Uma semana depois...
Entro na esquina onde fica o meu quartinho e quase paro o carro. Quero dar a meia volta e ir ao tal Salão Imperial que vai sediar o grande e majestoso jantar de noivado dos milionários do país.
Não se fala de outra coisa no mundo das fofocas.
Parece que o Rio de Janeiro inteiro foi convidado.
Estou há uma semana dando voltas com aquele maldito convite, lendo e relendo, tentando entender o motivo pelo qual o Ruggero quer me magoar dessa maneira. Eu realmente não entendo o porquê de ele ter me mandado aquilo.
Será que já não foi o suficiente tudo o que eu passei?
Puxo do bolso da minha calça o panfleto que raptei da funerária na semana anterior e leio a mensagem motivacional, leio até a parte em que fala de contratar um plano funerário e não se preocupar com o futuro e blá, blá, blá...
Só quero ocupar a minha mente.
Quando sei que já não posso mais protelar aquilo, decido me poupar dessa vergonha e dor e vou direto para o meu quartinho, afinal a viagem será depois de amanhã. Não devo ficar perdendo tempo. Nova Iorque me espera.
Contudo, como se fosse pouca toda a merda que eu passei, para o meu espanto e raiva, dou de cara com Valentina sentada na calçada do meu quartinho. E, claro, seu carro enorme e carerrímo está estacionado no lugar onde eu sempre paro o carro da funerária.
Assim que me vê chegando com aquele veículo enorme e peculiar, minha querida quase-irmã se levanta.
Neste momento eu queria estar com o Zé, porque daí ele começaria a soltar fumaça e ela iria embora rapidinho, porém, infelizmente, o meu carrinho parou de funcionar de vez e fui obrigada a vendê-lo a um cara dono de uma oficina que me pagou uns bons reais pelas peças que ainda funcionavam.
Coitado do Zé... Ao menos seus órgãos serviriam para outros carros.
Sei que ele está feliz onde estiver.
─ O que está fazendo aqui? ─ Pergunto assim que desço e travo as portas.
─ Eu não vim discutir. Quero conversar com você, Karol.
Paro encostada no carro e cruzo os braços, cética.
Valentina, por outro lado, enfia as mãos nos bolsos do casaco que está usando e comprimi o canto do lábio. Ela costuma fazer isso quando está nervosa. Esse tique foi algo que eu tive por anos e que mamãe dizia que tínhamos herdado uma da outra – o que não tinha lógica, visto que não somos irmãs de sangue.
Mas na época não nos importava, entretanto com o passar do tempo, fiquei feliz por ter me livrado disso.
Já ela, pelo visto, ainda demonstra todo seu nervosismo claramente.
─ Eu não acho que temos absolutamente nada para conversar. Na verdade, preciso arrumar a minha última mala, portanto, seja lá o que veio fazer aqui, seja rápida. E se não for importante, pode ir embora.
─ Karol, eu sei que eu errei muito com você. A mamãe vem conversando comigo, abrindo meus olhos... Ela até mencionou sobre o bebê que você perdeu e foi ai que eu me dei conta de que você esteve sozinha enquanto eu segurava todo o amor e a atenção da Mônica. ─ Ela abana a cabeça com um pesar doloroso. ─ Eu me sinto um lixo por ter... por ter tirado de você o carinho da sua mãe e ter feito tudo o que podia para que ela só ficasse comigo. Isso está me destruindo, Karol. E eu não sou assim. Não sou uma má pessoa e muito menos quero ser com você.
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Trago Seu Amor em 7 Dias
RomantikKarol viu sua vida mudar de uma hora para outra. Ela recebeu um 'não' no altar e tudo desmoronou. Era como se a vida estivesse lhe dando uma rasteira. E agora ela precisa se levantar, recomeçar, bater a poeira e seguir, mas ela não é tão resignada a...