Capítulo 26

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Depois do último encontro Anita deu uma sossegada, focou no trabalho e aos finais de semana estava exausta.
Sexta à noite o pessoal do trabalho combinou um happy hour, mas ela não quis acompanhar, o que causou estranhamento, logo ela tão baladeira.
Foi pra casa, banho quentinho e pijama, estava friozinho e ela se enfiou na cama, embaixo do edredom.
O celular dela tocou, ela olhou o número e não conheceu, DDD 21. Rio, ela pensou e cancelou a ligação. De novo tocou. Ela só conhecia uma pessoa no Rio, mas ele estava no passado, trancado numa caixinha empoeirada no fundo de uma gaveta. Cancelou novamente.
Ficou pensativa e pela terceira vez o mesmo número insistiu, decidiu atender.
- Alô?
Um suspiro profundo do outro lado da linha. E aquela voz grossa e rouca, tão conhecida, invadiu seus ouvidos
- Oi Anita, como vai?
O coração dela quase parou. Era ele.
- Pietro?
- Desculpa ser insistente na ligação, não quis mandar mensagem, pensei que talvez pudesse me ignorar.
Ela suspirou. Era uma possibilidade, mas ela era mole demais pra isso.
- Você sabe que eu não faria isso.
- Eu sei. Como você está?
- O que quer saber exatamente?
- Eu tô na cidade. Vim resolver umas coisas, tô aqui desde terça. Só tomei coragem pra te ligar hoje.
- Então agora tem medo de mim?
Silêncio.
- Será que a gente pode se ver? Conversar? Se não tiver compromisso e nem companhia...
- Nós dois sabemos que isso não pode ser uma boa ideia. Depois de tantos anos.
- Eu sei.
Silêncio de novo. Quase dava pra ouvir a cabeça da Anita trabalhando.
Mas relutante, ela concordou.
- Eu tô em casa. Quer passar aqui? Mas já tô de pijama e não vou me trocar por sua causa.
Ele riu.
- Pijama está ótimo. Qual o endereço?
Ela passou e ele disse que chegaria em 40 minutos.
Ela continuou deitada na cama, ainda em choque.
Já fazia 5 anos. O que ele queria?
Ela sabia que se machucariam, era sempre assim. Se amavam e se odiavam. Se ofendiam, se fodiam e aí era cada um pra um lado.
Ele tinha sido a chave pra esse universo de dor, de prazer e submissão. Ele que a fez entender, o que ela não era capaz de compreender sozinha.
E agora ele voltava.
Interfone tocou e ela destravou de dentro de casa mesmo, gritando pra ele entrar.
Ela realmente não se importava de estar de pijama e de cara lavada. Ele a conhecia mais do que qualquer pessoa, era capaz de lhe desnudar a alma.
Se abraçaram como velhos amigos. Ele tinha exatamente o mesmo cheiro do qual ela se lembrava, perfume, cigarro e cerveja. Ele tinha bebido. Ela detestava o descontrole que ele tinha com o álcool.
Estava um pouco mais magro, algumas rugas e o olhar escuro e triste.
Ele inspirou profundamente quando a abraçou, inalando o cheiro de baunilha que ele tanto conhecia.
E ela já o imaginou a agarrando firme pelo cabelo...
Porra, Anita! Vai se deixar desestabilizar assim? Pensou consigo mesma.
- Senta, fica à vontade. Como vc tá?
- Estou bem, trabalhando bastante.
Ela pega o celular e da play no Spotify, precisa de uma música pra quebrar o clima tenso.
Nas caixinhas de som da sala ecoa uma música da Clarice Falcão, a última ouvida no caminho pra casa...
"De todos os loucos do mundo, eu quis você, porque eu tava cansada de ser louca assim sozinha..."
Ela tentou pausar, se atrapalhou toda, derrubou o celular no chão, o rosto corado.
Merda! Aquela era a música deles.
- De-desculpa, eu tava ouvindo mais cedo...
- Tudo bem, baby. Pode deixar, eu também ouço.
Baby. Mas que ótimo! Ele sabia como o apelido carinhoso a deixava. Tentou ignorar e fingir naturalidade.
- Mas sejamos honestos. Porquê exatamente você está aqui?
Ele coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha dela. Um arrepio percorre-lhe o corpo e a atinge lá embaixo. Ela respira fundo.
- Porque eu precisava te ver, saber como está...
- Estou bem. Muito bem.
- Fico feliz. Não tem um namorado?
Ela morde o lábio, ele a intimidada demais, somente com a presença.
- Não tenho. Gosto de voar livre. E você, mais do que ninguém, sabe disso.
- Sim, eu sei. Talvez não goste de gaiola, mas não podemos dizer o mesmo de coleira.
Ela ficou vermelha, completamente envergonhada com a insinuação, ele sabia a deixar sem ação.
- Você ainda tem?
Mas que droga! Onde ele queria chegar?
- Tenho o que?
Ele levou a mão até o pescoço dela, que estava quente, o segurou com carinho, mas com firmeza. A voz absurdamente calma e baixa.
- A MINHA coleira. A coleira que o seu Dono colocou. Você tem?
Ela realmente deveria expulsá-lo dali, pedir pra que nunca mais a procurasse, mas não conseguiu, ele sabia paralisá-la. A leoa desaparecia e ficava só a gatinha. Engoliu seco.
- Tenho.
- Vai buscar.
Os olhos ficaram marejados, ela não queria chorar. E não ia. O rosto impassível, imóvel. Reuniu forças. A voz alta, o tom irritado.
- O que você quer Pietro? O que você quer de mim????
Ele fez um carinho no cabelo.
- Eu não quero nada de você. Eu quero VOCÊ. Pra mim. Vai buscar.
Nos segundos seguintes Anita tentava dissipar a confusão que havia se formado na sua mente. O corpo já totalmente entregue a ele. A mente ainda se recusava. Quem ele pensava que era? Chegava assim e já queria chegar dominando? Automaticamente o cérebro dela respondeu: talvez ele nunca tenha deixado de dominar.
Um puxão no cabelo a trouxe de volta a realidade. Ele a olhou profundamente nos olhos.
- Estou esperando. Caso não vá buscar, entendo e vou embora.
Imediatamente o corpo dela destravou e em câmera lenta ela saiu da sala em direção ao quarto. Abriu a gaveta, puxou a caixa do fundo e lá estava, a coleira de couro preto, grossa, já ajustada pro pescoço dela. Sentiu o cheiro do couro. Respirou fundo e voltou pra sala com ela nas mãos.
Ele tinha um sorriso vitorioso no rosto, que a deixou irritada. Era presunçoso.
Obedientemente entregou a coleira pra ele. Ele ficou em pé e ela entendeu. Se ajoelhou.
Ele desatou a fivela, colocou a coleira ao redor do pescoço e ajustou, firme. Fez um carinho na cabeça dela ao final.
- Boa menina.
A ergueu do chão e a beijou. Um beijo apaixonado e necessitado. As línguas quentes, ávidas, querendo explorar ainda mais o que já era conhecido.
- Senti tanta saudade do seu cheiro, baby.
Ele a mandou tirar a roupa e se deitar no sofá, aberta pra ele. A chupou com vontade, a língua alternando suavidade e brutalidade.
Ela fincou as unhas nas costas dele, arranhou. Se ele veio vê-la, então sairia marcado.
Enfiou dois dentro dela, o tesão a tomando, mas a mente tentando fugir.  Tudo isso por tesão? Pra amanhã, eu ficar aqui, sentindo o vazio que ele sempre deixa.
Mas o corpo dela o reconhecia, cada toque, não parecia que tinham se passado 5 anos.
Ele enfiou os dedos, forte, enquanto a beijava, mordeu o lábio inferior a fazendo suspirar. Aumentou as estocadas com os dedos. Com o dedão pressionava o clitóris.
Droga, ela ia gozar, pra ele, de um jeito tão fácil, tão rápido. O desejo intenso não mais a deixou raciocinar, o corpo tremendo, os gemidos altos, ele percebeu o orgasmo muito próximo e sussurrou no ouvido.
- Goza pra mim, baby.
E ela se rendeu. Sentiu o corpo flutuar num mar de intensidade e se agarrou a ele enquanto gozava, tal com alguém se agarra a um bote salva vidas quando se está a deriva. Mas ela tinha dúvidas se ele veio salvá-la ou afundá-la de vez.
Aqueles olhos negros a encaravam e pareciam lhe enxergar a alma. Ela fechou os olhos, tentando esconder a imensidão do que sentia.
Ele afundou o rosto do seu pescoço, inspirou profundamente.
- Seu cheiro tem cheiro de casa, de sol. Você é meu sol. Sempre me puxa pra luz.
O problema é que ela não sabia se dava conta de iluminar toda aquela escuridão.
- Não gosto quando você bebe. Não gosto da pessoa que você se torna alcoolizado.
- E eu não gosto da pessoa que me torno quando estou longe de você.
- A gente não dá certo junto. Você me quer com raízes e eu quero ter asas. Já falamos sobre isso.
Ele a beijou.
- Shiuuu.
O corpo quente sobre o dela. Ele realmente era quente e todo o frio que ela sentira minutos antes tinha desaparecido.
Sentiu-o duro, pressionando a entrada da buceta, completamente molhada. Se abriu pra ele. Permitiu. E ele entrou.
Devagar, suave e com carinho. Esse era o problema. Entre eles tudo se misturava e essa era a receita pra pra dar errado. Nunca era só sexo, era mais.
Começou a socar gostoso dentro dela, a buceta quente apertando o pau. Os gemidos ficaram mais altos, ele a beijou tentando abafar.
- Geme baixinho. Seus vizinhos vão ouvir.
E como se quisesse testar se seria obedecido começou a socar cada vez mais forte, ela controlando os gemidos e ele controlando o ritmo. Quem diria que o sexo de reencontro seria uma papai e mamãe calminho. Com ele era assim, nada previsível, tudo intenso.
Os gemidos já não eram mais tão controláveis, as respirações ficaram mais ofegantes e ele avisou.
- Vou gozar. Goza comigo.
E antes mesmo que ela processasse o pedido, o corpo dela atendeu. Gozaram juntos, os corpos suados, colados um no outro. Ficaram encaixados até que a respiração de ambos se normalizou.
Ele saiu de dentro dela e perguntou se podia tomar um banho. Ela indicou o banheiro e foi pegar uma toalha.
Ele tomando banho e ela observando na porta do box, conversando amenidades.
Tudo parecia uma calmaria, mas o couro no pescoço, indicava que  furacão se aproximava...

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