Capítulo 32

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Minha cabeça dói enquanto procuro abrir os olhos com dificuldade. Ao analisar a sala posso reconhecer claramente onde estou. É no hospital.
Lembranças invadem minha mente, confusas e distorcidas.
Pulguinha, onde você está?

-- Chefe?

A Moris me encara com um ar preocupado. Tem dois seguranças na porta impedindo a minha saída? Que caralhos é isso?

Sento na cama ainda raciocinando a situação.

-- Chefe, você está bem?

-- Cadê a Elaine?

Já disposto a sair da cama a Moris tenta me impedir e com único olhar a paro.

-- Chefe calma....

Déjà-vu.

Estou somente de calça? O que caralhos aconteceu? Pego meu paletó na cadeira aos pés da cama sem dar ouvidos a Moris que implora para que eu permaneça deitado.

Ao tentar sair um dos seguranças me para.

-- Preciso pedir que se afaste senhor.

-- Temos ordens para não deixá-lo sair do quarto.

-- É mesmo? E quem ordenou isso?

Eles se olham e ficam em silêncio. Tento sair mais uma vez e assim que o segurança coloca o braço na frente, rapidamente dou uma joelhada o quebrando.
Ele grita o parceiro puxa a arma que parece ser um tranquilizante mas consigo acertá-lo com um soco no queixo antes que atire.

-- Merda, de novo não! DIEGO...DIEGO!

Passos apressados pelo corredor e rapidamente o Diego está na porta. Ele encara a cena ao invés de surpreso solta um suspiro profundo.

-- Seu temperamento difícil não mudou.

-- O que está acontecendo Diego? Cadê a Elaine?

Ele sorri e faz um sinal para o corredor, quase com certeza chamando ajuda.

-- Me surpreende não saber. Afinal ela entrou em trabalho de parto ontem.

P-parto?

Tudo volta. Achei que era um sonho, mas faz nove meses que voltei. Recomeçamos, casamos, reformei a casa, resolvi os negócios da máfia e temos uma afilhada.
Tudo pareceu um simples sonho. 

-- Chefe!

O Jonny aparece com a bebê nos braços,  os mesmos cabelos ruivos do pai com os olhos afiados da mãe. É a junção perfeita dos dois. Ela sorri ao me ver e a Moris corre pegá-la.

-- Lembra de ontem Chefe? A Elaine entrou em trabalho de parto durante a noite, o chefe nos chamou e viemos todos para o hospital. Mas desculpe, precisamos te apagar porque você estava bem alterado. O Diego chamou dois seguranças porque sabia que o chefe acordaria meio confuso.

Não estou irritado, sei bem como eu sou. E se tratando da Pulguinha posso acabar sendo pior que o de costume.

-- Mas cadê a Elaine?

Um sorriso animado percorre o rosto dos três e sou levado até outro quarto. Sinto um nervosismo quase paralisante quando a porta começa a se abrir.

Os feixes de sol entram pela janela iluminando a bela mulher sentada na cama. O cabelo castanho cresceu o suficiente para ficar caído sob seus ombros descobertos. Ela sorri abraçada a um emaranhado de panos onde consigo ver levemente a pequena cabeça de cabelos espessos.

Lágrimas se formam e escorrem pelo meu rosto.

Seus olhos me encaram e um sorriso apaixonado percorre os lábios.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora