me entregar pra ele como me entreguei. Tudo o que fizemos vai ficar gravado em minha mente pra sempre. Foi verdadeiramente especial a sensação que eu tive, me senti conectada com ele como nunca antes havia sentido.

Eu ainda estou dolorida. Sorrio ao lembrar-me mais uma vez da noite incrível que tive. Meu sorriso bobo é interrompido por batidas na porta de quem eu já imagino ser. Meu pai.

Apenas abro a porta e me sento na cama sem olhá-lo.

- Querida, não fique assim comigo. O que estou fazendo é para seu bem. – Ele diz ao notar meu mau humor.

Meu pai não entende que está arrancando meu coração do peito e ainda tem a coragem de dizer que é para o meu bem?! Quase não posso acreditar que ele está dizendo mesmo essas palavras.

- É para o meu bem ficar longe de quem amo? – Lhe lanço um olhar sombrio

Ele abre a boca para responder, depois de alguns segundos, desiste e apenas diz - Não vou discutir com você Molly, um dia entenderá que só quero protegê-la. – Diz duramente. – Agora vamos, não podemos nos atrasar – Se aproxima das malas que estão perto da porta e as coloca para fora do quarto.

Me levanto e ando até a porta do quarto prestes a sair. Mas antes, uma última olhada. Me viro e contemplo todo o quarto onde fui tão feliz.

Observo atentamente cada parte ordenando à minha mente que guarde cada detalhe. Fecho os olhos sentindo esse amor intenso que me deixa fora de órbita, que Michael plantou em meu coração. Aos suspiros, deixo o quarto.

Já fora da casa, olho para a entrada principal de onde Michael deveria sair.

- Molly venha! O carro está nos esperando – Diz Frank já se aproximando do carro para abrir o porta malas.

- Espere mais um pouco pai, por favor! – Peço implorando.

Frank começa a ficar impaciente mas espera enquanto coloca as malas no carro. Michael não aparece e meu pai está me apressando. Chego até a pensar que ele não virá se despedir como combinamos. Então abaixo a cabeça e caminho tristemente até o carro.

- Molly, espere! – Ouço Michael gritar.

Levanto a cabeça e abro um sorriso ao ouvir a voz do meu amor. O avisto sair da enorme construção. Meu coração se aquieta.

– Papai, deixe eu me despedir de Michael, por favor? - Suplico

- 5 minutos Molly, 5 minutos! – Diz impacientemente entre dentes

Saio correndo para os braços de Michael e me jogo nele já com saudades antecipadas do meu amado. Michael me leva para debaixo de uma árvore. Segura as minhas mãos e sem dizer uma única palavra, começa a cantar o trecho de uma canção com sua linda voz:

“E talvez os muros desabem
E o sol se recuse a brilhar
Quando eu disser “eu te amo”
Amor, você tem que saber
É para sempre”

Quando termina de cantar, Michael limpa uma lágrima que deixei escapar. Fiquei emocionada com a letra da música.

- Eu fiz pra você – Diz sorrindo e tira um papel do bolso de sua calça. – Tome. A  letra completa está aqui. – Ele diz me entregando um pedaço de papel. – Você foi minha musa inspiradora. Escrevi com todo o amor que tenho no meu coração esta manhã, após deixar seu quarto.

Pego o papel das mãos de Michael e observo sua caligrafia. A música se chama For all Time.

– Eu vou guardar Michael, com todo o carinho. – Digo olhando-o profundamente. - Eu te amo meu amor, obrigada por esse gesto tão lindo – Digo com lágrimas nos olhos e me aproximo para beijá-lo.

Enlaço o pescoço de Michael e ele repousa as mãos em minha cintura. Nossos lábios roçam e iniciamos um beijo calmo, apenas provando os lábios e a língua um do outro. Michael aprofunda o beijo, tomando meus lábios com urgência e me apertando em seus braços. Nossas línguas duelam com pressa. Já estamos com saudades antecipadas um do outro e descontamos tudo nesse ultimo beijo.

Ele me beija tão deliciosamente que minha vontade é que ele me leve para dentro de casa e faça amor comigo de novo. Mas isso é impossível e meu pai com certeza nos mataria.

Finalizamos o beijo momentos depois com selinhos demorados. Lágrimas molham nossos rostos. Michael não quer me largar de jeito nenhum.

– Eu não sei o que vou fazer sem você, meu amor. - Choraminga - Eu não quero pensar no que vai acontecer quando você cruzar aquele portão. – Balbucia me abraçando forte, enterrando seu rosto em meu pescoço e cheirando meus cabelos. Ele está parecendo um menino com medo.

- Vai ficar tudo bem Michael. - Pego seu rosto entre as mãos - Eu sempre vou estar com você, você mora no meu coração. Eu amo você! - Digo em um tom amoroso e firme para Michael que apenas me lança um olhar tão lindo e apaixonado.

– Agora preciso ir. - Lentamente as mãos do rosto dele - Antes que meu pai venha aqui me buscar – Reviro os olhos.

- Não fique com raiva dele, ele só está fazendo seu papel de pai. - Michael fala em um tom doce.

- Não o defenda. Nunca vou perdoá-lo por isso. – Não quero tocar nesse assunto com Michael pois o que meu pai fez, criou uma distância enorme entre nós, que talvez nunca se desfaça.

Em nenhum momento, meu pai me deu um único crédito de confiança. Eu disse que estou apaixonada, que isso é real mas ele deve pensar  que isso tudo é uma fase da adolescência e que vai passar. Mas não vai passar. Eu sei que não vai!

- Adeus meu amor - murmuro tristemente. Essa é a pior parte.

Nos olhamos profundamente pela ultima vez assim como fizemos quando nos conhecemos.

Michael repousa um beijo demorado na minha testa. Acaricio o rosto dele pela última vez enquanto uma lágrima escorre por seu lindo rosto. Com uma dor gigantesca no coração, me distancio.

Sopro um beijo para Michael quando já estou à uma certa distância, imitando o que ele sempre fazia quando deixava meu quarto, Michael ri e sopra um de volta. Viro as costas e caminho para o carro.

O coração apertado. Sinto que quanto mais chego perto do carro, mais meu corpo esfria. Nem me atrevo a olhar para trás para não desabar em lágrimas. Posso até estar indo embora mas meu coração vai ficar aqui em Neverland e com Michael.