Capítulo 26

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-- Ele ainda está desmaiado?

Jonny cutuca a bochecha do entregador amarrado numa cadeira bem no centro da sala. Agi por ter suspeitas, posso estar enganado, o que é difícil. Já que é estranho um entregador andar com uma glock 45.
Se for o caso, ameaço esse coitado até pedir chega e o solto. Mas lidar com a polícia não é tão complicado assim. Rosquinhas e dinheiro compra qualquer um.

-- Ahh, não aguento mais isso.

Realmente estou no limite. Puxo a cabeça do entregador e descarrego um tapa estalado em sua bochecha, paciência é uma virtude que eu não possuo.
Mesmo assim ele continua apagado.

-- Acorda...seu...desgraçado.

Cada palavra é um tapa, até que é bom sentir a ardência na mão e o rosto do cara estar vermelho. Preciso fazer isso mais vezes, acaba com o estresse.

-- Chefe deixa eu bater também.

-- Divirta-se.

Me afasto para acender um cigarro, faz tempo que não fumo. Acho que parei depois de me envolver com a Pulguinha, realmente não senti falta desse vício. Claro tinha adquirido um novo.
O Jonny se prepara para bater mas o entregador começa a abrir os olhos, ele analisa o lugar, nos encara e algo na expressão assustada não me convence.

-- O...o que é isso? Porque estou amarrado?

-- Merda. Eu queria deixar uma marca na cara dele.

Dou um trago no cigarro e solto a fumaça num sorriso ao ver o Jonny chateado. A satisfação de dar na cara de alguém é ótima.
Mas volto a seriedade e encaro o falso rosto apavorado.

-- É o seguinte amigo. Você vai me dar o que eu quero, caso não aceite, vou cortar cada centímetro do seu corpo imundo. Ok?

-- Que isso cara? Não gostou da pizza?

Esse rosto exala falsidade, sei que ele quer dar risada. Confiei nos meus instintos e acertei em cheio. O puto sabe de algo.
O Jonny pega a caixa e devora uma fatia da pizza.

-- Eu amei. Principalmente por não precisar pagar.

Os mercados desistiram da amostra grátis depois que o Jonny passou a tomar café da manhã lá.
Ele não sabe o que é limite, ou ignora completamente o conceito.

-- Me diga senhor entregador, sabe algo sobre uma mulher chamada Elaine Pollref?

Ele nega calmamente com a cabeça, ainda sinto sarcasmo em seus olhos acinzentados.

-- Tem certeza que não?

Puxo o amável canivete, hoje ele vai sentir uma carne diferente da minha. Deslizo a lâmina pelo pescoço, peito até chegar nas bolas. Mas ele continua com o mesmo olhar desafiador e sarcástico, esse cara vai morrer sem me revelar nada. Preciso fazê-lo falar, afasto o canivete num sorriso amistoso.

-- Você é duro na queda. Mas todos tem seu preço, qual é o seu? Te pago o que quiser pela informação da Elaine.

-- Porque tem a certeza que eu sei de algo?

Essa tentativa de liderança está me irritando, é isso que ele quer? Me levar ao limite da loucura e destruir qualquer chance de recuperar a minha Pulguinha. Mas não vai funcionar seu desgraçado, não vai funcionar!

-- Suspeitas. Aliás porque um entregador amigável como você anda armado? E também quando veio entregar a primeira pizza parecia bem interessado por essa casa ou será que era pelos habitantes? Não confio em você, senhor entregador.

-- Primeiro: a arma é para motivos de segurança. Segundo: Realmente achei essa casa muito bonita e claro não julgo os casais de hoje em dia.

Casais...esse cara acha que eu e o Jonny somos um casal?! Que porra de ideia é essa?

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora