Capitulo 15

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oii gnt!!
primeira coisa: me desculpem pelos recados repetidos ou pela falta deles, eu venho estando bem sem tempo sabe :((
segunda coisa: este é oficialmente o penúltimo capítulo, então eu realmente espero que vocês aproveitem bastante <3











Regra de programação da JIA XV: não deixe para amanhã o que pode fazer hoje

   Procrastinação é quando sabemos que temos coisas para fazermos e deixamos de lado, muitas vezes por preguiça, outras vezes porque temos tanto em mente que queremos fazer tudo e acabamos não fazendo nada.
   Particularmente, minha atenção é um lixo, eu estou fazendo algo, lembro que tinha uma música para ouvir, paro a música na metade e vou escrever, a escrita me lembra de uma tarefa que eu tinha para terminar e assim vai, se torna uma corrente de coisas que deixei na metade, as jogo para a eu de amanhã cuidar delas, assim eu termino o dia frustrada e culpada.
   A procrastinação nem sempre se trata do que temos preguiça de fazer, as vezes é também aquilo que queremos tanto fazer que criamos uma barreira entre esse objetivo e nós, onde fazemos de tudo menos o que precisamos. É pensando nisso que atribuímos a expressão, não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
   Yeonjun tinha em mente muitas coisas que queria fazer, mas acabava não fazendo, uma delas sempre foi procurar soobin, acabou não fazendo. O destino o trouxe até si, desta vez, não porque queria vê-lo, mas porque queria muito ver ji-ah.
   Na mesma tarde daquele dia que foi a empresa para a reunião com o choi mais novo, encontrou com arin em um café.
     - olha, o soobin tem duas reuniões hoje, vai voltar tarde, podemos ficar lá na casa dele até anoitecer, depois disso é um pouco perigoso porque ele pode chegar a qualquer momento – ela explicou
   Depois de compreendido todos os detalhes, foram juntos até a casa onde soobin morava, yeonjun se sentia nervoso por diversos motivos, mas seu peito estava aquecido, cheio de alegria com a ideia de ver novamente.
   Assim que colocaram os pés naquela casa, as luzes se acenderam automaticamente.
     - ji-ah, vem cá eu trouxe uma surpresa – arin exclamou jogando seu casaco em um sofá qualquer
   O choi estava bobo, a casa era enorme, a vista para a cidade era linda e tudo parecia tão refinado e caro.
   O que tomou sua atenção foi uma moça muito bonita que apareceu na sala.
     - se for outra brincadeira das quais você me trás óleo de caminhão e diz que trouxe meu jantar eu vou te tirar da minha lista de amigos – exclamou ji-ah se aproximando, mas logo congelou, como se processasse algo – choi yeonjun?
     - espera, não, pode esperar aí – arregalou os olhos boquiaberto – ji-ah? Ah ji-ah? Tipo, a que eu conversava cinco anos atras? A que eu ajudei a criar? Minha ji-ah?
     - exatamente – disse arin sorridente
     - eu... – a passos lentos se aproximou dela – eu não acredito
     - sou eu mesma, mas agora eu tenho um corpo – sorriu – seus batimentos cardíacos estão acelerados, precisa de algo?
     - eu posso... te abraçar?
     - o quê? Eu nunca...
     - o soobin nunca te abraçou? – desta vez arin estava impressionada
     - não, soobin desenvolveu antipatia por toques há um tempo – se mantinha neutra
   Yeonjun sentia pena dela, de que adianta ter sentimentos se passa o dia presa naquela casa sem ter contato com pessoas? Contato...ele amava contato, mas ji-ah nem mesmo conhecia essa sensação. Olhou nos olhos do androide, se aproximando, assim que estava próximo, finalmente a abraçou.
   Ji-ah não soube como reagir, nunca havia recebido um toque assim, podia sentir de perto a temperatura do choi, seus batimentos cardíacos, o que estava sentindo, e yeonjun estava feliz.
     - agora você me abraça também – brincou, mas sua voz entregou que acabara chorando
     - por que está chorando? Eu fiz algo errado?
     - eu estava com muita saudade ji-ah, muita saudade mesmo, você não tem ideia e... – afundou seu rosto na curva do pescoço da Ah – ji-ah, você tem cheiro, e cabelo, sua pele é fofinha e uau! Você tem um corpo, você se mexe, se expressa e... – se separou dela a admirando sorridente – eu tô tão feliz
     - o soobin fez um ótimo trabalho me aprimorando com os anos, eu tenho uma própria equipe de esteticistas – sorriu grande
     - isso é incrível! – sorridente secou as lágrimas nas mangas da blusa
     - vou deixar vocês sozinhos, volto para te buscar em algumas horas – arin avisou antes de sair
   Ele e a Ah passaram a tarde conversando sobre tudo o que lhes vinha à mente, todas as coisas que haviam acontecido, tudo o que mudou para os dois, ji-ah contou sobre tudo o que aconteceu com soobin e seus amigos enquanto ele não estava ali, fofocou sobre os namoros de kai e até mesmo lhe segredou sobre o casamento que taehyun e beomgyu estavam preparando.
   Foram horas até que arin aparecesse para levá-lo de volta, o sentimento de ter que deixar ji-ah o deixou triste por um momento, passou anos fora de contato com ela, tudo bem que se tratava de um androide, mas droga, era o androide dele, quem o ouviu em tantos momentos difíceis e o fez sorrir nos melhores momentos, que lhe deu espaço para chorar quando parecia que o mundo todo estava contra ele. Além do mais, ele sabia que ela também sentia saudade. A ver daquela maneira, tendo um corpo e se desenvolvendo cada dia mais, ele não poderia estar mais orgulhoso dela.
   Em casa, ele recebeu uma notificação em seu instagram e pode reconhecer, mesmo user, mesmo tipo de perfil privado sem foto, era ji-ah quem queria se comunicar consigo.
   Duas semanas depois e ele estava naquela posição, chocado dentro de um taxi qualquer, abraçando as próprias pernas e pensando no que faria, queria chorar como um bebê, queria um abraço materno que o acolhesse e o deixasse bem, mas ele sabia que nunca realmente tivera isso. Deixou inúmeras mensagens para ji-ah, mas a mesma estava inoperante, talvez ocupada, carregando, ou até mesmo atualizando, ele não realmente entendia como essas coisas funcionavam.
   Dessa maneira, chegou em casa cansado, era como se uma onda de fadiga tivesse o tomado e ele mal aguentasse dar dois passos, não tinha forças para sorrir ou chorar, estava em um estado onde apenas a falta de emoções o cabia.
   Jinri percebeu assim que ele entrou em casa, sabia que algo havia acontecido, mas não sabia o quê. Yeonjun sempre fora um livro aberto para si, sempre se expressava e dizia o que estava pensando sem ter medo, se estava feliz dava pulinhos, se estava triste chorava e fazia drama, se estava com ciúmes ou inveja, então ele passava o dia comento sorvete e reclamando da política do país, se estava com raiva xingava as cores do arco íris e falava mal da moça que trabalhava com ele. Nunca foi difícil de interpretar, nada muito complexo.
   Ali, porém, jinri se sentiu impotente, seu rosto estava tão indecifrável, parecia triste, mas não havia lagrimas, parecia confuso, mas suas sobrancelhas se mantinham imóveis, parecia até um pouco feliz, mas seus lábios se mantinham fechados e lineares, parecia com raiva de tudo, mas estava em silencio. Ela queria ajudar, mas há momentos em que só quem pode lidar com os próprios demônios é quem os vivência.
   Abriu os braços e yeonjun soube o que fazer, soltou o que tinha em mãos e correu até os braços da mulher, era apenas cinco anos mais velha, mas era a figura mais próxima de uma mãe. Ela sabia que no momento, yeonjun não precisava de palavras de consolo, ou conversar sobre o assunto, ou ouvir mentiras brancas que o fizessem se sentir melhor, ele precisava de apoio, algo que preenchesse um coração confuso e vazio.
   Ficaram um tempo ali, o ouvia suspirar fundo sem derramar lagrimas, não porque as segurava, mas porque não precisava chorar, só precisava ficar em contato, sentindo a textura daquele cardigã rosado e o cheiro doce que trazia conforto, o ajudava a pensar, a por todos os pensamentos no lugar.
   Não chegaram a conversar sobre o assunto, yeonjun queria se resolver consigo mesmo antes de tomar qualquer conclusão precipitada, não estava adiando um fato, estava dando tempo para si, não era procrastinar, era se importar consigo.
   Já havia se passado um dia desde o ocorrido e o choi ainda estava frustrado, queria entender as coisas consigo mesmo.
   Se não entende como yeonjun se sentia, então pense comigo, ele foi o garoto que passou por muita coisa durante toda a sua vida e quando pensou ter encontrado conforto em um relacionamento, as coisas voltaram a piorar, arrancando toda a energia de si, as vezes ele se pegava pensando no porquê ainda continuava vivo, para ele era claro que o universo não o queria ali, que ele era um empecilho na vida de todos. Depois de uma grande decepção ele fugiu e tentou buscar por umavida melhor, muitas coisas mudaram, mas o que não mudou foi aquela dor, ele queria tanto odiar soobin como dizia que fazia, mas não conseguia, todos os dias sentia saudade de ser feliz no toque dele. Não importava quem beijasse, quantas noites e momentos se passassem com essa pessoa, o mais novo nunca realmente saiu de sua mente, em um amor disfarçado de rancor. Depois de anos engolindo esses sentimentos que arranhavam sua garganta como xarope amargo, ele reviu quem tanto o fez chorar, quem tanto o fez sorrir, quem o fez cair de amores, um amor tão cego que o deixou perdido e mais, depois de revê-lo, descobriu que tudo o que sempre pensou estava errado, tudo o que sentiu havia sido uma confusão completa e seu peito o enganou durante muito tempo, sua lagrimas não eram infundadas, só eram fruto de uma situação inexistente. Como tudo poderia ser um completo engano se tudo o que ele sentiu era tão certo? Toda a dor que experimentou, ele sabia que havia sido real e intensa, então como poderia aquela cena ser uma mentira?
   Sempre que se perdia nesses pensamentos, ele sentia sua garganta formar um nó e era ali que procurava se distrair, para garantir que não fosse atingido por aqueles pensamentos ruins, que vinham e tomavam conta, o cansavam até não poder dar três passos a diante.
   Foi acordado com um breve toque no ombro, ao se virar, vislumbrou a figura de soobin, sorria manso e calmo.
     - eu pedi uma semana – se adiantou
     - e eu vou respeitar seu tempo, não vim aqui para te falar disso – fez questão de se explicar – o kaitem um showcase hoje a noite, imagino que ele gostaria que você fosse
      - o kai? Ele sabe que eu voltei?
      - todo mundo sabe, as fofocas correm muito rápido nessa família – riu nasalado – então, você vem?
      - bom... – mordeu o lábio pensativo, não sabia se deveria
      - te mandei o endereço, se por acaso você quiser ir – ele sorriu sem mostrar os dentes – até mais tarde, yeonjun
   O garoto se despediu de si gentil, para yeonjun, ainda era estranho trabalhar na empresa de soobin, o ver todos os dias, saber que seu ex-namorado é um multimilionário criador de tecnologia que está implorando para tê-lo de volta em seus braços. É claro que o choi mais velho sentia saudade daquilo, sabe, namorar, ficar de mãos dadas, trocar beijinhos e caricias, ter quem abraçar em noites frias e ter com quem contar. Apesar disso, ultimamente ele vinha considerando o fato de que já era um homem adulto e maduro, não podia mais tomar decisões pela força da emoção, deveria ser menos impulsivo, pensar antes, colocar a razão como fator de importância, ele já não era mais um adolescente, soobin sempre o levou as nuvens, mas ele precisava ser um pouco pé no chão no momento.
   Foi para casa decidido a abandonar qualquer chance que tinha de comparecer aquele lugar, ele não podia se dar ao luxo de ir a um tipo de festinha no meio da semana, podia ser que jinriquisesse sua ajuda, ou talvez ele deveria ler aquele livro que nunca conseguiu terminar, seria interessante se tentasse voltar a tocar, ou se terminasse aquele versinho que fez pensando em soobin alguns meses atras, também se aprendesse aquela coreografia que viu em uma música, mas deixou para depois. Tudo pela metade, até seu relacionamento com soobin fora pela metade, o mais novo estava certo, eles nunca terminaram de verdade, o choi só fugiu da situação, procrastinou esse processo doloroso como se quisesse prolongar o fim, mas acabou só voltando do começo.
   Algo que nunca terminou foi sua ida a índia, planejava passar dois anos lá, mas passou apenas um ano e três meses. Pelo menos seu tempo lá foi proveitoso, teve a chance de conhecer diversas pessoas e as ajudar. Sem duvida a khali foi quem mais o marcou, se lembrava de uma conversa que tiveram de baixo de uma arvore de sua vila.
     - você já amou alguém, yeonjun? – ela questionou olhando o horizonte a sua frente
     - já, já amei muitas pessoas, eu amo a jinri, minha melhor amiga, também você e... – gesticulou
     - não, não esse amor, mas um amor... romântico
     - ah... eu já amei sim... – recuou as mãos as pondo no colo
     - eu também já amei...doeu tanto
     - olha,khali, amar dói mesmo, às vezes é decepcionante, cometemos erros ou as pessoas erram conosco, é normal, nos ajuda a amadurecer
     - mas não doeu porque ele me machucou ou vice-versa, doeu porque eu o perdi
     - como assim?
     - eu era novinha sabe, só tinha oito anos e ele era meu namoradinho, ele tinha nove e se chamava rhavi, sempre brincávamos juntos e dizíamos que quando tivéssemos idade iriamos nos casar e morar na cidade grande, mas no fundo eu sabia que não era verdade. Antes de você e a equipe aparecerem, vivíamos por conta própria, éramos a casta mais baixa, para nós só restava a lama e a fome, éramos muito frágeis. Foi então, quando eu havia completado dez anos, que uma onda de malária atingiu essa parte do país, não tínhamos vacina, nem mesmo tínhamos forças para lutar contra a doença, por isso, muitos de nós morreram, inclusive o rhavi e alguns dos meus familiares como meu pai. Eu passei muito tempo triste, era algo surreal, uma dor que não cabia em mim, eu amava minha família e meus amigos, mas essa doença levou todos, senão ela então a fome, que consome meu povo. Amar dói porque o tempo passa ligeiro, nunca sabemos quando algo vai acontecer, nem vemos, mas quando piscamos,puf! Passou. A vida não é uma corrida contra o tempo, é sobre caminhar ao seu lado e aproveitar os bons momentos com quem amamos, porque um dia essas pessoas também vão passar, por isso devemos ter apresso por viver ao lado delas, não deixe nada para depois, yeonjun, não deixe para amanhã o que pode fazer hoje.
   Aquela história era dolorosa, a lição tocava em uma ferida ainda aberta, tudo aquilo fez yeonjun chorar da primeira vez que a ouviu, mas agora, repensando sobre ela, o fez tomar uma decisão.
   Foi assim, que em uma noite de meio de semana, ele estava entrando em um tipo de lugar fechado próprio para eventos, podia ver as luzes brilhantes e coloridas lá dentro, a música alta, as múltiplas conversas, ele sentia falta de ser jovem. Entrou naquele espaço movimentado, olhando por todos os rostos tentando reconhecer alguém, qualquer pessoa, mas no fundo mesmo, ele queria ver soobin.
     - choi yeonjun? – ouviu a voz familiar exclamar, virou-se para o dono – SEU FILHO DE UMA-
   Kai estava surpreso, mas não pode deixar de abraçar yeonjun com força.
     - kai! Que saudade moleque!
     - você estava com saudade? Desgraçado eu passei cinco anos da minha vida esperando você voltar sem nem saber se você tava vivo
     - me desculpa por isso – coçou a nuca rindo nervoso – uau! Como você cresceu, está tão bonito, alto e... gay
     - idiota – deu-lhe um soquinho rindo – como chegou até aqui?
     - soobin me disse que seria legal se eu viesse, então eu vim
     - que bom que veio! Vai poder ver o meu show e... – ele parou por um segundo mudando sua expressão – meu Deus você vai ver minha apresentação...
     - sim...?
     - yeonjun, você foi meu professor, minha maior fonte de inspiração, quem permitiu que isso tudo fosse possível, você foi quem me ensinou a engatinhar e só então hoje eu posso correr, entende? É como se você fosse meu mestre e agora você está aqui e vai ver minha apresentação
     - ainda não entendi o problema – disse confuso
     - eu vou passar mal – exclamou se abanando
     - para com isso, cadê os meninos?
     - estão naquele canto ali, no sofá, o soobin não fica com eles porque não curte a movimentação da galera, sabe como é, riquinho e tal – fez caretas engraçadas que arrancaram risadas do mais velho – eu preciso me organizar para subir no palco em alguns minutos, mas você pode ir lá curtir com eles
   Lhe apontou a direção se despedindo.
   Yeonjun seguiu até o local indicado, podendo reconhecer beomgyu e taehyun sentados juntos, mas não conseguiu distinguir quem eram os dois outros homens consigo. Se aproximou acenando.
     - yeonjun! Você veio! – o kang exclamou sorrindo
     - é você! – beomgyu arregalou os olhos
     - beom, que saudade! – disse recebendo um breve abraço deste
     - ah, mas eu não acredito no que eu estou vendo – um dos homens exclamou atraindo a atenção do choi para si – você está... vivo? Meu Deus é você mesmo! – ele veio em sua direção, só então ele pode reconhece-lo
     - jung wooyoung? Cadela é você! – trocaram gritinhos segurando nasmãos um dos outro como adolescentes escandalosos – pera, então quem é aquele?
     - ué, é o san – disse obvio
     - VOCÊ NAMORA CHOI SAN?
     - não, é claro que não – rolou os olhos e yeonjun pode respirar – estamos casados
   O mais velho arregalou os olhos tapando a boca.
      - e quem disse que piranha não casa? – ironizou
   Ambos riram brincando um com o outro. Durante o show, yeonjun teve tempo o suficiente para beber, por toda a fofoca em dia, dançar e aplaudir kai de pé a cada música, ele não se sentia vivo e feliz daquela maneira havia muito tempo.
   Foi durante a pausa de kai que o garoto veio ao seu encontro.
     - o que achou? – disse recuperando a respiração
     - foi incrível!
     - que bom que gostou! – sorriu satisfeito – vem, eu quero te mostrar um lugar
   O mais novo o pegou pela mão puxando-o por dentro da multidão. Durante o percurso, muitas pessoas o deram parabéns, ou falaram de si como um amigo, havia ainda pessoas que o tratassem como um ídolo, enquanto kai parecia estar calmo e tranquilo, para yeonjun, parecia que ele não se dava conta de que era um cantor com uma carreira em ascensão, o choi tinha bons olhos e pode perceber algumas pessoas com ar importante observando a apresentação, ele pressentia que logo o garoto fecharia contrato com alguma empresa grande e isso faria sua popularidade subir como um foguete. Era bom que ele aproveitasse essa simplicidade de ter contato com a galera.
   O huening o levou até o andar de cima, era um tipo de camarote, lá não estava cheio, na verdade, havia algumas pessoas mais bem vestidas, mas estas curtiam o show como os jovens lá em baixo.
     - sabe, muitos famosos tiveram suas vidas roubadas quando entraram em contato com a fama, tiveram de abandonar suas festanças e momentos de lazer pela grande massa que os persegue, mas aqui é um espaço onde eles meio que podem se esconder e curtir as diversas apresentações que ocorrem durante a semana, a empresa que agenda nossas apresentações tem meio que um contrato de fidelidade com eles, onde não contamos que eles estão aqui se eles nos pagarem, no fim é só mais uma jogada capitalista, mas para mim soa como um escape legal para eles
   Assim yeonjun pode reconhecer alguns rostos que geralmente só via em capas de revistas, music vídeos famosos, filmes, dramas e programas. Era louco os ver assim, se divertiam, dançavam e faziam piadas como pessoas normais.
   Em um dos sofás de veludo vermelho, ele pode avistar soobin, conversava com arin enquanto riam, ele se lembrava do que seu ex-namorado o contava sobre o relacionamento conturbado que tinha com a irmã, nunca realmente soube o motivo, mas sentiu-se bem ao vê-los conversando sorridentes daquela forma.
     - você quer entrar?
     - o quê? Está maluco? Tá cheio de gente importante aqui, nem ferrando – deu as costas
     - yeonjun? Vem cá! – ouviu arin exclamar lá de dentro
     - que saco, é o dia todo isso – rolou os olhos, estava se cansando de seu próprio nome sendo exclamado com surpresa, voltou-se para a garota
   Acompanhado de kai ele entrou. Nos primeiros minutos, apenas ouvia os mais novos conversarem sobre o show e as apresentações daquele dia, não se sentia confortável ali, ele só queria ir para casa, já devia estar tarde e ele nem estava se divertindo, sabia que muitas pessoas tinham seus olhos em si e isso geralmente aumentaria seu ego, mas na atual conjuntura, ele não precisava de mais nenhum nome novo em seus lábios, muito menos conversas desinteressantes e rostos que sumiriam de sua mente no outro dia.
   Havia bebido pouco e dançado demais, se tivesse bebido mais talvez estivesse animado, mas o calor do álcool já havia passado e tudo o que ele sentia era saudade de sua cama. Deitou-se sobre aquele sofá, sabia que kai o acordaria quando fosse voltar para o palco.
   Teve um sonho confuso sobre robôs que cuidavam de plantas e crianças, talvez estivesse trabalhando tanto que suas ideias se misturavam em sua mente.
   Sentiu um leve toque em seu ombro o despertando, abriu seus olhos lentamente tentando se localizar.
     - a cinderela acordou – soobin exclamou
- quem dorme é a bela adormecida, seu banana – rolou os olhos se espreguiçando – o que eu ainda tô fazendo aqui?
     - é exatamente eu queria saber, quer carona? Acho que é perigoso tentar pegar um taxi a essa hora
     - normalmente eu não aceitaria carona de um engomadinho que usa terno em uma festa, mas eu tô cansado, parece até que tomei um porre, então dane-se – sentou-se pondo um cigarro sobre os lábios
     - pensei que fosse ser mais difícil te convencer – pôs as mãos nos bolsos
     - não se anima não – exclamou usando um isqueiro para o ascender, logo se levantando
     - não sabia que você fumava – acompanhava yeonjun escada a baixo
     - no fim das contas, você estava realmente certo – se virou para ele no fim da escadaria – você não me conhecia
     - então eu conhecia quem?
     - uma versão de mim que tentou ser a melhor, mas só era a melhor para você – voltou a andar
   Permaneceram em silencio durante o resto do trajeto até o lado de fora, soobin estava guiando yeonjun até o carro, entrou no veículo se sentando no banco do motorista, o mais velho se surpreendeu.
     - olha só, você dirige – entrou no carro pondo o cinto – quando namorávamos você não sabia e nem tinha interesse
     - muita coisa mudou – começou a fazer a volta com o carro – você não era o único que não estava sendo si mesmo
   Aquela frase chamou a atenção de yeonjun, soobin continuou mesmo com os olhos presos na estrada.
     - quando começamos a trabalhar juntos, lá na faculdade há anos atrás, eu quis te impressionar, meu irmão sempre me dizia sobre como meus hábitos afastavam todos e era verdade, era exatamente aquela a intenção, mas eu não queria te afastar, eu te queria o mais perto possível, então eu me tornei o que talvez você pudesse gostar, me esforcei para ir em seus concertos, por mais difícil e incomodo fosse ficar no meio de toda aquela gente, eu vi seus filmes românticos, mesmo que eu acreditasse que amor fosse o que a gente tinha e não aquela baboseira literária, eu tentei fazer amigos, tentei até fazer dos seus amigos meus amigos, eu tentei ser um soobin sociável, sorridente e feliz, mesmo que não fosse verdade. Foi mentindo assim para mim mesmo que eu trombei com a heejin, eu nem precisava fingir tanto porque ela estava realmente ajudando, mas a cada dia eu pensava se valia a pena continuar fingir ser quem eu não era para te fazer me amar, só para te chamar de meu.
   Tudo aquilo havia atingido o mais velho de tantas inexplicáveis maneiras, ele sempre soube que fora vitima de sua própria mentira porque queria ver soobin feliz, ele só não percebia que seu namorado passou pelo mesmo. Yeonjun se sentiu egoísta, ah, uma conversa, uma misera conversa logo no começo teria sido o essencial, talvez a linha temporal fosse completamente diferente.
