Capítulo 5

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-- Vai dizer que a coberta criou pernas e se jogou em mim?

Ela desvia o olhar mordendo a torrada com geleia.

-- Pode ter sido isso. Ou os seus empregados invadiram minha casa de madrugada só pra te cobrir.

Para minha surpresa acordei as 9 da manhã, coberto e quentinho, ao chegar na cozinha uma xícara de café me aguarda na mesa. Com a Pulguinha sentada do outro lado mechendo no celular e mastigando. Depois de mal me cumprimentar resolvi provocá-la pedindo se foi ela quem me cobriu. Sua resposta foi um não abafado e levemente envergonhado. Essa Pulguinha é adorável.
Dou um sorriso malicioso e bebo um longo gole do delicioso café, ela realmente sabe o que faz.

-- Eles não são disso.

Ela não parece se importar e isso me causa um leve desconforto, ao terminar o café seu interesse está todo no celular. Eu quero conversar com essa garota, quero a atenção dela! Mas sua ignorância me deixa puto.

-- Vai trabalhar hoje?

-- Sim.

Suspiro pela resposta seca, isso me incomoda.
Sem dizer mais nada ela levanta e caminha até o quarto me deixando sozinho.
Bebo o restante do café e coloco a xícara na pia, talvez ela perceba o meu esforço em ter um bom convívio nesses próximos dias. Não pretendo ficar só uma semana e no momento não posso voltar a ativa como líder da família Dofiano, prefiro o isolamento e boatos irritantes sobre a minha suposta morte.
Mesmo que seja preciso ficar nessa casa com uma Pulguinha ignorante.

-- Estou indo, volto as 18:00.

A encaro quando sai fechando a porta e ouço a moto dar partida se afastando da casa. Acabo ficando aqui em pé como um completo idiota,  posso conquistar qualquer mulher, então qual o sentido de insistir nessa Pulguinha? Talvez seja o jeito diferente que ela me trata? Ou por ser corajosa em me enfrentar? Não sei! Mas essa desgraçada me atraí e fascina. Por isso pretendo ter uma noite agradável ao seu lado, com alguma conversa que dure mais que dois segundos. Isso já me deixaria feliz.

Analiso todo o cômodo e realmente não gosto desses tapetes fru-frus. Algo neles me irrita e quero muito atear fogo.
Mas acredito que uma faxina básica já a deixe contente, principalmente hoje que ela saiu tarde de casa e tem horário para chegar.
Mas não pretendo limpar, é um trabalho delicado para alguém como eu. Então optei pelo prático, digito os números e só dou o endereço, logo eles chegariam.

Depois de um banho renovador visto uma roupa elegante, resolvi dar um passeio, se a gata mimada for junto talvez goste de mim. Essa porra deve ser acostumada na coleira.

Quase perto das 10:30, ouço batidas na porta e ao abrir minha adorável equipe de limpeza toda preparada entra.

-- Senhor Dofiano, por onde começamos?

-- Tanto faz, podem se divertir. Até mais tarde.

Coloco a gata (que estava dormindo na cama da Pulguinha), dentro da caixa de passeio e ao sair percebo não ter um carro. Caminhar é cansativo, mas acabei dando dia de folga para aqueles dois. Passo a mão pela nuca pensando no que fazer.
Sem opção ligo para o Jonny.
No terceiro toque ele atende o que indica estar dormindo ainda.

-- Merda....alô!

A voz sonolenta já confirmou minha suspeita.

-- Jonny, preciso que venha me buscar.

-- Droga, chefe é você? Não tinha reconhecido o número. Mas hoje é minha folga.

Desejo muito xingar e mandar vir a força, mas não é o melhor método. Sei bem como é ser tratado assim.

Desista Ou NuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora