CARAMBACARAMBA

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Eu nunca tinha desmaiado na vida, e nem quebrado nenhum osso, bem como também nunca peguei pontos em algum corte que tive pelo corpo. Essas coisas sempre passaram muito longe da minha vida.

Teve uma época em que eu cheguei a invejar os coleguinhas que chegavam à escola com um gesso no braço contando uma história superlegal sobre como ferrou com o osso do cotovelo, do ombro ou sei lá de onde mais. A grande coisa era que: passei toda a minha existência até os vinte e três anos sem nenhum grande acidente de percurso.

Mas daí, no pior momento de todos, o meu cérebro resolve se desligar e eu desmaio.

E, bom, o pior dos cenários para se desmaiar é justamente na presença de alguém estranho.
Ficar vulnerável a esse extremo, principalmente perto de um ser humano que te detesta pelo simples fato de existir, é como assinar o próprio atestado de óbito.

Causa da morte: falta de sorte.

─ Ah você acordou! ─É a primeira coisa que escuto ao abrir os olhos.

Percebo que não estou no chão – o que já é bom – e faço um certo esforço para me sentar, enrugando o lençol embaixo de mim.

A minha cabeça da uma leve latejada na parte de trás e sinto uma cólica forte.

Vou menstruar. Sei que vou. Quero correr para o banheiro, mas Ruggero continua ali.

Ele está parado perto do batente da porta – que permanece aberta.

Ainda está chovendo.

Quanto tempo se passou?

─ Pensei em ir chamar alguém, mas não achei que seria prudente te deixar aqui sozinha. ─ Ele diz com um leve receio, afundando as mãos nos bolsos frontais da calça.

Umedeço os lábios secos.

─ Não é uma coisa inteligente deixar uma pessoa desmaiada sozinha. Pensei que já soubesse disso.

─ Desculpe, mas ninguém desmaia do nada perto de mim. Foi um evento único.

Ele não falou aquilo só com sarcasmo, mas com uma leve notinha de ranço. Claro. Claro que foi ranço.
O cara tem uma expressão fechada, dura como ferro, como se esperasse o melhor momento para me atirar por qualquer janela.

Não entendo de onde vem tanta marra, mas me irrita.

─ Desculpe, mas ninguém aparece berrando do nada na minha porta no meio de uma tempestade, principalmente há essa hora.

─ Eu não estava berrando. ─ Defende-se prontamente. ─ Eu te chamei, mas você não ouviu, por isso eu gritei, caso contrário você teria entrado e...

─ E você poderia ter batido na porta que nem gente normal. Já ouviu falar em normas de etiqueta? Caramba! Foi um susto do cacete!

Ruggero exala de forma audível pela boca e faço o mesmo, segurando a lateral da cabeça.

Que dor!

─ Você está bem?

─ Não. Claro que não estou. O que acha? ─ Jogo as pernas pra fora da cama e fico de pé. O mundo gira, então me sento de novo. ─ O que está fazendo aqui? Não acha que já me humilhou o suficiente? Você não cansa de ser babaca? Aliás, como achou a minha casa? Que tipo de maluco é você? Olha só, eu não sou Anastasia Steele, meu caro, não gosto de um CEO bonitão fuçando a minha vida.

─ Do que você está falando? Eu não sou maluco. Além do mais, posso encontrar quem eu quiser, é pra isso que serve o dinheiro. E, convenhamos, isso daqui nem pode ser chamado de casa. Como alguém sobrevive aqui?

Trago Seu Amor em 7 DiasOnde histórias criam vida. Descubra agora