Manacled | Dramione

51. Flashback 26

Março de 2003

A gravidez de Ginny correu tão bem quanto se poderia esperar. Ela estava fisicamente esgotada pelo impacto que isso causava em sua magia, mas além de dormir a maior parte do dia e recusar a maior parte da comida que Hermione havia enviado, seus sintomas de gravidez eram relativamente pequenos. Depois de ouvir sobre a quase morte de Narcissa Malfoy durante a gravidez, Hermione ficou paranoica sobre o tipo de impacto que uma gravidez mágica poderia causar. Mas Ginny parecia lidar facilmente com a gravidez.

— É uma coisa de Prewett; gravidez fácil, parto fácil — Ginny disse encolhendo os ombros quando Hermione perguntou.

— Que sorte, eu odiaria deixar você sozinha assim se você estivesse tão doente quanto os livros dizem que as bruxas podem ficar durante a gravidez — disse Hermione, estudando o orbe amarelo brilhante flutuando sobre o estômago de Ginny. — O bebê tem uma boa assinatura mágica; parece saudável. Mas não tenho muita prática com nenhum desses feitiços.

Hermione virou para uma página diferente do Guia para Cuidados Eficazes na Gravidez e Parto Mágicos e praticou um feitiço para verificar se havia placenta prévia.

— Você ouviu alguma coisa de Harry e Ron? — Ginny perguntou depois de alguns minutos com Hermione manipulando feitiços de diagnóstico.

Hermione assentiu e cancelou todos os diagnósticos que rondavam Ginny. — Eles estão de volta a Hogwarts novamente. Eles não enviaram nenhuma mensagem.

— Harry envia seu cervo à noite. Acho que ele deve fazer isso quando estiver de vigia. Ele entrou no meu quarto ontem à noite — Ginny apertou os lábios e parecia à beira das lágrimas.

Hermione apertou a mão dela.

— Eu me sinto tão mal por estar mentindo para ele — Ginny disse, puxando as pontas do cabelo. — E que estou fazendo você mentir também. Desculpe. Eu deveria ter sido mais cuidadosa.

— Está tudo bem. Você não precisa se preocupar comigo. — Hermione deu de ombros, cansada, enquanto encolhia o livro e o colocava em uma sacola.

Ginny se inclinou para frente e agarrou o pulso esquerdo de Hermione. — Bem, não tenho muito o que fazer aqui. E acho que você precisa de alguém para se preocupar com você. Você é tão magra. — Ginny passou o polegar pela ulna de Hermione como se quisesse ilustrar como os ossos se projetavam. Hermione soltou o pulso e puxou as mangas para baixo. — Você não parece estar dormindo. Você parece feita de papel. Você não tem ninguém?

Hermione desviou o olhar. — Bem, George se ofereceu — disse ela com um sorriso irônico. — Mas não acho que ele realmente quis dizer isso.

Ginny a cutucou. — Fale sério. Você não pode sobreviver a esta guerra sozinha. Ninguém pode. Sobrevivemos juntos. — Ginny olhou Hermione cuidadosamente. — Quero dizer, talvez você estivesse bem antes. Mas... você... você não parece mais estar aguentando. Desde o Natal, acho que não te vi dormir. Você não tem ninguém?

Hermione torceu o nariz com desagrado. — Acho que já mencionei que transar catártico não é minha praia. — Ela zombou enquanto balançava a cabeça. — Adicionar um amigo de foda dificilmente vai melhorar minhas habilidades de enfrentamento.

Ginny revirou os olhos e balançou a cabeça. — Não estou dizendo para arranjar um amigo de foda. Você nem tem ninguém com quem conversar ou receber um abraço depois de um dia ruim. Sempre que alguém tenta entrar em contato com você, você o afasta, como fez com Harry no Natal. Não entendo por que você não deixa ninguém compartilhar a carga. Eu conheço esse olhar em seus olhos; é o mesmo que Harry recebe quando a guerra o esmaga. Mas Harry sabe que ele tem Ron, não importa o que aconteça, e eu, e você, e a família, e a Armada, e Remus e Tonks, e a Ordem, e até mesmo suas estúpidas brigas de trouxas quando fica muito pesado. Ele tem tudo isso para se apoiar quando precisa parar por um tempo. Você precisa fazer isso também.