Capítulo 24

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Sinto seu calor em um simples abraço, tão aconchegante que me acalma.
O perfume doce em seu pescoço misturado ao shampoo dos cabelos caídos nos ombros invade minhas narinas. Amo o cheiro dela, amo estar abraçado a ela, eu amo a Pulguinha.

Mas o corpo que me leva ao delírio se afasta e vozes gritando meu nome ecoam pela minha cabeça. Abro os olhos me acostumando a claridade e levo um pequeno susto ao ver o Jonny, tão próximo que poderia me beijar.

-- Já ouviu falar de espaço pessoal?

-- Sim, mas não dou a mínima. Aliás eu estava preocupado se o chefe ainda respirava.

Só ver o meu peito subir e descer não convence, ele precisa sentir a respiração no rosto. Idiota.

-- Ótimo agradeço pela atenção.

Me sento sentindo as dores de dormir no sofá e massageando o pescoço com a mão que não lateja encaro os arredores analisando tudo.

-- Cadê o resto?

-- O Diego foi checar as câmeras próximas ao mercado, a Moris foi com a senhora Pollref atrás de supostas testemunhas e o senhor Michael está investigando os laudos que conseguimos no hospital.
Tão parecendo detetives.

Sinto que essas buscas padrões não vão servir de nada. Me fazer acreditar que o corpo da Pulguinha era aquele não é trabalho de um idiota qualquer. Quem fez isso tudo foi esperto e meticuloso, mas de que adianta? Se eu descobrir o culpado e vou descobrir, seu corpo vai ser espalhado em cada beco dessa cidade a ponto de precisarem montar feito um quebra-cabeça!

-- Está com fome chefe? Posso pedir uma pizza.

-- Boa idéia.

Levanto ainda massageando o pescoço e caminho na direção do banheiro enquanto o Jonny digita com habilidade os números da pizzaria. Não entendo, para alguém que tem a Moris como namorada ele pede pizza demais.
Acredito que tenha virado o contato preferido de boa parte dos estabelecimentos da cidade.

-- É. Metade calabresa, metade strogonoff, metade...

Depois que fecho a porta ainda consigo ouvir mais umas três metades com sabores diferentes.
Jogo a água corrente no rosto e minha mente começa a trabalhar em turbilhões de possibilidades. O que mais me deixa confuso é o motivo. Se queriam sequestra-lá por dinheiro, porque forjar sua morte? E já não deveriam ter entrado em contato? Quanto tempo pretendem me fazer esperar!? Merda, merda, MERDA!

-- C...chefe?! Está tudo bem ?

Claro que sim. Só destruí o espelho do banheiro. Droga os pontos abriram, o sangue vivo escorre e pinga na pia. Essa porra de ferimento nunca vai melhorar se os ataques de raiva continuarem. Para piorar consegui novos cortes nos dedos depois de socar umas quinze vezes o próprio reflexo, que virou centenas de cacos espalhados por toda a pia, balcão e piso.

Abro a porta tentando passar tranquilidade, mas claro que o idiota notaria minha mão sangrando. Seu olhar de surpresa e preocupação me deixa levemente irritado.

-- Porra. A Moris vai me matar. Ela disse para ficar de olho no chefe. Não deixar fazer uma loucura ou sei lá, e agora sua mão está quase decepada.

Isso era óbvio, depois do meu passado de mutilações ao menos um segurança pouco eficiente eles deixariam. Mas não quero fazer aquilo de novo, foi uma promessa. E minha mão não está decepada, só são cortes. Nem sinto mais dor nessa merda.

-- A culpa não é sua. E se eu decidisse realmente fazer alguma loucura, seria difícil você me impedir Jonny.

Ele dá de ombros e pega uma espécie de pistola.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora