Capítulo 16

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Mensagens não vão deixar claro a minha raiva, então decido ligar.
No segundo toque ele atende.

-- Alô?

-- Dofiano, que porra é aquela caixa?

O escuto rir.

-- Não gostou? Eu escolhi com tanto carinho.

-- Carinho?! É uma fantasia de gato muito decotada! Você acha que eu vou usar isso?

-- Sim! E ainda vai dizer Miaw, igual uma gata.

Alguém grita ao fundo e fico levemente assustada.

-- Você...você está ocupado?

-- Para ouvir sua bela voz, não.

Escuto alguém o chamando quase em desespero, ele com certeza está ocupado.

-- Eu vou desligar, quando você chegar a gente conversa.

-- Como quiser. Vai me receber vestindo a fantasia?

-- Tenha certeza que não!

Ele ri novamente e a voz desesperada o chama quase eufórica, mas antes de desligar a escuto dizer algo que me deixa confusa.

--...senhor Dofiano, por favor acaba logo com isso!

O som de disparo me causa um calafrio e o escuto suspirar.

-- Pronto....Até mais tarde Pulguinha.

Ele desliga e sento na cama ainda enrolada na toalha, eu havia esquecido completamente do quão perigoso esse cara é. Mas estou segura? Ele faria algo contra mim?
Merda, realmente prefiro que não.
Encaro a fantasia estirada na cama, é um maio tomara que caía com rabo embutido, um par de luvas em forma de garra, meia altas e orelhas falsas, tudo branco. É muito lindo mas com certeza, não vou vestir!

Decido colocar um camisão largo por cima da calcinha e caminho até a cozinha, mas agora não sei se quero experimentar esse bolo.
A Paty se acaricia nas minhas pernas, só que isso não me acalma. Saber que um cara perigoso igual ele dorme no meu sofá é um pouco assustador. Se bem que, ele não dormiu no sofá noite passada.
AAAAAAH! Que merda, o que eu faço? Aquele tapado poderia me machucar diversas vezes nesses últimos dias, mas não encostou um único dedo. E pelo o que a Moris me contou, o Dofiano não é tão gentil com as mulheres, mas comigo...ele parece um príncipe.
E se for uma fachada, se ele estiver esperando o momento certo para me atacar?
A lembrança de seu sorriso e olhar carinhoso acaba completamente com a minha teoria. Quero confiar com todas as forças que ele esteja sendo sincero e comer esse bolo significaria acreditar. Então vou arriscar! Sem nem mesmo cortar pego um pouco do bolo com um garfo e o levo até a boca. Droga, essa prova de confiança tem um gosto delicioso de chocolate e morango.
Decido deixar o resto para amanhã e deitar no sofá, mas minha direção é para o quarto a curiosidade de saber se essa fantasia serve é quase corrosiva!
Não tem ninguém em casa, aquele cara não vai voltar tão cedo e experimentar não mata! Bom, dependendo do que for.

Começo a vestir a roupa, primeiro o maio depois a meias altas, as orelhas falsas e por fim as luvas. Caminho em direção ao quarto dos fundos, lá tem um espelho grande e é um cômodo todo mobiliado, bem maior que o meu próprio quarto, mas nunca quis dormir aqui e não sei porque o Dofiano passa longe dessa porta.
Encaro meu reflexo e fico levemente admirada, a fantasia serviu perfeitamente mas continua muito reveladora. Acabo rindo sozinha ele é muito idiota se acha que eu vou realizar esse fetiche absurdo. Mas minha alegria acaba com o som de porta batendo e alarme sendo acionado. Não posso deixar que ele me veja desse jeito! Em completo pânico corro até meu quarto.

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