     - uma historia engraçada – voltou-se para o mais novo que exclamava sorrindo pequeno – há quatro anos atrásbeomgyu estava me convencendo a tirar minha carteira de motorista, mas eu não via necessidade, então taehyun disse que se eu virasse um milionário e não soubesse dirigir seria patético, mas eu argumentei que eu poderia ter motoristas e por isso nem liguei para aquilo. Eu decidi aprender em uma noite qualquer quando eu tive um sonho, nesse sonho eu te levava em uma viagem de carro e nós nos divertíamos, percebi então que se um dia eu quisesse te levar para viajar ou simplesmente te levar para casa, eu teria de aprender a dirigir, não poderia passar o resto da vida andando de ônibus
     - aprendeu a dirigir pensando em mim?
     - eu já fiz tanto pensando em você... – sorriu fraco, parando o carro pois haviam chegado, encarou o próprio colo – não sei o que você vai dizer quando tomar sua decisão, mas eu preciso de dizer algo agora
     - mas ainda faltam seis dias – sinceramente, yeonjun sabia que independente do que ele ouvisse aquele finalzinho de noite seria tomado pelas palavras de soobin ecoando em sua mente
     - por que deixar para amanha o que eu posso fazer hoje? – triste, seu sorriso era sempre triste e o mais velho sentia que era sua culpa – escuta, nosso relacionamento não foi uma mentira, é fato que ambos passamos aquele tempo mentindo para nós mesmos, mas tudo o que passamos juntos foi de verdade, sentimos tudo aquilo de verdade, não há mentiroso no mundo que consiga negar, então, quando for pensar sobre isso, não foca nos momentos em que a insegurança nos tomou e impediu que fossemos sinceros, pensa nos momentos bons, os momentos em que eu era tão seu e você era tão meu que nos esquecíamos de fingir – pegou uma de suas mãos o olhando nos olhos – não vou, jamais, fazer algo que você não queira, sua felicidade para mim é uma prioridade, mas eu já errei demais tentando fazer tudo certo, então eu quero dizer que neste exato momento, esse é o choisoobin, eu nunca fui tão eu, eu sou o cara que vai de terno em uma festa e fica em uma área isolada, porque sim, eu não consigo ser sociável como você, mas eu ainda amo meus amigos e minha família e não deixaria meus medos e inseguranças me impedirem de o fazer. Eu te amo, você sabe que é verdade e eu não vou deixar para dizer isso amanhã, mas eu ainda vou te esperar, esperar que esteja pronto para me amar, amar o soobin de verdade, porque eu quero amar você, mas eu preferiria que confiasse em mim ao ponto de me deixar amar o yeonjun de verdade.
   Tudo isso era como um choque de realidade atingindo yeonjun, mesmo que às vezes aquelas palavras soassem como um sonho, tudo parecia bom demais para ser verdade.
   Às vezes, devemos nos dar tempo, respeitar nossos limites, isso não é procrastinar, é ser sincero conosco. Muitas vezes, queremos tanto fazer algo, é uma vontade que nos toma de forma que todo o nosso redor se concentra naquilo, mas dessa maneira, ficamos presos nesse desejo até que não possamos mais nos mover, então criamos diversas barreiras entre nós e nosso objetivo, assim, não o alcançamos, isso nos causa culpa, nos deixa cansados, nos faz questionar sobre nós mesmos. É tão difícil não deixar tudo para amanhã, mas às vezes, fazer um esforcinho por nós mesmos é o melhor a se fazer.
   Hoje eu quero te amar, também amanhã e depois, mas a eu de amanhã não sabe desse plano, talvez ela tome uma decisão diferente e mude nossos destinos. É porque eu te amo que vou me esforçar para ser sua, tudo isso
  sem deixar de ser minha, não posso mais deixar para amanhã o que posso fazer hoje.












gostaram desse cap? o que estão achando?
aliás, queria agradecer a vocês que chegaram até aqui, vcs são muito especiais <33
não se esqueçam de que podem me chamar na @ddunoocheeks ou na @JWOOVOIR
Até o próximo capítulo!!

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