A minha vida acadêmica sempre foi complicada. Aos dezoito anos eu passei em letras e cursei por algum tempo, inclusive foi na época em que conheci o Igor, que estava estudando administração. Depois mudei para moda, e claramente não deu certo, porém estudei esse curso por uns dois anos.
Por fim migrei para Marketing, e de fato desse eu gostava, mas perdi o gás depois de tirar notas péssimas.
Foi um baita soco no meu estômago.Fiquei tão sem rumo que acabei entrando na turma de teatro, mas desisti no segundo mês.
Eu já me achava uma baita atriz. Estava afogando no meu próprio ego.
Ok que não me tornei uma Fernanda Montenegro, mas fiz bons amigos.
─ Esses garotos têm idade para estar bebendo? ─ Ruggero murmura ao meu lado assim que passamos pela calçada alta e subimos os degraus que levam até o dormitório de cima que é onde a festa está rolando de fato.
Mesmo no corredor já da para ouvir o som da música eletrônica.
É uma batida tão gostosa!
─ Não banque o pai, você nem tem tipo pra isso.
─ Eu tenho quase trinta anos, acho que posso ser considerado o adulto daqui.
─ Tenho vinte e três. Vai me recriminar se eu resolver fumar maconha? ─ Aponto com o queixo para um grupinho que já está viajando em outro mundo.
Ruggero resmunga algo, mas nem entendo direito.
─ Eu nem consigo acreditar no que os meus olhos estão vendo! ─ Exclama a única pessoa no mundo que me fez pensar seriamente em traição. Digo, eu não trai o Igor, mas aquele cara, o que estava se aproximando de mim com aquele par de olhos castanhos inebriantes, me deixava completamente anestesiada desde a primeira vez em que o vi. ─ Karol Sevilla, a aluna que me abandonou antes do terceiro mês de aula. Será que sou um professor tão ruim assim?
Deixei que ele me abraçasse e fiquei momentaneamente fora de órbita, afundando naquele cheiro delicioso de colônia amadeirada e chiclete de menta. Era incrível como ele sempre estava com um chiclete na boca.
─ É muito bom te rever. ─ Falo me desvencilhando dele.
Apesar da iluminação loucona da festa e daquele tanto de adolescente pairando pra lá e pra cá entre movimentos doidos sacudindo o corpo que nem lagartixa na parede, ainda assim, dei uma breve avaliada no coroa de quarenta e tantos anos que nem parecia ter saído dos trinta.
Tiago Macedo, professor de música que fazia preparação vocal na turma de teatro, sempre apto a contar boas histórias de sua juventude doida viajando o país com sua banda de rock.
Era sempre engraçado e a maioria de nós ficava hipnotizada por seu porte largo, alto e bem definido, além daquela pele negra reluzente e aqueles cabelos trançados que alcançavam quase o meio das costas.O homem era um Deus!
Comecei a ter sonhos eróticos na época do curso e, infelizmente, não foi com o Igor. Mas nunca contei isso pra ninguém.
─ Você continua tão bonita! ─ Ele diz todo casual, relaxado, sorrindo com aqueles dentes brancos que tinham uma leve separação na frente. Um charme. ─ Sentimos a sua falta quando saiu.
Acho que vou virar gelatina. Eu nem imaginava que ele ainda tinha esse efeito sobre mim.
Mas também pudera, o homem é igual vinho.
─ Prazer. Sou Ruggero Pasquarelli. ─ Eu nem tinha me dado conta de que Ruggero estava bem atrás de mim até que ele estendeu a mão por cima do meu ombro, cumprimentando meu antigo professor.
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Trago Seu Amor em 7 Dias
RomanceKarol viu sua vida mudar de uma hora para outra. Ela recebeu um 'não' no altar e tudo desmoronou. Era como se a vida estivesse lhe dando uma rasteira. E agora ela precisa se levantar, recomeçar, bater a poeira e seguir, mas ela não é tão resignada a...