Capítulo 2

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Anita acorda sobressaltada, com aquela sensação de ter dormido demais. Ah, ela amava dormir e entrar no trabalho às 9h, pra ela, era cedo demais. Pega o celular e olha a hora 8:10h. "Puta merda, vou ter que correr", pensa em voz alta.
Se enfia no chuveiro e lava o cabelo rápido. Se troca voando, passa uma maquiagem leve. Olha no relógio: 8:35h. Droga.
Nem ela entendia aquele nervosismo todo. Ou melhor, entendia. Ele tinha dito 8:30h. Mas ele não tinha enviado nenhuma mensagem, nem ligado, provavelmente nem apareceria ou talvez também estivesse atrasado.
Mas que droga, e daí se eu atrasar 5 minutos?
"Vou sair e pegar um Uber", ela pensou.
Pegou a bolsa, chaves e celular e ao abrir o portão, viu o carro dele.
Seu rosto se aqueceu e ela sentiu um leve formigamento no seu sexo.
"Se controla, caralho!", se repreendeu mentalmente.
Endireitou os ombros e seguiu até o carro. Estava com um scarpin de verniz, salto agulha. E ela sabia a imagem que queria passar: poder. Algo como "se afaste". Óbvio que de nada adiantou.
Abriu a porta do carro, entrou e deu bom dia.
"Bom dia, 8:37h", ele disse olhando no relógio.
"Entramos as 9h. Não estamos atrasados". Que cara petulante!
"Não, não estamos. Você sim."
Suspirou fundo. "Abusado você né? Se me lembro bem, você quem sugeriu que eu deixasse meu carro."
Ele deu uma gargalhada gostosa, irritando-a ainda mais.
"Sim, senhora. Fui eu que mandei você deixar o carro, porém não notei uma grande objeção a isso", olhou pra ela dando uma piscadinha.
Mandei. Mandei. Ele fez questão de salientar o mandei.
Filho da puta! É assim?
"Cuidado, eu também sei jogar esse jogo", alertou.
Ele não respondeu. Ligou o bluetooth do carro e a música começou a tocar. "Mandona", do Oriente.
Anita fechou os olhos e começou a cantar baixinho, amava aquela música. Como ele podia saber?
Não, ele não sabia. Foi coincidência.
"Gosta?", ele perguntou.
"Sim, adoro essa música."
"Gosto interessante"
Chegaram, ela se despediu, agradeceu e pegou seu carro. Seguindo ambos para o trabalho. Sozinha, no carro, Anita tinha tempo pra pensar.
"Qual será o jogo dele? Primeiro me dá ordens e agora a música...será que estou vendo coisas onde não tem?"
Tentou esquecer o assunto e trabalhar, tinha muita papelada pra cuidar.
Entrou na sua sala, fechou a porta, ligou o som baixinho e até se esqueceu da manhã intensa.
Seu celular apita. O nome Felipe aparece na tela e seu coração dispara. "Boa tarde! Quer um café 😊?"
"Quero sim. Adoro café"
"Eu sei. E pode responder meu boa tarde?"
"Ah, sim, boa tarde, estou com a cabeça tão cheia que nem me atentei"
"Posso te ensinar bons modos 😉"
O que?
Mal tem tempo de assimilar essa mensagem e ouve uma batida na porta. E ele entra com um copo de café na mão e um sorriso encantador no rosto.
Entrega o copo. "Puro né?"
Anita concorda e olha pra ele tentando entender como ele sabia disso.
"Sou bem observador", ele responde se justificando.
"Obrigada"
Ele para pra prestar atenção na música tocando, bem no trecho que Anita adorava "me chama de bebê, que eu hoje eu vou beber a água do seu corpo..."
Instintivamente ela abaixa a cabeça e se concentra no café, tomada por uma timidez não habitual.
"Te deixo desconfortável?", ele pergunta.
"Não desconfortável, talvez a palavra seja vulnerável. Você me intimida um pouco."
"E devo me preocupar com isso?"
"Não, quem deve se preocupar sou eu."
O celular do Felipe toca, ele pede licença e sai pra atender, dizendo baixinho "vou precisar resolver isso"
Isso dá tempo pra ela respirar, se recompor. Se levanta e vai ao banheiro lavar o rosto. Joga um pouco de água na nuca.
Mas se perde nos pensamentos. Começa a imaginar como ele seria na cama. Se ele realmente era do tipo dominador. Até que é puxada dos seus devaneios pelo som do celular.
Mensagem dele. "Desculpe não retornar, mas já resolvi. Tem planos pra hoje a noite?"
Cacete, ele tá me chamando pra sair? Mas não, isso é muito cedo.
Digita rapidamente "sem planos, mas bem cansada, vou chegar, banho e Netflix"
Logo em seguida, outro apito "espero que tenha se esquecido de mencionar o jantar, caso contrário eu mesmo terei de resolver isso"
Caramba.
"Como?", a maldita curiosidade.
"19:30h na sua casa?"
"Combinado"

Faces de AnitaOnde histórias criam vida. Descubra agora