Próximo ao ideal

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- EU REALMENTE ODEIO TER QUE FICAR INDO DE REINO EM REINO. – na normalidade do tom de voz que já estava acostumado a usar. Afinal, Torn sempre fez as missões com Gareth nos tempos em que a sua surdez era terrível. Então, com muito pesar ele teve que se acostumar que nem sempre estaria com Gareth nas missões.

- Você realmente não para de gritar! Entendo que não seja um dos trabalhos mais interessantes correr por grandes distancias, mas estamos fazendo o que nos mandaram. – disse Ankrarth. – Logo estaremos em Solar. Relaxe. – e assim ambos aumentaram os passos desaparecendo entre as sombras.

- Que fome! – disse Gareth, olhando para um grande vale que se estendia, cruzando uma distância que o fez meditar. E em meio aos seus devaneios, a sua barriga ronca, confirmando o que acabara de falar.

- Só precisamos passar pelo Vale do Silício, e chegaremos em casa. Não há necessidade dessa expressão de aflição.

- Não é aflição. É fome. Morgana, como consegue?

- O que?

- Ser tão solícita? Eu realmente admiro. Mas não consigo achar motivos dentro dessa sua crosta de foco.

- Sou assim porque precisamos ser. Matar essa gente cobra um preço muito alto.

- Sim, eu percebo. Nem todos somos como Ankrarth. Ele é a própria versão do mal.

- A gentileza que engana, ele uma vez me disse. – olhou dentro dos olhos de Gareth para sentir se de fato seria ouvida. – "Cuidado com os sorrisos, eles também servem para apresentar as presas".

- Você acha que ele tem razão?

- Eu tenho certeza de que não quero mais fazer trabalhos com ele. – disse Morgana que levantou o semblante em direção ao fim do vale. – Vamos!

- Minha orelha está terrivelmente quente! – disse Ankrarth, escutando a algazarra do reino, sabia que isso significava que seu pai já havia chegado. O jubilo, cânticos e as danças eram a marca registrada para receber o seu Senhor, que agora por sua vez era detentor do Trono de Pedra, porém isso ainda não era de seu conhecimento. Observou uma presença maligna cortando entre a mata. O assobio dos movimentos ágeis permeou a camada de seu ser que fez questão de parar.

- O QUE FOI? – vociferou recuando e ao perceber o que seu irmão sentira, inclinou seu corpo para um embate que estava sendo pressentido. Sua mão automaticamente suou o fazendo morder o lábio inferior e cerrando os punhos.

- Alguém acha que pode passar sem ser convidado. – uma asa se estendeu nas costas de Ankrarth, asas com tom escuro, e com as pontas numa constituição sórdida de neblina que fluía saindo de suas narinas. "Maldito, eu queria estar dormindo neste momento" a frase que martelava em sua mente, mas a que saiu de sua boca foi:

- Anides'Nifkeste - e as asas se estenderam até onde ele sentiu a presença. As asas cortaram o céu e em milésimos de segundos um estalo horripilante emergiu em meio a extensão. – Peguei você, seu maldito! – quem conhecia Ankrarth sabia sobre as doze horas de sono que adorava. O mais preguiçoso do reino para alguns, o mais preguiçoso dos castiçais. Ter a capacidade de solidificar o ar e o domar da forma como lhe cabia melhor, era o que intimidava o observadores. Possui a conduta de quanto mais rápido um trabalho for finalizado, mais tempo para descansar.

- Maldito. Você destruiu meu ombro! – um grito foi lançado. A voz era conhecida e ao trazer o ser que acabara de golpear. – Sou eu, o Gareth. Seu idiota!

- Meu querido irmão me perdoe, pensei que era algum inimigo se aproximando.

- O único inimigo aqui é você! – Morgana tocou nos lábios do irmão e soprou em seu ouvido.

Simulação dos deusesOnde histórias criam vida. Descubra agora