Capítulo 16

129 22 25
                                    

Regra de programação da JIA XVI: seu coração não é de aço, seus sentimentos também não são técnicos

   O coração funciona ao ritmo médio de 72 batidas por minuto, 104 mil por dia, 38 milhões por ano e algo em torno de 2,5 bilhões de pulsações ao longo da vida, um mecanismo tão complexo e fascinante que chamou a atenção de poetas e escritores em todo o mundo, esse órgão tão importante para nossa vida, acompanha nossos sentimentos, ele acelera quando estamos com medo ou quando estamos próximos de quem amamos, como um caça niqueis que nos aviso sobre a proximidade, assim sendo nomeado como o centro do que conhecemos por amor, na verdade não sentimos nada com o coração, sua função é bombear sangue, mas não serei eu quem vai tirar essa mágica das linhas bonitas de alguém apaixonado.
   Esse órgão de suma importância é uma preocupação para vários médicos, são múltiplos os casos de problemas envolvendo o coração, as filas para um transplante são extensas e muitas pessoas acabam por falecer na espera. A solução foi a criação de implantes, próteses que podem substituir esse órgão.
   Apesar disso tudo, quando me refiro ao coração, não estou falando sobre o órgão, mas sim sobre o sentimental da coisa, ao qual os poetas apaixonados se remetem para falar da pessoa amada, sobre aquela paixão avassaladora que os toma o peito.
   Você pode até ter um transplante dentro do seu peito, mas isso não torna seus sentimentos e sensações artificiais, é só um órgão, seu coração não se torna a prova de paixões e decepções, seu coração não é de aço, seus sentimentos não são técnicos.
   Era cedo da manhã quando jinri acordou, depois de se aprontar, desceu para tomar café, mas se assustou ao ver yeonjun, com uma xicara de chá em mãos, sentado com pernas cruzadas em cima do sofá enquanto encarava o chão.
     - você me acha egoísta? – ele questionou sem a olhar, seus olhos se mantinham focados no chão, mas sua mente parecia estar longe dali
     - por que está me perguntando isso uma hora dessas?
     - primeiro: nunca responda uma pergunta com outra pergunta – finalmente olhou para si – segundo: contornou minha pergunta, você hesitou, então é verdade....
     - da onde tirou essas bobagens menino? – exclamou indignada – yeonjun, você passou quatro longos anos indo de um canto ao outro do mundo para cuidar das pessoas que precisavam, agora você está trabalhando em algo para ajudar o meio ambiente, trabalha tanto que as vezes sonha com isso, sem falar do que você fazia na faculdade, você se importa tanto com as pessoas que se esquece de si, isso é bem o contrario de egoísta, você é pessoa mais empática que eu conheço, não sei o que aconteceu para suas cabecinha criar essas paranoias, mas quero dizer que é tudo besteira, você é uma boa pessoa
     - mas eu acho que machuquei alguém...
     - então peça desculpas, ora – disse obvia dando as costas – o carro está no concerto, só para avisar
   Yeonjun pensava sobre aquilo, talvez ele realmente devesse pedir desculpa, mas as palavras de soobin na noite anterior o deixaram pensativo, se eles se fizeram mal daquela maneira, então não devem ficar juntos, poderiam se machucar novamente. Não tinha mais certeza de nada, no começo ele queria odiar soobin, mas seu coração não deixava, logo depois ele quis se afastar dele, mas seu peito clamava para tê-lo mais perto, agora, yeonjun queria sentir pena do choi e desejava que ele encontrasse alguém melhor que si, mas sabia o que seu coração sentia de verdade, ele queria que ficassem juntos.
   Boa parte de sua vida, ele ouviu seu pai dizer que um homem deve se casar com uma mulher, ter filhos, ter um trabalho digno e conseguir o pão de cada dia para sustentar sua família pois sua esposa não deve trabalhar. Era uma ideia ridícula e ultrapassada que fazia yeonjun se sentir mal em tantos sentidos, se sentia mal por não se sentir capaz de sustentar nem a si mesmo, se sentia mal porque discordava, se sentia ainda pior porque não tinha forças para encarar seu pai e o contradizer, era o que o medo fazia consigo. algumas vezes ele tentou ser forte, mas acabou perdendo a batalha e seu exército de argumentos saiu machucado e traumatizado, assim como seu emocional e físico.
   Foram anos e anos tentando se convencer de que não havia nada de errado em ser quem era, mas é difícil mudar a ideia de uma pessoa que se machucou tanto para entender. Lhe disseram que um homem amar outro homem era muito errado, mas se o que passaram juntos foi errado, queria ser errado de novo porque o errado parecia tão bom...Às vezes yeonjun desejava ter um coração de aço.
   Foram muitas as noites em que a insônia o tomou e sua mente viajou para diversos cenários, já não se arrependia mais de ter conhecido soobin, se arrependia apenas de ter deixado um contratempo acabar com o relacionamento e com o psicológico de ambos, antes yeonjun acreditava ter sido a vitima, o único que havia se machucado, mas a realidade é que todos os envolvidos se machucaram. Foi com o tempo que ele aprendeu que não há mal sem razão, ninguém faz mal para alguém por nada, se pegava pensando no por queheejin quis o machucar daquela maneira, talvez ela também tivesse um passado trágico ou uma alma sem proposito, bem provável que ela também soprou dentes-de-leão ao vento. Se sentiu culpado, por que se achava o único digno de felicidade? Quem era ele para julgar alguém? Ela o machucou, isso era fato, mas ele não a conhecia e era errado supor algo daquela maneira. No fim, somos todos almas perdidas em busca de pedacinhos de felicidade perdidos no tempo, jogados ao vendo, pétalas que decidem destinos.
   Sabe, ele sempre pensava que estava sonhando, que havia dormido naquele campo floral quando criança, fazendo aquela brincadeira de bem-me-quer, cogitava acordar e ir correndo aos braços da mãe, ela diria que tudo foi um sonho ruim, que a mamãe ainda estava aqui, que o papai não era um monstro, que um príncipe confuso não o encantaria e que seu coraçãozinho frágil não precisava de armadura. Talvez ele só tenha se perdido em meio as pétalas.
   Como alice, yeonjun perseguia o coelho branco atrás de seu objetivo, soobin era como o chapeleiro maluco, completamente enigmático, como um quebracabeça faltando peças, um poema em uma língua mítica muito complicado de se compreender, mas ele leu cada linha com paciência e calma. Foi pintando as rosas brancas de vermelho que yeonjun se espetou e se machucou, mas ele não podia deixar de perseguir o coelho branco, nessa brincadeira ele ficou grande e pequeno, mais uma vez grande e pequeno, de forma que não coube mais em si, suas mentiras transbordaram pela borda xicara sem alça e invadiram o espaço do chapeleiro, ele precisava correr contra o tempo, salvar o chapeleiro da rainha.
   Entre aqueles devaneios, yeonjun despertou assustado, havia realmente dormido, mas foi no sofá de jinri. Acordou sentido o celular vibrar no bolso, apressou-se ao perceber ser uma ligação de ji-ah, poderia se animar se falasse com a mesma.
     - oi, ji-ah, bom dia, amiga – sorriu com o celular contra a orelha
     - bom dia, choi yeonjun, você acha que eu posso me apaixonar? – ela foi direta
     - o-o quê? – se manteve estático, colocando a ligação no modo out voice
     - venho pensando nisso esses dias, eu tenho sentimentos, sou capaz de sentir tudo quase com tanta intensidade quanto um ser humano, quando eu estava me desenvolvendo, eu sentia tudo com muita intensidade porque não entendia aqueles sentimentos, mas com a sua ajuda eu aprendi o que significava cada sentimento podendo o identificar de acordo com a expressão das pessoas, assim eu soube que fiquei muito feliz quando aceitou ser meu amigo, ou quando passaram a falar comigo como se eu fosse de verdade, também quando o bot passou a cuidar de mim como uma irmã mais nova, mesmo que ele não pudesse sentir as coisas como eu, foi dessa mesma forma que eu soube eu estava triste quando eu te via triste e chorando no terraço, ou quando você e o soobin brigavam, até quando você se foi, foi também quando eu soube que estava sentido medo, tive medo que o soobin me descartasse como fez com o bot, também tive medo que você não voltasse mais, depois de sentir tudo isso, eu senti a raiva, senti raiva pela mentira da senhorita jeon heejin, senti raiva pelo soobin e você não terem parado para conversar, senti raiva por vocês me excluírem das discussões. Hoje eu sinto tudo isso e muito mais de forma normal, mas não como vocês, eu sou uma moeda de troca, é o meu programa, technical feelings, sou uma parceira leal e cuidadosa, não substituo os humanos, sou toda feita de metal e implantações de pele, meu coração de aço não bate e meus sentimentos técnicos não vão ser correspondidos, por isso me pergunto, eu sou capaz de me apaixonar, e se eu o fizer, alguém se apaixonaria por mim?
   Jinri, que estava passando por ali, ouviu tudo o que ji-ah disse, estava chocada com a forma como o androide se expressava, mas não sabia como ajudar yeonjun, assim como ele, permaneceu em silencio, tentando formular algo sensato a dizer.
     - me desculpe, yeonjun, eu acho que te deixei confuso e desconfortável
     - não, ji-ah, tudo bem, você apenas me surpreendeu – riu nervoso
     - eu sei que você está em duvida sobre seus sentimentos sobre o soobin, mas eu estou com vocês desde que se conheceram, estive perto em seus momentos importantes e os difíceis, assim como agora, gostaria de dizer que vocês tem algo que eu sempre almejei, dois corações pulsando em sincronia. Dizem por aí que eu sou eterna, que meu programa pode substituir humanos pois eu me atualizo com o tempo e posso evoluir sem data de validade, mas não é verdade, eu tanto posso durar séculos, como posso falhar no próximo segundo e deixar de existir, eu nem mesmo estou viva, não posso, portanto, morrer. Eu queria tanto alguém para amar, mas eu não sou ninguém, não há maneira de se amar ninguém, você, porém, tem o soobin, vocês se amam, podem até não serem eternos, mas quem precisa viver para sempre quando se pode viver toda a felicidade do mundo em alguns anos? Não deixe para amanhã o que pode fazer hoje, yeonjun, pois em algum momento o tempo vai passar sem que perceba e pode perder uma chance de ouro, então ame sem limites, pois seu coração não é de aço e seus sentimentos não são técnicos. Adeus, yeonjun.
   Assim, ela finalizou a ligação, deixando para trás yeonjun, que tremia como se estivesse no mais frio dos desertos congelantes. Uma lagrima solitária fez caminho pela sua face, jinri se aproximou o abraçando de lado como forma de apoio.
     - eu amo ele, jinri – disse em um fio de voz
     - o que disse?
     - que eu não tenho tempo a perder – desprendeu-se da garota pondo o celular no bolso, pegou um casaco correndo em direção a porta
      - e onde você vai?
      - correr atrás do coelho branco – sorriu, assim saiu pela porta
      - ele... endoidou de vez, por Deus – jinri deu um gole em seu chá movendo a cabeça para os lados inconformada
   Enquanto isso, yeonjun se apressava a pegar um taxi até a empresa, precisava falar com soobin o quanto antes. Pediu ao motorista que fosse o mais rápido possível, mesmo relutante ele aceitou após o mais novo lhe oferecer uma gorjeta bem generosa.
   Assim que alcançou o prédio, se apressou em ir até a recepção.
     - com licença, dahyun, choi soobin está? – perguntou com voz falha por ter corrido
     - eu tenho quase certeza de que sim, mas não está na sala dele, nem na sala de reuniões, deve estar passando no décimo andar, hoje é o dia de avaliar os estagiários e...
      - ok, obrigada – deixou a moça para trás confusa
   Entrou no primeiro elevador que viu, mas logo se arrependeu, os números apertados antes do seu eram, três, cinco, seis, oito e nove, ele faria cinco paradas antes de alcançar o andar desejado para só então poder procurar soobin por todo o décimo andar.
   Depois de uma serie de paradas longas onde pessoas entravam e saiam, o elevador subia e descia, ele conseguiu finalmente chegar ao andar que almejava. Começou a procurá-lo pelos corredores, perguntou para algumas pessoas sua direção e elas o guiaram à direita, mas outras o guiavam para e esquerda e havia outras ainda que o diziam nem mesmo ter visto ele naquele dia.
   O desespero que o tomava era desconhecido, arin não o atendia e a cada toque de ligação perdida seu peito se apertava mais, as lágrimas grossas não cabiam nos olhos e o corpo tremulo atraia a atenção de pessoas que se aproximavam e perguntavam sobre o que havia acontecido.
   Agora, yeonjun sabia que precisaria pedir desculpas a muita gente depois que isso acabasse, pois tinha certeza que acabara sendo grosso com muitas dessas pessoas que se preocuparam consigo, mas ele não queria falar sobre isso, ele queria tirar o peso de seus ombros, contar para soobin como o amava e não queria o abandonar nunca mais, na verdade, ele queria poder respirar, pois o nó em sua garganta o impedia, talvez aquelas fossem todas as mentiras que ele quis guardar para si, ele sabia que um dia, as rosas brancas pintadas de vermelho da rainha de copas o enforcariam, seus espinhos o machucariam de dentro para fora, seus ramos comprimiriam seus pulmões de forma que ele se tornasse um arbusto vivo, se entregar as rosas nem mesmo seria eutanásia.
   Não queria chorar, não sabia por que estava chorando, se não achasse soobin ele poderia vê-lo no outro dia, não era como se ele fosse morrer naquele segundo seguinte, mas acontece que o desejo de ji-ah era sua maldição. Ele tinha um coração pulsante no peito, que acelerava sem real motivo, assim seu corpo tremia e seu ar se perdia entre um soluço contido e outro.
   Andava segurando os próprios braços, olhando em volta, queria gritar o nome de soobin para que o ouvisse de seja lá onde ele estava, mas não conseguia, o medo em seu peito crescia e yeonjun sumia, se sentia pequeno, se encolhia como se pudesse caber na palma da mão da próxima pessoa que o perguntasse sobre como estava passando, “como passo? Como o tempo, eu só sumo” era isso que queria responder.
   Disse o nome de soobin baixinho, só para ele ouvir, se lembrando de quando eram mais novos, ainda naquele terraço.
     - diz meu nome – pedia soobin segurando suas mãos sorrindo
     - soobin – entrelaço seus dedos aos do mais novo
     - quando você diz meu nome, eu me sinto vivo de verdade, como se tudo o que aconteceu antes fosse um pesadelo bobo e agora eu estou bem, com quem me faz feliz, quem me ama, quem eu mais amo, talvez isso sim seja um sonho – segurou um lado de seu rosto – diz por favor que não vai sumir quando eu acordar
   Yeonjun se lembrava do toque quente de soobin e se praguejava por ter permanecido no frio por tanto tempo. Ele sentia como se fosse morrer, morreria por soobin, viveria por ele, agora tudo parecia claro, era até idiota pensar que uma semana atrás ele não tinha certeza disso. Andava por aqueles corredores desejando baixinho que pelo menos dessa vez, nessa nova vida, nessa nova chance, ele pudesse finalmente chamar choi soobin de seu.
   Foi quase desistindo e dando a volta que avistou soobin, acompanhado de doyoung, no fim do corredor. Seu peito se aqueceu e ele juntou forças para correr na direção deles.
     - aquele é... – doyoung apertou os olhos
     - yeonjun? – soobin tombou a cabeça
Antes que tivesse tempo para pensar, ele foi atingido pelo abraço afoito de quem mais amava. Quando tomou consciência, pode sentir seu corpo tremulo e os soluços contra si.
      - jun? você está bem? – a cena chamou a atenção das pessoa em volta, mas soobin não realmente se importava, segurou o rosto de yeonjun percebendo que o mais novo estava chorando
      - a gente precisa mesmo conversar sobre aquilo, eu estou pronto – exclamou com a respiração entrecortada
      - mas você ainda tem cinco dias para pensar, você tem certeza?
      - por que deixar para amanhã o que eu posso fazer hoje? – sorriu citando a frase de soobin – choi soobin, eu não sei como pude ser tão cego, talvez tenha sido a raiva, o ciúmes ou até a magoa que me consumiam, mas eu não consegui ver o que estava bem diante de mim, é você quem eu amo, quem eu sempre amei, cada batida do meu coração era um eu te amo em código, me praguejo por te levado tanto tempo para perceber, mas eu não quero perder mais tempo nenhum, eu quero viver a eternidade com você, mesmo que durem anos ou que o mundo acabe nos próximos segundos, eu vou ser feliz sendo seu, te amando de verdade, pois eu estou disposto a abandonar todas as minhas mentiras para viver a nossa verdade, você topa?
   As pessoas em volta comentavam e filmavam a cena, choi soobin, o dono da choi’stechnology, uma das empresas mais bem sucedidas da atualidade, abraçado ao advogado choi yeonjun, ex guitarrista e compositor da banda nacional ‘BE FREE’. Era tudo trending, ninguém se importava com as confissões amorosas, não se comoviam com aquilo, mas geraria likes.
   Os dois por outro lado, nem sequer davam atenção as múltiplas câmeras, era como da primeira vez, perdidos no olhar um do outro, dispostos a viver esse sonho juntos.
     - eu topo – sorriu
   Yeonjun não pode conter sua felicidade, sem hesitar, colocou seus lábios aos do mais alto, deixando toda a audiência em choque. Soobin sentia saudade do toque, da proximidade, de ter e pertencer àquele sentimento avassalador, ouviu durante a vida inteira que era alguém frio, que era incapaz de sentir algo, que como seus robôs seu coração era de aço e seus sentimentos eram técnicos, mas aparentemente não era verdade.
   Ali eles pertenciam apenas um ao outro e o resto do mundo poderia explodir se quisesse, eles eram a única combustão que importava.
   Todas as dores, todos os medos, tudo o que fez mal, todas as mentiras e inseguranças que habitaram em seus corações desprotegidos, tudo isso sumiu de forma magica, não havia mais nada senão a confiança, a esperança de um futuro melhor juntos, de serem o que sempre quiseram ser, felizes juntos.
   Dói falar do que sentiram quando quatro paredes abafavam soluços sôfregos, tudo o que sacrificaram para fazerem um ao outro felizes e mesmo assim falharam, pensaram que mentiras brancas não doeriam tanto, mas elas são silenciosas, como cortes com papel, eram cartas de amor ensanguentadas.
   Agora tudo podia ser diferente, não precisavam mais mentir, para ninguém, nem para eles mesmos, nem para os batimentos de seus corações, ou para as borboletas alvoroçadas que depois de tanto tempo ainda habitavam seus interiores, se tudo passa, por que isso ficou? Bom, o tempo passa, mas ele é irrelativo, porque mesmo depois de tudo isso, seus corações ainda estavam em compasso e permaneceriam assim.

Technical FeelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora