Viviane
Minha vó hoje estava vindo pra cá, não porque eu pedi claro, até porque nem contei nada o que tinha acontecido. Mas porque a Francisca foi pra casa de uma tia minha pedir ajuda e minha vó acabou sabendo, então ela disse que viria pra cá passar umas semanas, mas sei bem que ela já vai querer ficar aqui.
Eu tô até lidando bem cuidando de casa e da Laura, até porque sempre foi nós duas apensar de ter o Geraldo e a Francisca aqui em casa.
Viviane: Laura, vai tomar um banho depois que acabar sua lição de casa, a vó tá vindo pra cá.
Laura: faz tempo que ela não vem aqui, né.
Viviane: faz tempo mesmo.
Laura: Vivi, porque você nunca namorou? A Camila vira e mexe tá com alguma namoradinha.
Viviane: porque homem não presta, Laurinha. —ela riu.
Laura: eu tenho um crush na escola.
Viviane: ah é? Quem?
Laura: o Ricardinho, ele tem dinheiro.
Viviane: e ele é da sua escola? —ela assentiu sorrindo— se tem nem idade pra namorar.
Laura: e você tem idade e não namora, ué. —eu ri.
Gostava de ver ela assim, falante. Porque depois de tudo ela ficou mais na dela, ficava mais caladinha, até pensava em por ela num psicólogo, mas como o dinheiro não tá sobrando, não da né.
Ela subiu pra tomar banho e eu acabei a janta, coloquei tudo no prato e fiquei esperando minha vó, a mesma já tinha ligado pra avisar que estava aqui no morro já, ou seja, jaja chegava.
Laura: vovó —ela gritou e eu virei a cara vendo minha vó entrar cheia de sacolas.
Viviane: oi vó, que sacolas essas?
Cris: comida e muita roupa, tão bonitas vocês hein.
Ela colocou as roupas no quarto vazio que tinha aqui e as coisas de comida eu guardei na cozinha, a Laura tava toda alegre, não parava de falar, mas depois que jantou ficou toda cansada e subiu pra dormi.
Cris: se sua tia não me fala, você não ia me avisar nada garota?
Viviane: não tinha necessidade vó, eu sei bem que você iria querer vim pra cá e não da pra você morar aqui, você tem suas coisas lá, tem seus filhos.
Cris: todos filhos de maior e minhas coisas lá não é nada demais, Viviane. Você é muito nova pra cuidar da Laura, ou você mora lá ou eu fico aqui.
Viviane: eu não queria nenhum do outro, eu sei cuidar da Laura. Mas eu não saiu daqui da favela de jeito nenhum e muito menos pra morar com aquele povo.
Eu não me dava bem de jeito nenhum com a minha família, sempre fui aquela que iria engravidar aos 15 anos, que não iria trabalhar e nem estudar. Acabou que não engravidei, faço meu curso e trabalho, não dependo de ninguém, diferente de todos de lá que dependem do dinheiro da minha vó.
Cris: Eu venho morar aqui sem problema nenhum, sabe porque isso? Apensar de você cuidar bem da Laura, isso não é responsabilidade pra você. Tu é novinha e tem muita mais é que viver por aí, tem que terminar aquele teu negócio e criar tua vida. Não tô pedindo pra largar a Laura, mas você não tem que cuidar 100% dela, sacou?
Viviane: eu entendi, vó. A senhora quem sabe, se quiser vim, vem, mas se não quiser não precisa. Você sabe que eu dou conta de tudo.
Cris: se é meu maior orgulho, garota. Sua mãe foi uma pessoa imunda de ter feito aquilo, da até vergonha de dizer que é minha filha. Criei com tanta educação pra ser pobre ao ponto de fazer tudo aquilo.
Viviane: ela era cega de amor, fez tudo isso por um homem, ridículo.
Cris: fez por um homem, mas ainda por cima fez porque não tem caráter, dignidade. —falei seca.
Viviane: mas já foi, página virada.
Cris: vou avisar pro seus tios trazerem o resto de roupa que faltam, não quero deixar vocês só.
Viviane: tá bom, vó.
Nós passamos horas conversando, que eu até perdi a noção, fui dormi era 3 horas da madrugada, eu que lute pra acordar cedo amanhã.
Levantei cedinho, e estavam todos dormindo, como tinha avisado pra minha vó que de manhã teria curso e as 7hr Laura iria pra escola, ela falou que levaria ela e buscaria, então eu já tava menos preocupada.
Sai de casa tão nervosa que quando fui atravessar uma moto veio de encontro comigo, minha única reação foi gritar.
Viviane: caralho.
Jogador: porra garota, sabe olhar por onde anda não? Se foder caralho.
Viviane: se você não andasse igual louco, que inferno. —falei bolada.
Jogador: fala direto, da próxima eu passo por cima e ainda dou ré. —ele acelerou a moto e saiu.
Tava doidinha pra gritar mandando ele se foder, mas não queria causar nada. Peguei minha bolsa que tinha caído e ajeitei nas costas descendo o morro, quando passei na barreira ele estava lá com mais uns homens.
O que tem de gostoso, tem de mal educado. Eu hein.
Ignorei ele e sai do morro indo pro ponto.
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Destino traçado
FanfictionDe repente eu mudei, minha mudou, tudo mudou, mas no meio dessas mudanças, eu te encontrei.